A lagartixa que mora na minha janela não se importa com os livros de minha mesa.
Ela não vê a lua imensa, e luminosa, no céu límpido desta noite de sexta.
Suas reações e sensações não percebem meu olhar enviesado ao branco pálido de sua barriga pulsante.
Esta inquilina não olha pelas frestas da janela, nas minhas noites quentes de suores e banhos intermitentes.
Minha companheira e realmente indiferente aos meus aborrecimentos diários.
Eu a vejo plenamente satisfeita em seus desejos.
Atenta ao seu espaço milimétrico, onde não ha o que recear.
Quanta inveja...
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Vida Interior
PoesiaA poesia, ato criativo, o ato da vida, ato sexual arquetípico. Cuidado com as palavras. Apesar da aparente fragilidade, elas são armas poderosas. Das criações humanas, talvez seja a palavra a que carrega sobre si o peso maior de nossas ambiguidades...
