34: Uma Brecha do Passado

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Bonnie dormia profundamente ao meu lado na cama de solteiro. Sua respiração estava lenta e profunda, indicando o quão exausta ela estava.
Não pretendia cansá-la tanto, mas não consegui evitar. Sempre que saía de cima dela, suado e ofegante, um vislumbre de seu corpo provocante, ou o odor doce de sua pele úmida e macia me provocavam doentiamente. Então, começava tudo de novo, meu corpo enrijecendo de imediato, meu sangue fervendo por ela.
Já havia se passado cerca de duas horas desde que ela adormeceu. E eu queria de novo.
Com um gemido abafado a puxei sobre meu peito. Bonnie estava tão cansada, que não relutou, encostando a cabeça em meu torso com os braços e pernas moles sobre mim.
Os lençóis cobriam apenas a parte inferior de nossos corpos e, ainda assim, ela estava tão despida. Suas costas e a pernas nuas, que escapavam dos lençóis, brilhavam suavemente, contra a luz pálida da lua que invadia pela janela.
Fiquei duro no mesmo instante com aquela visão tão tentadora.
Inclinei a cabeça, inspirando seu perfume exótico e provocante nos cabelos negros e úmidos de suor.
Gemi, com minhas mãos viajando desde as feições suaves e femininas de seu rosto, pelo pescoço delgado, os ombros estreitos, as costas planas com os ossos delicados da coluna vertebral, descendo pelo relevo de seu bumbum...
Puxei sua coxa sobre meu quadril, pressionando a ereção potente entre minhas pernas. Soltei um ganido.
Droga. Como ela fazia aquilo comigo? Me seduzir até dormindo.
Isso era tão cruel da parte dela...
Afastei seus cabelos escuros do rosto, e procurei seus lábios com o meus. Quando minha boca tocou naquele veludo, perdi todo o controle... Bonnie simplesmente se afastou, alojando a cabeça entre meu queixo e o pescoço.
- Kai- sussurrou, sonolenta- Eu tô cansada...
Mordi o lábio, contendo um gemido de frustração e desejo. Procurei sua boca de novo, roçando meus lábios nos seus com urgência.
- Mais- murmurei, minha voz rouca- Eu preciso de mais.
Ela suspirou contra meu pescoço, meio dormindo, meio acordada.
- Nós já fizemos meia dúzia de vezes. Eu preciso dormir um pouco, Kai.
Se ela soubesse a dor física que estava me causando. Eu precisava tê-la naquele momento. Será que aquela bruxa não entendia?
Fechei os olhos com força, meu maxilar trincando, pelo que eu teria que pedir:
- Por favor.
- Não...- disse, a voz mais arrastada de sono.
Tive vontade de socar uma parede, quebrar o pescoço de alguém, ou simplesmente, prendê - la na cama e foder seu corpo viciante até desmaiar de exaustão.
- Bonnie...
- Não.
Claro que sempre existia a opção tentadora de forçá-la a me dar o que eu tanto queria. Mas não seria tão gostoso como era quando ela consentia. Eu nunca havia sentido nada como aquilo. O modo como ela me tocava, o jeito como não tinha medo de se entregar na cama de todas as formas que eu quisesse... Porém, ela era apenas humana e tinha que me lembrar o quão frágil Bonnie era, mesmo que me desafiasse como uma igual.
Acariciei seus cabelos.
- Eu quero beijar você.
Será que ela não escutava o desespero em minha voz?
- Não pode esperar mais algumas horas?- ela resmungou.
Mantive um silêncio resignado que gritava um belo "não, eu não vou esperar".
- Tudo bem- ela disse, bufando com força.
Meu coração se agitou no peito com um remexer estrondoso. Desconfiava de que ela pudesse ouvir.
Inclinei a cabeça de novo, procurando seus lábios carnudos e doces. Bonnie não ofereceu resistência dessa vez. Quando meus lábios tocaram os seus, soltei um gemido sôfrego e grave.
Comecei delicado, gostando da forma como ficou mais receptiva. Havia um padrão interessante em Bonnie: se era forçada à fazer o que eu queria, ela simplesmente se rebelava, ou me dava o que eu mais desejava da pior forma possível. Apesar de isso ter sido excitante no começo, aos poucos, precisei de mais. Mais do que uma transa quente em seu quarto, mais do que uma rapidinha contra a parede. Eu precisava dela por inteiro. Entregue.
Então, a outra parte de seu estranho funcionamento, começou a fazer sentido. Se eu fosse carinhoso, tocando-a com cuidado, atiçando seu desejo por mim e pacientemente deixando-a chegar em seu próprio clímax, Bonnie, simplesmente não conseguia me negar.
Por mais que odiasse tudo relativo à minha pessoa, aquela garota me queria. Percebia como seus olhos se plantavam sobre meu corpo, o modo como ela apertava as coxas uma contra a outra quando olhava para minha boca.
E eu sabia como atingir seus pontos fracos. Sabia como enlouquecê-la na cama. E sabia o quanto de poder ela gostava de ter sobre mim.
No entanto, sua mente continuava sendo terreno inexplorado. Técnicamente falando, eu podia entrar em suas memórias e brincar com sua cabeça, mas aquela parte remota onde os sentimentos moravam, era só dela...
E por que, diabos, eu estava interessado no que ela sentia por mim? Bonnie me desprezava, do mesmo modo que eu o fazia. O único lugar em que havia uma espécie de trégua, era quando eu a invadia e dava prazer à seu corpo. Só isso. Biologia. Coisa de pele. Apenas prazer e depois o ódio mútuo.
Não havia um relacionamento saudável entre nós.
Ela era uma bruxinha puritana boazinha. Enquanto, eu não passava de um psicótico obcecado por seu corpo, por sua pele, por sua boca, seu perfume, seu... sorriso...
Ah, merda! Ela sempre confundia minha cabeça desse jeito.
As ondas estavam transbordando, se revolvendo, vazando e saindo de controle. Desde que a vi passar por aquela porta destruída da boate em Salem, enquanto eu estava completamente distraído com a luta com aquele cachorro sarnento do Apollon, totalmente incapaz de fazer algo para ir atrás dela, aquelas malditas emoções estavam se entre chocando em minha cabeça.
Ela vai me deixar..., foi tudo em que consegui pensar naquele momento. De novo...
Quando a perdi de vista, um grito de dor e raiva explodiram por meu peito. Seu nome saía de meus lábios gotejando em ressentimento e desespero.
- Bonnie...- resgoleguei como um animal ferido, enquanto o lobo me atingia- Bonnie...- outro golpe- Bonnie... não... não... NÃOOOOO!
Então, eu revidei.
Meus olhos se tingiram de vermelho. Tudo o que eu conseguia ver era Madeline e seu marido, como obstáculos em meu caminho. Me impedindo de chegar até ela.
Então, os matei. Sem pensar duas vezes e sem pensar em mais nada. Bonnie já dominava minha mente por completo.
Os pensamentos estavam desalinhados dentro de mim, assim como as emoções. Tudo em que podia pensar era em encontrá- la, matar Damon, espancá-la até desmaiar, rasgar sua roupa e fodê-la em qualquer lugar e em seguida abraçar ela contra mim impedindo-a de escapar meio metro que fosse para longe de meus braços.
Eu sei. Estava agindo como um maluco. Mas, ela me deixava daquele jeito.
Bonnie fazia coisas humanamente cruéis comigo desde que a conheci. E não é como se ela se desse conta.
Por incrível que pareça, ela realmente era boa à ponto de me destruir sem perceber que estava fazendo isso. Como ela podia não perceber que com um simples comando poderia me refrear? Me fazer beijar o chão onde ela pisava? Fazer com eu me arrastasse como uma maldito verme atrás dela?
Ela não parecia se dar conta da minha total devoção, enquanto a beijava na pequena cama de solteiro.
Com um gemido rouco, segurei seu rosto com mais firmeza contra o meu. Posso até dizer que com uma certa selvageria.
A empurrei sobre a cama e fiquei sobre ela, com minhas mãos percorrendo todo seu corpo. Desci meus lábios por seu pescoço, enquanto minhas mãos apertavam e acariciavam seus seios. Por mais que Bonnie odiasse admitir, seu corpo se entregava à mim com a mesma facilidade que eu a tomava. Pude sentir seus mamilos rígidos entre meus dedos.
Desci minha boca até eles, sentindo seu corpo se arquear sob o meu. Ergui os olhos, vendo-a jogar a cabeça para trás, afundando-a nos travesseiros, assim como fincava as unhas compridas. Seus olhos reviravam nas órbitas.
Sorri contra sua pele macia.
Escorreguei a mão por sua barriga lisa, até me aprofundar entre suas pernas. Bonnie gritou.
Mordisquei seu outro seio, sentindo seus quadris serpentearem embaixo de mim.
- Ainda está com sono, anjo?- provoquei, notando como seus seios subiam e desciam rapidamente com a respiração acelerada- Por que eu posso parar...
Afastei meus dedos da umidade quente de seu centro.
- Não! Continua...- ela choramingou, em desespero.
Fiz uma expressão cínica, ainda brincando com seu colo, só para torturá - la.
- Ué, mas...- franzi as sobrancelhas, fingindo confusão- Você me disse que precisava dormir. Então, vou ser um cavalheiro, e deixá-la...
- Cala a boca e continua- grunhiu, ainda de olhos fechados, os lábios macios separados- Anda.
Agarrei seu seio em minha mão e suguei com força. Bonnie gritou tão alto, que sua voz se perdeu em rouquidão.
- Você precisa descansar- brinquei, ainda sem levantar a cabeça.
- Apenas...- implorou-... continua...
- Tem certeza?- sorri perversamente, sem deixar de notar que aquilo era minha punição por ter tentado me abandonar de novo.
- Vá pro inferno, seu desgraçado!
Ela estava sexualmente frustrada e completamente excitada.
- Ah, meu amor...- murmurei, dando um beijo no espaço entre seus seios-... se continuar sendo mal educada, essa noite não vai terminar como você espera. Infelizmente.
Comecei a me levantar, com o sorriso mais sacana de todos.
Bonnie agarrou meu braço, aparentemente desesperada. Eu gostei daquilo. Queria vê-la sofrer.
- Kai...- seus olhos eram duas esmeraldas suplicando no escuro.
Deitei sobre ela, mais um vez, sem esconder minha satisfação.
- Implore.
Ela abriu a boca para articular qualquer coisa, mas não saiu nada. Sua expressão foi da indignação para a vergonha rapidamente.
- Por favor - sussurrou, baixando os olhos.
Aproximei minha boca da dela, roçando a superfície suave.
- Por favor, o quê?
Ela engoliu nervosamente. Seus olhos se fecharam de novo. Como se aquilo fosse a coisa mais humilhante de todas.
- Por favor, Kai.
- Mais alto.
- Por favor, Kai!
Um rosnado de tesão escapou por minha garganta.
- Diga, " Por favor, Kai, me faça gozar". Diga.
Suas bochechas ficaram de um tom adorável de vermelho. Seu coração estava acelerado, tão alto que eu podia ouvi-lo.
- P-Por favor, Kai... me faça...- ela gemeu, frustrada.
Mordi seu lábio inferior, puxando entre meus dentes. Bonnie ergueu o tórax seguindo meus lábios, hipnotizada, mas a empurrei contra a cama de novo.
- Vamos, Bonnie...- sussurrei- Nós dois sabemos que você tem mais convicção que isso.
Ainda de olhos fechados, ela respirou fundo.
- Me faça gozar, Kai.
- Sem por favor?- eu ri.
- Você sabe o que quero- foi ríspida.
- Sei?
Em um truque baixo, Bonnie desceu a mão por meu abdômen, tencionando tocar a ereção dura entre minhas pernas. Ela sabia que eu ficaria louco com aquilo.
Segurei sua mão à tempo e a prendi, assim como a outra, acima de sua cabeça, contra os travesseiros.
- Não desrespeite as regras, BonBon- murmurei.
Afastei suas pernas com os joelhos e pressionei minha coxa contra sua carne molhada.
- Oh, Deus...- ela gemeu.
- Não. Sou só eu.
Friccionei de novo. Bonnie gemeu mais uma vez.
Tomei cuidado de ir bem de leve e devagar, ou então, ela atingiria o orgasmo. Ou até mesmo eu. Ela me punha louco. Meu pênis ereto contra sua coxa, já dizia muito.
- Vamos, meu anjo, diga, vamos. Sei que você quer- dei um selinho em seus lábios.
Em um gemido desesperado, Bonnie, se rendeu completamente.
- Por favor, Kai, me faça gozar.
- De novo!
- Por favor, Kai, me faça...- ela arfou quando remexi a perna de novo-... me faça gozar.
Segurei seus pulsos com uma das mãos e desci a outra até a abertura macia entre suas coxas. Não precisou de muito. Bonnie já estava tão molhada que com apenas umas leves fricções de meus dedos e ela teve um orgasmo.
Não deixei que ela se recuperasse, continuei, indo cada vez mais rápido, enquanto ela gritava com espasmos indo e vindo.
Minha nossa, como eu adorava escutá - la dizendo meu nome daquela maneira. Cantando, gemendo, gritando, pedindo mais...
Meu pau estava tão rígido, que sentia seu pulsar doloroso como as batidas de um segundo coração.
Bonnie estava estendida embaixo de mim, seu corpo frouxo por tantos orgasmos seguidos. Seus quadris ainda estavam presos sob os meus.
Ajeitei meu corpo grande sobre o dela, soltando seus pulsos. Agarrei a parte posterior de suas coxas, abaixo dos joelhos erguendo seus quadris até mim. Tateando, entrei em seu interior quente e macio.
Nós dois gritamos.
Suor já escorria de minha testa antes mesmo de eu ter começado a me movimentar sobre ela. Então, dei motivos para o meu corpo transpirar de verdade.
Abri mais suas pernas, possibilitando que me afundasse mais nela. Fui até o final.
Bonnie tremia de excitação, assim como eu.
E não podendo mais controlar meu impulsos, desci os quadris com força. Não precisamos de longos minutos para chegarmos juntos ao orgasmo.
Foi incrível.
Eu pesava mais que ela, mas droga, estava exausto demais pare sequer cair ao seu lado.
Bonnie estava deitada sobre os lençóis, estendida de olhos fechados e mordendo o lábio inferior, tentando ocultar seu sorriso de satisfação.
Com um gemido, saí dela e me virei como um peso morto, caindo de qualquer jeito ao seu lado. Minha respiração estava menos ofegante que a da bruxa, mas ainda assim descompassada.
Estendi os braços e a puxei contra meu corpo. Odiava admitir, mas dormir de conchinha com ela quase ganhava do sexo. O modo as curvas de seu corpo pareciam se encaixar nas minhas como perfeitamente, era assustador, e ao mesmo tempo empolgante.
Mas antes meus braços pudessem reivindicar seu corpo, Bonnie, já estava me afastando e indo para a ponta do colchão. Ela não queria dividir o mesmo espaço que eu.
Era sempre assim, em todas as vezes. Bonnie sempre me afastava.
Não podia culpá-la por me odiar, mas isso me incomodava mortalmente.
Ela era a única pessoa no mundo, cuja, queria abraçar e, simplemente, não podia.
Suspirei, virando para o outro lado da cama. Com alguma sorte ela adormeceria logo e assim, eu poderia finalmente limitar aquele espaço entre nós.

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Onde as histórias ganham vida. Descobre agora