18 - Detalhes

4.8K 672 107
                                    

Depois do nosso treinamento, do meu voo com Luca e dos olhares de nossos amigos sobre nós, meu anjo caído me levou para sua casa. Quando entrei, ele me preparou um café e mostrou-me seus desenhos, desenhos estes que retratavam uma única pessoa: eu. Eram lindos e emocionavam-me, havia tantos! E nenhum se repetia, havia desenhos do meu sorriso, dos meus olhos, do meu cabelo, até um no qual eu usava um vestido bordô.

— Esse vestido... daquele sonho.

— Sim, foi um presente meu. — Disse-me ele. — Uma pena que você o tenha usado apenas uma vez.

Observei seu rosto, ele parecia estar pensando em algo ao longe.

— Mas... o dia em que eu o usei foi o agradável? — Indaguei, buscando as respostas do que tinha vivido e não me lembrava.

— Agradável? — Luca me encarou, sorriu de lado e tocou meu lábio inferior com o polegar. — Você o usou na mesma noite em que foi completamente minha.

Senti minhas bochechas arderem, então desviei o olhar, e acabei encontrando um desenho terrível em meio aos seus, a folha estava um pouco rasgada, e amarelada, revelando que o mesmo era antigo. Havia um boneco de palito e uma frase dentro de um balão, que eu não consegui entender.

— Eu era tão magra assim? — Brinquei.

— Ah, não, esse sou eu.

Franzi o cenho para ele.

— Luca, tenho certeza de que sua autoestima é boa o bastante para fazê-lo se desenhar melhor do que isso.

Ele riu, então pegou o desenho.

— Foi você que fez esse desenho.

Observei os rabiscos no papel, desejando que eu tivesse feito aquilo por pura diversão, sem querer acreditar que eu desenhava tão mal em outra vida.

— Fala sério, eu era uma artista. — Comentei, fazendo-o sorrir e respirar fundo em seguida.

Estávamos sentados lado a lado na cama, quando ele se levantou e caminhou até sua cômoda, abriu a última gaveta e pegou uma caixinha preta com detalhes dourados, e então, estendeu-a para mim.

— Queria poder ter lhe dado antes.

Abri a caixinha. Era o mesmo pingente de asas que eu já havia visto quando estivera lá. Era lindo.

— Obrigada.

Ele sorriu, depois, sentou-se na cama atrás de mim, pegou meus cabelos e os colocou de lado, então começou a colocar o colar em mim. O contato frio, e ao mesmo tempo quente, de seus dedos em meu pescoço me causou arrepios. E estes aumentaram ainda mais quando Luca traçou uma linha de beijos mornos por minha nunca e ombros. Então, ele abraçou minha cintura por trás e continuou a me beijar. Seus braços eram como fortalezas e eu realmente desejava me perder neles.

— Você não tem ideia do quanto eu me segurei durante todos esses dias. — Disse ele, com os lábios ainda em meus ombros.

Virei-me e o encarei. Seus olhos negros transbordavam de desejo. E eu sabia que os meus não ficavam muito atrás. Subi em seu colo e envolvi sua cintura com minhas pernas, depois, beijei-o do modo mais intenso que consegui, da forma que achei que melhor descreveria o que eu estava sentindo naquele momento. Entrelacei seu cabelo castanho avermelhado com os dedos e ele abraçou minha cintura com mais força, demonstrando o quão vulnerável estava ali, em meus braços, demonstrando como poderia facilmente perder o controle comigo. E eu estava simplesmente adorando aquilo. Adorava sensação de ter um anjo caído completamente apaixonado por mim, a sensação de tê-lo numa completa redenção... Era fascinante. Assim como os olhos dele. Aqueles olhos não eram comuns. Não era simplesmente pelo fato de eu não conseguir diferenciar a pupila da íris, realmente havia algo de extraordinário naqueles abismos, algo que, inexplicavelmente, atraía-me com uma força devastadora.

— Você não faz ideia do que faz comigo... — Sussurrei.

— Olhe para mim. — Pediu, e assim eu fiz. — Eu quero você, Susana. — Afirmou, mantendo seu olhar fixo no meu. — Quero para sempre. E eu prometo que nada irá nos separar outra vez.

Percebi imediatamente que essa era sua forma de dizer "eu te amo". E sorri, pois tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava estava ali, bem à minha frente. E, mesmo sem conseguir me lembrar completamente, eu sentia que junto dele era o meu lugar. E eu jurei, jurei a mim mesma que nada nos separaria, afinal, o que poderia ter esse poder se nem mesmo a morte havia conseguido essa façanha?

Luca me beijou profundamente e eu senti, senti tudo o que eu havia deixado guardado em mim todos esses anos. De algum modo, eu sabia que o amor por Luca estava ali, vivo. O anjo sorriu maliciosa e tentadoramente, depois, tirou sua camisa e deitou-se sobre mim na cama, agraciando-me com mais um beijo. Era como se nós fôssemos duas partes de um todo, e nada, em hipótese alguma, era capaz de separar nosso vínculo.

Nem mesmo a morte.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora