O quadro

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Na minha infância havia um quadro que emoldurava meus desejos entre seus desenhos medíocres.

Nele tudo era simples: o ancião no ofício; o cão que não ladra; a menina e seu bambolê.

Ao fundo, imenso bosque recheado de sombras.

Uma quietude bucólica recobria tudo com seu manto matutino.

A luz que se desprendia  pincelava o verde de diferentes matizes.

Meu olhar estancava,

mas não era encanto, era sutil inveja.

Meu mundo conturbado queria aquela serenidade,

minhas sombras ansiavam por aquela luz vespertina,

o cinza de meus dias desejava aquele verde vivo, pleno e verdadeiro.

Vida InteriorWhere stories live. Discover now