Capítulo 25° - "Está com febre?"

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Entramos dentro da pequena lanchonete, e ao sentir o cheiro das comidas, meu estômago revirou. Eu entrei na primeira porta que vi, e por sorte era um banheiro, porém masculino. Eu não ligava naquele momento, só queria jogar tudo para fora.

Minha cabeça estava quase enfiada dentro da privada, enquanto eu me permitia despejar toda a comida que comi nessa manhã.

Levantei e lavei a boca. Sai, rapidamente, de dentro do banheiro, antes que um homem entrasse e estranhasse.

- Você vomitou, não é? - Retoricamente, perguntou.

- É. - Limpei os cantos da boca, sentindo gosto amargo na ponta da língua.

- Eu já fiz os pedidos. - Disse, olhando pela pequena janela que tinha de onde sentamos.

- Okay. - Sem interesse em qualquer assunto que Victor fosse tocar, eu tombei minha cabeça na mesa, junto aos meus braços que ficaram embaixo servindo de apoio.

Ain, nunca queria tanto não sentir mais enjoo na vida.

Senti um objeto morno encostar no meu braço. Levantei um pouco a cabeça, e vi o enorme hambúrguer com fritas e coca-cola na minha frente. Só o cheiro me causou sensações estranhas.

- Meu, tira isso da minha frente. - Empurrei um pouco o prato na sua direção.

- O quê? Você não vai mais comer? - Neguei com a cabeça. Ele se contentou com a minha resposta e deu de ombros.

Queria ir para casa. Estava muito cansada e enjoada.

Resmunguei, sentindo cada vez mais meu estômago apertar. Eu gostaria de, por enquanto, não ver mais um desses lanches na minha frente. Na minha gravidez, eu vi que deixaria de comer muitas coisas que gostava. Era uma coisa nova para mim, ainda mais com 21 anos. Nessa idade eu deveria estar me dedicando a trabalhar e ser alguém, não estar grávida. Confesso que não foi desejável, porém eu não iria tirar essa criança. Foi sim um acidente, mas um acidente que me fez abrir os olhos. Ou talvez o coração.

Victor tinha acabado de comer seu lanche e chamava a garçonete para pagar a conta.

- Você está muito pálida. - Me olhou e tocou minha testa. - Você está com febre.

Pagou a conta, rapidamente, e me levou até o carro. Eu me sentia mole para andar.

- Eu quero ir para casa. - Encostei a cabeça no banco.

- Vamos para o hospital. - Disse, arrancando com o carro.

- Fazer o que lá? Só estou com febre. Posso tomar um remédio que passa. - Não queria voltar para o hospital depois de dias lá.

- As vezes não é só uma febre. - Suas palavras misteriosas me fizeram pensar que durante esses dias em uma cama, sem fazer nada, não era por causa da gravidez. Tinha algo de errado que mamãe e Victor estavam me escondendo, até mesmo Leandro.

Senti uma forte dor aguda no lado da cabeça.

Massageei o mesmo, mas nada adiantou.

Fechei meus olhos. Aquilo doía tanto.

- Você está sentindo dor? - Perguntou, porém eu não conseguia responder. Meus sentindos estavam fora de mim. Meus olhos rolavam em direções aleatórias.

Victor me pegou no colo e gritou algo que não conseguia ouvir. Gemi de dor, ao sentir a dor atingir meu ouvido, fazendo um barulho estridente e perturbador.

Fui posta em algo macio e fiz o possível para ver onde estava. Meu braço caiu e eu me via fechando os olhos, lentamente, mesmo não querendo dormir.

A Gravidez - Volume 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora