4. Lacey, minha amiga zumbi

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O cheiro de enxofre ficaria impregnado em minhas roupas. Porém, foi o único modo de encobrir meu rastro.
Os investigadores, pensariam que foi um simples vazamento de gás, que infelizmente explodiu a lanchonete cheia de pessoas inocentes. Uma fatalidade.
Caminhei pelas ruas, com um sorriso no rosto. Eu estava me sentindo "cheio" e isso me deixava de bom humor.
Beber tanto sangue se comparava a uma sensação gostosa de embriaguez. Tudo parecia mais brilhante e bonito. Até o céu nublado sobre minha cabeça.
Não demorou muito para que eu chegasse até o local, onde mantinha Bonnie presa.
Quando me vi, já estava caminhando pelos corredores mal iluminados e sujos.
Parei diante da velha porta de madeira. Puxei a familiar chave de meu bolso, destranquei e entrei no quarto fechado e sem janelas, com uma única lâmpada pendurada no teto baixo.
- Querida, cheguei!- cantarolei, fechando a porta atrás de mim.
E avistei Bonnie, do mesmo modo que a deixei.
Havia se passado um mês desde que a trouxe para "ficar uma temporada comigo".
Seus cabelos ondulados e negros, desciam alguns centímetros mais abaixo do queixo e ela estava mais magra, pois estava se recusando a comer. E isso me irritava muito.
Bonnie se encolheu mais contra a parede úmida e suja.
Senti meu corpo formigar ao vê-la com um vestido curto e leve, que me dava a visão perfeita do decote em seus seios instigantes e daquelas pernas lindas.
Caminhei até ela, largando a jaqueta em cima de sua cama.
Conforme eu me aproximava, pude vê-la prensando o corpo contra a parede, como se quisesse sumir nela.
- Ei, não precisa ficar com medo - falei, me agachando perto dela- Não estou mais bravo com você.
Pude ver cada centímetro de sua pele caramelada, coberta de suor. As gotículas escorriam por entre seus seios, que subiam e desciam com a respiração acelerada.
Acariciei seus cabelos úmidos. Bonnie se encolheu mais, com uma expressão de nojo.
Odiei aquilo.
Sangue escorria de seus pulsos lacerados pelas algemas, presas à uma barra de ferro na parede.
- Temos que dar um jeito nisso...- falei, tocando no corte profundo acima de sua sobrancelha direita.
Bonnie fez uma expressão de dor.
Aquilo me incomodou, mas tentei não dar importância.
- Eu não gosto de bater no seu rosto- murmurei, puxando um lenço do bolso de trás da calça- Ele é lindo e não quero marcá - lo. Porém, você continua me provocando Bonnie. Sabe que não tenho paciência.
Limpei o ferimento com cuidado, ouvindo seu gemido débil. Desci o tecido, até o sangramento em seu nariz.
- Sorte a sua que não quebrou- murmurei sorrindo de canto para ela.
Ela me encarava com medo e aquele sentimento que nunca consegui arrancar. O ódio por mim.
Tirei alguns fios de cabelo que caíam naqueles olhos verde-oliva. E desci a mão, até um pouco acima de sua cintura.
- Ah!- ela gemeu, se encolhendo mais.
Bufei.
- Costelas quebradas, já suspeitava.
Suspirei, olhando para a garota machucada diante de mim. Foi desnecessário espancá-la daquela maneira, mas Bonnie era teimosa e na maior parte das vezes, agressiva e insuportável.
Isso fazia qualquer homem ficar louco de raiva.
A questão era que quase a matei. E se eu queria que meu brinquedinho durasse sessenta anos, não podia quebrá-lo.
- Eu posso fazer a dor ir embora- tentei negociar- Lhe dou meu sangue e você vai dormir sem dores hoje, mas tem que ser uma boa menina e se alimentar. Está perdendo muito peso.
Em questão de um mês, Bonnie havia perdido mais de sete quilos.
Aquela coisinha rabugenta, se recusava a comer mais que uma pequena porção de comida.
Ok. Eu não era o melhor cozinheiro do mundo. Mas ninguém NUNCA reclamou do meu macarrão com queijo.
- Eu não quero, obrigada- a ouvi dizer, com todo o escárnio que podia- Prefiro dormir com dores.
Franzi os lábios em uma linha rígida.
- É por causa dessa sua teimosia que vivo a machucando. Se você colaborasse seria tudo muito mais fácil.
Ela riu. Foi um som esganiçado e desprovido de emoção.
- Você me machuca porque é um sádico doente. E eu nunca vou "colaborar" em nada. Não com um monstro como você.
Fechei a cara de imediato. Bonnie conseguia arrancar o pior de mim.
- Deveria deixá-la definhar até a morte- ameacei, louco para dar um soco nela e terminar o que eu havia começado- Mas sei que isso é o que você mais quer. Que eu a mate, para livrar Elena do feitiço.
Bonnie continuava me fitando com aquela altivez. Mesmo estando sob minhas agressões constantes, ainda se achava muito melhor que eu.
Ela não era.
- Você nunca vai sair daqui e acima de tudo, nunca vai se livrar de mim- sussurrei, com mais escárnio que ela- E o melhor de tudo isso é que não vou deixá-la morrer. Serei seu dono até o fim de sua vida miserável.
Bonnie trincou o maxilar, tremendo de raiva.
E subitamente, cuspiu no meu rosto.
- Espero que morra!- exclamou.
Suspirei brutamente e limpei a saliva de minha bochecha, com o lenço ensanguentado.
Fiquei de pé, deixando o tecido de lado e desferi um tapa no rosto dela, ouvindo o estalar de minha palma contra sua pele.
O impacto fez com que Bonnie batesse a cabeça contra a parede úmida de cimento.
Pude vê-la ficar zonza, ameaçando desmaiar, então, dei um chute forte em suas costelas, ouvindo os ossos quebrados estalarem.
-Ah!- ela gritou, tentando recuperar o ar.
Agachei- me mais uma vez e peguei um punhado de seus cabelos escuros, fazendo seus olhos vacilantes mirarem os meus.
- Já que quer ficar sem comer e não aceita meus cuidados - sibilei- Vamos ver quanto tempo você aguenta.
A soltei bruscamente, vendo sua cabeça pender para a parede.
Nem me importei, apenas caminhei para a porta do quarto.
Se Bonnie queria um monstro, eu o daria à ela.

♥♥♥♥♥

Nota da Autora:

Hello honeys!

Senti falta de vocês! Desculpem pela demora.
Esse capítulo foi para mostrar como é mais ou menos o dia a dia do Kai sociopata.
Espero que tenham gostado. Comentem e assim posso saber a opinião de cada um ^-^

Beijos xxx Até o próximo :*

P.S: A foto do Chris e o cafézinho maligno, são de total crédito de @AlyniBalieiro. Obrigada por trazer a fotos mais legais, dona moça ♥

LAÇOS MORTAIS | Bonkai |Where stories live. Discover now