Capítulo 5° - "Acordo"

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- Bom dia! - Saudei a assistente da Matilde, ao chegar de frente para sua mesa.

Fernanda não gostava de mim desde o momento que pus os pés nesse lugar, porém me correspondeu com um "bom dia", cheia de gracinha.

Gracinha, quero dizer, com um sorriso de orelha à orelha.

Eu achei estranho, afinal, não tinha nenhum cliente homem comigo.

Por incrível que pareça, ela era daquelas que gostava de caras comprometidos, mesmo alguns dando bola e outros nem aí, ela insistia em querer os que não davam atenção para ela.

Não tinha nada contra Fernanda, até porque eu estou aqui por assuntos profissionais, mas se ela está por pessoais, não era para ela estar nesse ramo.

- Dona Matilde quer te ver. - Ah, era por isso que ela tinha um sorriso nos lábios, dos grandes. Se Matilde queria me ver, ou conversar (dar bronca), é porque aí tem.

Pus minhas coisas em cima da minha mesa, e fui em direção a sua sala.

Ajeitei minha roupa antes de bater na porta.

- Entre! - Pela sua voz, parecia que não estava nos melhores dias.

- Queria me ver? - Da forma mais calma e serena possível, perguntei ao entrar e me sentar.

- Sim. - Pôs os papeis que analisava em cima da mesa e me encarou, pondo as duas mãos embaixo do queixo e os indicadores nos lábios com o batom da cor nude. Própria marca dela. Eu trabalhava em uma agência de moda, e mesmo tendo porte para modelo, assim como Fernanda (o que ela mesmo disse), eu não aceitaria, até porque o único cargo em que Matilde me concebeu a trabalhar, foi como sua assistente pessoal, já que existia a Fernanda como assistente geral.

E por mais que seja sufocante trabalhar com ela, eu gosto do meu trabalho.

- Eu tenho uma proposta a te fazer. - Mordi o lábio inferior, me sentindo nervosa. Será que ela me colocaria em um cargo menor e diminuiria meu salário? - Não tem com o que se preocupar, essa proposta é única, e tenho certeza que você não vai negar. - Eu tinha que saber qual era a "proposta" para mim aceitar, não é? - Conversei com alguns dos patrocinadores com quem tive a reunião privada, e eles fecharam um acordo comigo, em pôr você para desfilar para a agência no maior desfile de moda Matriz. - Fiquei em silêncio com o que ela disse, afinal, eu não tinha porte nenhum para ser modelo por uns tempos.

- Isso é sério? - Perguntei, balançando as pernas inquieta.

- De certa forma sim. Eu estarei amanhã com o meu neto e um dos administradores da empresa e sua secretária, aqui. Te informo que traga um advogado é necessário para que você aceite, e entre em um acordo com a agência. Sei que você não entende nada sobre negócios, e caso venha a nos processar por um erro seu, você já tem um advogado na hora para te explicar das coisas. - Sorriu de uma forma macabra. Parecia que os outros não saberem o que ela sabia, era uma vitória para ela. Não me senti ofendida por ela ter me chamado de lerda ou um adjetivo qualquer, me senti... ahnn... Não sei, talvez em dúvida em aceitar ou não.

Ela levantou, capturando minha atenção. Eu também levantei, caso ela me considerasse mal educada por não ter levantado, também.

- Caso você venha amanhã, estarei esperando que me comuniquem a sua chegada. Mas, eu estarei esperando só até amanhã, senão vier, eu entederei e estaria julgando que você jogou essa oportunidade fora por um mero capricho. Não sei se o lugar de secretária ainda estará a sua espera. - Caminhou até a porta, onde abriu e se virou para mim. - Allyssa, não jogue fora ou desperdice essa oportunidade que estou lhe dando. É uma das grandes, e meu trabalho está em suas mãos. Só você poderá decidir o caminho para onde Golden Matriz irá traçar.

Andei em direção a porta, ficando do lado de fora.

- Eu pensarei sobre isso, Dona Matilde. - Comentei sincera. Não queria decepciona-lá, por mais que fosse uma velha chata.

- Sei que sim, menina. - Sorriu. Uma das coisas raras que ela fazia era sorrir. - Pode tirar o dia de folga, não quero que fique pressionada demais.

Assenti, me virando.

Cheguei na minha mesa, pegando minha bolsa. Sem olhar sequer para a cara da Fernanda. Aposto que ela pensou que eu fui despedida, espera só ela saber que fui uma das selecionadas da GM para desfilar na maior turnê de desfiles do país.

O que me preocupava não era ela, e sim Dylan.

Respirei tão fundo que pude sentir meus pulmões quase me sufocarem por eu ter prendido o ar. Quando soltei, nada do que pensei que fosse sonho, era um.

O que Dylan pensaria sobre isso?

A Gravidez - Volume 2Where stories live. Discover now