Capítulo 21° - "Namorados"

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Me vi obrigada a levantar da cama para pentear o cabelo e escovar os dentes, porém não o fiz. Estava impossibilitada de levantar, e de fazer qualquer outra coisa, á não ser comer e chorar vendo os filmes.

Eu tinha entrado em uma típica prisão de sentimentos e lembranças ruins. Tinha vezes que eu me pegava vendo as fotos de Dylan, as nossas fotos. Via tudo com lágrimas a cair. Eu fiz a pior escolha errada da minha vida. E o pior de tudo, é que eu não consigo fazer mais nada, á não ser chorar todos os dias. De certa forma, eu deveria ter seguido em frente, ao invés de entrar em um tipo de depressão por causa dele. Mas, eu não sei o que houve comigo. De repente, eu me via todo santo dia chorando atoa, e no outro comendo, e no outro vomitando.

Tinha medo de isso estar se tornando uma doença. Medo disso acabar comigo fisicamente e psicologicamente.

Chorei em pensar nas hipóteses de vir à falecer, por causa desse drama todo.

Senti vontade de vomitar.

De novo não.

Corri para o banheiro, e joguei todo o café da manhã que tinha ingerido na privada. Levantei, dando descarga.

Me olhei no espelho e estava mais pálida que o normal. A vermelhidão e o roxo embaixo dos meus olhos entregavam a cara de sono e choro.

Apaguei à luz do banheiro, voltando para a cama.

Decidi dormir só mais um pouco para descansar. Eu nem fazia nada e já sentia meu corpo pesado. Tipo algo pesado sendo posto sobre mim. O que eu mais sentia era fome, sono e enjoo.

Bocejei, me preparando para fechar os olhos.

Meu celular tocou.

Não acredito, justo agora.

Levantei da cama resmungando várias palavras desconexas.

- Allyssa, até que enfim consegui falar contigo. - Meu irmão disse, suspirando.

- Eu não estava disposta à atender ninguém, foi mal. - Cocei os olhos e continuei. - Então, por que liga?

- Porque é o Dylan... - Eu me sentei, sentindo meu coração pulsar ao ouvir seu nome. - Ele sofreu um acidente.

- O quê? - Disse de forma baixa só para mim ouvir.

Deixei o celular cair no chão em choque.

Será que era estado grave?

Soltei algumas lágrimas e me vesti com qualquer roupa que vi na frente.

Corri o corredor depressa demais, e senti tontura. Cambaleei um pouco e parei.

Sacudi a cabeça de leve, me recuperando. Precisava de comida de verdade

Peguei as chaves de casa e desci o elevador, dando sorte de ele estar parado no meu andar.

Minha vista embarçou. Pisquei cinco vezes e ela voltou ao normal.

Meu peito se apertava cada vez mais forte. Sentia que Dylan estava no hospital por causa do nosso término, ou ele tinha feito alguma besteira que o fez parar na cama.

Não tive condições de dirigir, então chamei um táxi e ao esperá-lo, me via cansada.

Entrei no táxi e suspirei.

Ao chegar no meu destino, paguei o taxista e entrei no hospital. Dei o nome de Dylan na recepção e ela me disse que tinha outros parentes na sala de espera.

Meus passos eram lentos, porque eu já estava me vendo cair por ali mesmo.

- Ally. - Victor disse meu nome de uma forma repreendedora e meia acusativa.

- Victor, como ele está? - Perguntei, chorando.

Victor negou com a cabeça como se me dissesse que mal.

- O que houve, afinal? - Victor me contou que ele bebeu e dirigiu bêbado. Um carro colidiu com o dele no lado direito, do motorista. Dylan perdeu muito sangue, e ao ir para a cirurgia para retirar o vidro que entrou perto do fígado, quase morreu. - É culpa minha. - Pus as mãos no rosto, fungando.

- Ally, ele bebeu porque quis, dirigiu porque quis. Sabia que iria acontecer um acidente, mesmo com o pouco movimento na rua.

- Isso nunca deveria ter acontecido, Victor. De uma forma foi culpa minha sim. Ele deve ter bebido por causa das coisas que andam acontecendo.

Victor se contentou em acariciar meus cabelos e ouvir que eu era a culpada de tudo que está passando com ele. Eu chorava de nervosismo, de tristeza... Tinha medo de perder Dylan, após ter acabado de ganhar ele.

Soltei dos braços de meu irmão, e vi Marta chorando em um canto.

Tentei ir até ela, mas era impossível. Impossível, pois eu não tinha palavras para conforta-la de que iria ficar tudo bem. Até porque eu não sabia se iria, por isso, resolvi permanecer na minha, para não ficar mais abalada do que já estou. O sofrimento de uma mãe precisava ser respeitado.

Sei que fui bem clara ao dizer que tinha acabado, porém eu não podia simplesmente negar que Dylan ainda fazia parte da minha vida, mesmo estando longe. Mesmo nós não sendo mais namorados.

Eu me arrependi.

A Gravidez - Volume 2Where stories live. Discover now