O anjo deu uma risada curta e debochada, virou-se e caminhou lentamente até mim outra vez, parando muito próximo, fazendo com que seu perfume invadisse minhas narinas novamente.

— Muitas coisas que não podem ser ditas. — Sussurrou em meu ouvido, causando-me um leve arrepio por todo o corpo. — Pego você às nove.

Você pode me pegar a hora que quiser.

Comecei a rir com esse pensamento, então virei-me e entrei em minha casa. Meu pai brincava com Ise e Scarlett -ela estava linda, cada dia maior e mais desastrada. Saíamos três dias por semana com ela, afinal, uma cadela de seu porte não podia brincar todos os dias dentro de casa. Pedro Albuquerque já sabia de toda a minha história, sobre Enrique, Luca e Lúcifer. Luca contara a ele no dia seguinte ao meu desaparecimento, o que foi ótimo, tirando o fato dele quase ter matado Luca a princípio, achando que ele havia me assassinado e contara aquela história absurda apenas para se livrar de um boletim de ocorrência. O dia passou rapidamente, e aproximadamente às 20h40, Luca tocou a campainha da minha casa. Quando abri a porta, deparei-me com um verdadeiro príncipe das trevas. Com roupas totalmente pretas, seu cabelo avermelhado era a única coisa que o deixava um pouco menos sombrio, mas isso logo acabou no momento em que fitei seus olhos. Sempre misteriosos. Sempre me desafiando a entendê-los. Depois de nos despedirmos do meu pai, Heloíse e Scarlett, fomos a pé até sua casa, o que levou pouco mais de quinze minutos. Estava uma noite linda e calorosa, por essa razão, resolvi ir de vestido. Escolhi um cujo tecido era leve e claro, cheio de florzinhas rosas.

— Você está muito bonita. — Elogiou-me ele, pouco antes de entrarmos em sua casa, logo ouvi risadas.

— Obrigada.

Sorrimos e fomos até a cozinha. Todos estavam lá: Ana, Jack, Max, Luma, Enrique e Angel... Bem, quase todos.

Hector não estava.

Abracei todos por um longo tempo, e logo notei as mãos dadas de Enrique e Corinne. Cheguei perto dela e baixei meu rosto para falar em seu ouvido.

— Estou feliz que vocês estejam juntos.

Ela apenas sorriu. Realmente, meu irmão havia feito uma ótima escolha, Angel –que na verdade era seu apelido, seu nome verdadeiro era Corinne- era um anjo, não só no sentido literal da palavra, ela transbordava uma inocência incrível, algo que Enrique sempre havia procurado em outras garotas, mas nunca tinha encontrado. Depois de uma deliciosa noite de sorvete, fomos para o quintal da casa, onde os garotos logo fizeram uma fogueira e começaram a cantar horrivelmente. É claro que Luca não participou, ele era sério demais para isso, então apenas observou seus companheiros cortejando as damas com cantorias desastrosamente ridículas. É claro que Jack era o mais engraçado, sempre havia sido, duvidei que algo pudesse um dia lhe tirar sua infantilidade. O nefilim seria, sem dúvida, uma eterna criança, alguém que é impossível não querer manter sempre por perto.

— Acha que Luma e Max vão se acertar? — Perguntei a Luca enquanto observava todos se divertindo, inclusive Max e Luma, porém, vez ou outra, ambos discutiam por algo idiota.

— Não sei, é difícil dizer... — Luca respondeu, apenas.

Ana veio até mim e puxou-me pelo braço, o anjo estava com os pés descalços -como sempre.

— Vem, Su, vamos dançar... — Pediu ela.

Eu nunca havia sido muito de me divertir em festas, normalmente, ficava pelos cantos apenas observando os outros dançarem, mas dessa vez, disse a mim mesma que eu fazia parte daquilo, que eu era daquela família. Então, levantei-me e fui até eles, chamei Luca, mas ele balançou a cabeça e ergueu as sobrancelhas, algo que significou "Nem pensar". Voltei onde estava sentada ao seu lado na grama e o puxei pela mão, arrastando-o até onde todos estavam. Ana colocou a música "Stitches" num radinho que estava sobre um banco de madeira, e a noite rendeu, dançamos até nossos pés doerem, e quando começaram a doer, tiramos os sapatos e dançamos ainda mais. Com toda certeza, foi a melhor festa da minha vida. Quando finalmente nos cansamos de dançar, os rapazes começaram a jogar cartas, enquanto nós, garotas, conversamos sobre todo o tipo de coisas, com a condição de deixar homens fora dos assuntos.

Depois de nos divertirmos muito, eles foram embora. Luca e eu tínhamos a casa só para nós, quando ele começou a me levar em direção ao banheiro.

— Gostou?

— Foi maravilhoso, adorei a surpresa...

Luca sorriu, então me beijou, e nós começamos a nos despir, ele ligou o chuveiro e me pegou no colo, fazendo com que eu envolvesse minhas pernas em sua cintura. Entramos debaixo da água quente e ele continuou a me beijar, depois que desci de seu colo, ele me virou, deixando-me de costas, pegou meu cabelo e colocou-o de um lado, para que o meu pescoço ficasse totalmente à mostra. Começou a beijar meu ombro. A sensação de seus lábios frios juntamente com a água quente era maravilhosa, e para me deixar ainda mais louca por ele, passou a mão pela lateral do meu corpo até minha coxa, apertando esta no instante em que a alcançou. Em seguida, mordiscou o lóbulo da minha orelha e deu uma risada baixa.

Então, virei o rosto para ele e o olhei por cima do ombro, o anjo abaixou e roçou seu nariz em minha bochecha. De algum jeito, eu sabia que ele estava com os olhos fechados.

— Durma aqui hoje... — Pediu, fazendo-me assentir. — Mas primeiro, teremos de fazer um esforço e sair daqui.

— O que é uma pena.

— É... mas relaxa... Minha cama é bem confortável.

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Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora