Na minha infância havia um quadro que emoldurava meus desejos entre seus desenhos medíocres.Nele tudo era simples: o ancião no ofício; o cão que não ladra; a menina e seu bambolê.
Ao fundo, imenso bosque recheado de sombras.
Uma quietude bucólica recobria tudo com seu manto matutino.
A luz que se desprendia pincelava o verde de diferentes matizes.
Meu olhar estancava,
mas não era encanto, era sutil inveja.
Meu mundo conturbado queria aquela serenidade,
minhas sombras ansiavam por aquela luz vespertina,
o cinza de meus dias desejava aquele verde vivo, pleno e verdadeiro.
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Vida Interior
PoetryA poesia, ato criativo, o ato da vida, ato sexual arquetípico. Cuidado com as palavras. Apesar da aparente fragilidade, elas são armas poderosas. Das criações humanas, talvez seja a palavra a que carrega sobre si o peso maior de nossas ambiguidades...