13 - Descobertas e um passeio

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— Diga que isso não está acontecendo. Diga que nada disso é verdade... — Implorei, sem saber o que fazer.

— Eu não posso mentir mais, Susana.

Eu apenas assenti, e então, virei-me e comecei a andar, sem me importar se ela estava ou não me acompanhando. Na verdade, esperava que não. Tudo o que eu queria naquele instante era ir logo para casa e deitar em minha cama, esquecer qualquer frase que todos eles haviam dito sobre aquele assunto e descansar. Descansar minha mente de tudo aquilo. Eu não poderia ser a garota de Luca, não poderia ter o espírito de um pássaro em mim... Eu não... não poderia ser a moça do meu sonho.

Juliana e eu permanecemos em silêncio o restante do caminho, e numa determinada parte, ela foi para sua casa e eu para a minha. Quando cheguei, papai e Heloíse assistiam muito animados a um filme de comédia, estavam tão concentrados que nem perceberam minha desanimação.

— E então, como foi? — Perguntou meu pai.

— Legal.

— Só legal?

— Sim, só legal.

— Então tá...

Nessa hora, a pequena Scarlett começou a vir em minha direção. Mais que depressa, peguei-a e a abracei.

— Oi, meu amorzinho... — comecei a ir para meu quarto. — Sabia que você é muito linda? Não vejo a hora de poder passear com você, pois é claro que não colocarei coleira em você agora, isso seria uma crueldade... — Observei o espaço disponível num dos cantos do meu quarto. — O que acha de dormir aqui, comigo?

Coloquei-a no chão e voltei para sala a fim de buscar sua cama, é claro que esta ocupou um grande espaço no quarto, mas não me importei. Depois de alguns minutos acariciando-a, fui ao banheiro e penteei meu cabelo. Em seguida, pus uma vestimenta mais confortável, verifiquei meu celular, para ver se havia novas mensagens, mas não. Então, deitei-me e fiquei repetindo as palavras "tente sonhar com Luca novamente" em minha mente como um mantra.

Mas de nada adiantou, definitivamente, Luca não queria aparecer em um sonho para mim naquela noite.



Na manhã seguinte, pela primeira vez em vários meses, acordei e meu pai ainda dormia. Agradeci por isso, pois não queria vê-lo e ter de esconder o que estava sentindo, não que eu estivesse pensando que seria fácil fazer isso na escola, mas, seria menos difícil fingir que estava tudo bem para as pessoas da minha sala do que para ele. Antes de me arrumar, tomei uma xícara de café com leite bem quente e não comi nada, não estava com fome. Coloquei ração na tigela de Scarlett e a abracei por um longo tempo. Depois, voltei ao meu quarto e procurei por alguma coisa confortável no guarda-roupa, acabei escolhendo uma camiseta preta e uma calça jeans, e um par de tênis velho -meu companheiro de quase todas as manhãs. Passei creme modelador em meu cabelo, e máscara para cílios incolor, apenas para não deixá-los "bagunçados". Coloquei um pouquinho de perfume e escovei os dentes. Olhei-me no espelho, meu cabelo parecia mais escuro do que há alguns meses, estava num tom ruivo acastanhado, e minhas sardas estavam mais clarinhas também -o que era ótimo.

Saí de casa sem muito ânimo, e no meio do caminho, decidi passar na padaria e comprar algo, pois certamente ficaria com fome durante a aula, óbvio que eu teria de comer escondida do professor, mas não me importei. Chegando à Andolini, foi inevitável não pensar em Hector, o cara que havia derramado café em mim, propositalmente, segundo Juliana. Lembrei-me de seus olhos azuis esverdeados e de como eu havia sentido-os me atravessar naquele dia, recordei-me de como esses mesmos olhos eram extremamente brilhantes e atraentes, era como se eu não pudesse desviar o olhar. E admito que, por um instante, desejei que Hector estivesse naquela padaria outra vez.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Where stories live. Discover now