Capítulo 24° - "Boneca"

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- O que nós temos? - Perguntou, me pegando de surpresa com sua pergunta.

Estava uns minutos com ele e daqui a pouco viria alguém dizer que eu tinha que sair, para cuidarem dele e do curativo.

- Eu não sei. Você sabe que eu terminei tudo entre nós dois. - Confessei.

- Eu sei, mas eu te amo, Ally. Eu nunca te faria mal algum, e se um dia eu fiz, me desculpa. - Lembrei do tempo de faculdade (da aposta) e decidi esquecer o que havia acontecido. Assenti.

- Dylan, devemos conversar sobre isso quando você sair daqui, porque eu não tenho cabeça para falar sobre agora. Tudo bem? - Afirmou, a contragosto. - Bom menino. - Revirou os olhos, dando um meio sorriso.

- Seja qual for sua resposta para a nossa volta, eu quero que pense bem se você tem a certeza sobre ela. - Balancei a cabeça, tentando terminar esse assunto.

Bocejei, sentindo sono.

- Acho que já vou indo. - Olhei para a janela e percebi que a noite tinha caído.

- Tudo bem.

- Até amanhã, Dy.

- Até, Ally. - Beijei sua bochecha. Por sorte, escapei antes dele se atrever em me roubar um selinho.

Olhei para a cadeira de rodas e não vi necessidade de andar nela. Carreguei até o quarto e depositei no canto.

Victor dormia no pequeno sofá. Eu deveria ter demorado um pouco, que acabou desistindo de me esperar.

Me deitei na cama e apaguei.

.......

Era muito difícil de se explicar minha relação com Dylan agora. Não que um filho e um acidente fosse juntar novamente nós dois, por mais que eu quisesse. Porém, eu enxergava meu lado também. E um pouco do dele. Ele podia me amar, assim como eu a ele, poderíamos criar um filho juntos, pois sem contato. Não queria prejudicar a criança, nossa relação poderia ser saudável, mesmo estando separados. Estava incerta também se Dylan aceitaria ter um filho, nisso tudo tinha à Yolanda, eu não gostava dela, porque Dylan havia se afastado de mim para ficar junto com ela, e eu odiava a ideia de sermos só amigos e ele ficar com ela, e se ele aceitasse a história de bebê, como eu não achava que aceitaria, eu teria que ver meu filho, todo final de semana com Yolanda.

Suspirei só de pensar na hipótese dela maltratar meu neném. Dava para se notar que ela não gostava de crianças.

Em meio a tudo isso, meu estômago roncou. Eu já havia tido alta, só esperava Victor pegar seu carro para poder me levar para casa.

Nesses dias os amigos de Dylan, e também meus, vieram me visitar, e creio que a ele também. Não contei para os meninos a minha gravidez, pois eram homens e nunca seguravam um segredo se eu pedisse, ainda mais sendo amigos de Dylan mais tempo que meus.

Visitei Dylan durante os dias que passei no hospital, o que foi ótimo. Colocamos problemas mal resolvidos na mesa e esclarecemos assuntos que eu mesma não havia notado que existia.

E sobre assunto de voltar, não havia pensado, muito menos tocado com ele. Sei que ficaria mais confiante ainda de que teríamos volta, e eu não queria deixá-lo com expectativas demais.

Voltando... Ele estava melhorando cada dia mais e daqui a pouco poderia ir para casa.

Me assustei com a buzinada.

- Entra logo. - Abri a porta do carro do meu irmão.

- Não sabia que já estava dirigindo. - Comentei, fechando a porta. Ele contornou o hospital e saiu do mesmo.

- Tive que aprender por causa do estágio em Orlando, que era um pouco longe de onde morava, e achei gasolina mais barata do que gastar passagem todos os dias. - Explicou-se.

- Estou com fome. - Passando a mão na barriga, me queixei.

- Vamos á uma lanchonete. Irei pedir uma salada para você.

- Vai com calma. - Exclamei, em tom de brincadeira. - Estou gravida, não fazendo dieta. E me da um desconto, só estava comendo aquela comida sem gosto do hospital, mereço um lanche daqueles grandão, com direito a coca-cola e batata frita... E molho, e... Brinquedo. - Só de imaginar um hambúrguer suculento me dava água na boca. Meus Deus! Estava com tanta vontade.

Victor arregalou os olhos.

- Que foi? Estou começando a ajuntar brinquedos para o meu bebê. - Dizer meu era tão lindo. Sonhar em ser mãe era quando eu tinha uns 5 anos e brincava com a boneca que fazia xixi.

- Não estou surpreso por você querer brinquedo, e sim um lanche gorduroso. Isso faz mal para o bebê. - Me repreendeu de desejar o que comer.

- Cala a boca. Você tem que me dar o que eu quiser comer, se não vai ficar com terçol. - Protestei. Jamais comeria uma salada com cenoura, batata e outros legumes. Talvez eu comeria noutro dia, mas não hoje e agora.

- Isso é mito. - Comentou, dando de ombros.

- Poxa, mano. Você vai mesmo negar comprar o que sua maninha deseja? Estou grávida, vai. Só dessa vez. - Apelei para o lado emocional, fazendo carinha de cachorrinho.

- O que eu não faço por você. - Negou com a cabeça, sorrindo.

Estacionou o carro em uma das vagas, enquanto eu festejava igual criança.

Grávida tinha lá suas vantagens.

A Gravidez - Volume 2Where stories live. Discover now