28 - Disputa acirrada

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— Não. Susana me ama, e nem preciso lembrar a você o que ela fez por mim.

O demônio balançou a cabeça negativamente e encarou o vazio por alguns segundos.

— Foi um grande desperdício... Mas felizmente, ela está aqui outra vez.

— Ela é minha, Hector. Ainda não entendeu isso?

Ele franziu o cenho novamente.

— Sua? Susana é dela mesma, meu caro. Você acha que a conhece, não é? Só lhe dou um conselho: não se engane com aquela carinha de anjo, ela pode ser tudo, menos isso.

Então, ele dá uma risada sarcástica outra vez.

— Do que está falando? — Arrependi-me dessa pergunta no minuto em que a fiz, sabendo que ele inventaria algo para tentar me abalar.

— O sangue de Lúcifer está em suas veias. Eu vim buscá-la, mas é claro que você já imaginava isso...

— Obviamente, mas ela não irá. Tenho certeza disso.

Hector começou a caminhar de um lado a outro, pensativo.

— Susana é a herdeira que Lúcifer escolheu. Enrique é gentil demais, não poderia governar o Inferno, e Lisa, ela é uma vadia, ele a quer longe de lá.

— Susana nunca irá... pode apostar.

— Hum... admiro sua confiança, só conheço uma pessoa mais autoconfiante do que você: eu. — Apontou para si mesmo. — Mas, retomando... Susana poderia ser a pessoa mais poderosa do mundo, estando abaixo apenas de Caleb e Lúcifer, e você quer mesmo tirar isso dela? Quer que ela desista de tudo por você? — Questionou-me. — Você é merecedor disso?

— Não sou eu quem devo achar, se ela acredita que sim, então eu sou.

— Que meigo.

Ignorando seu comentário, sorri ao pensar que Susana jamais desistiria de tudo por ele.

— Agora, espero que pense em minha proposta. — Sugeri. — Pense com cuidado, ou pode se arrepender.

— Suas ameaças não me atingem, filho de Devon. — Cuspiu essas palavras, em completo desdém. — E nada do que você disser ou fizer, poderá me fazer desistir dela. Sair dessa maldita cidade sem ela está fora de cogitação.

Respirei fundo, rindo internamente por sua arrogância totalmente desnecessária.

— Idiota, ela nunca irá com você. — Retorqui, afirmando novamente algo que eu tinha absoluta certeza. — Não entendo o motivo por estar tão empenhado em algo que nunca irá acontecer. Pode me dizer?

— Meus motivos não lhe interessam... Mas como sou extremamente educado, vou lhe responder: estou apaixonado por Susana.

— O quê? — Indaguei, acreditando que não ouvira direito.

— Você me ouviu.

Comecei a rir. Isso não podia ser verdade... podia?

— Sinto muito lhe informar, mas chegou tarde.

— Quando meu Leãozinho perceber a aberração que você é, voltará para meus braços, e eu a receberei com muito prazer. — Ele enfatizou essa última palavra.

Voltará? Como assim "voltará"?

— Voltará?

— Ela não lhe contou? — Os olhos dele sorriram outra vez, então balançou ligeiramente a cabeça. — Ah, Susana, você está se tornando um demoniozinho... — Comentou enquanto observava o nada, como se estivesse se lembrando dela.

— Do que você está falando?

— Digamos que eu já tive uma bela tarde de amor com sua querida Susana. — Hector suspirou. — E admito, invejo sua sorte por tê-la quando bem quiser. — Torceu a boca para o lado, encarando-me com inveja. — Mal vejo a hora de beijar seu corpo espetacular outra vez.

Desejei matá-lo, rasgar sua garganta com minhas unhas. Queria fazê-lo bater a cabeça num muro e depois rir de sua cara. A vontade de apanhar uma faca qualquer e dilacerar suas costas, fazendo-o agonizar de dor era tamanha, que tive de respirar fundo para não fazê-lo. Era óbvio que ele estava mentindo, com isso, tentava apenas me afastar de Susana, mas não conseguiria isso outra vez. Entretanto, mesmo que estivesse mentindo, ouvi-lo dizer aquilo sobre minha noiva me fez querer despedaçá-lo.

— Sabe de uma coisa, Hector... pela primeira vez, terei de concordar com você, sou um sortudo mesmo. Já você, não passa de um cretino que viverá eternamente preso em suas ilusões. Eu sinto pena de você.

O demônio ergueu levemente o queixo.

— Veremos, então, quem é digno de pena.

Inspirei profundamente, virei-me e saí da casa de Enrique a passos tranquilos, embora a vontade de dar meia-volta e quebrar seu pescoço estivesse quase me convencendo de que esta era a melhor opção. Eu esperava sinceramente que Hector não aceitasse meu acordo, não almejava mais que ele se afastasse de Susana. Por quê? Porque eu o queria morto.

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Hector VS Luca ♥

Hector VS Luca ♥

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Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora