13 - Descobertas e um passeio

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Assenti com a cabeça.

— Tá... tchau.

— Boa noite.

Olhei-o uma última vez e caminhei rapidamente para alcançar Juliana.

— Juliana! Ju, espera!

— O que foi? Você me levou numa casa de retardados! Quero ir logo para casa., Susana... — Ela continuou a andar.

Corri um pouco e agarrei seu braço. Encarei-a.

— Escuta, já chega, eu sei que você está me escondendo alguma coisa. — Acusei-a, notando seus olhos temerosos. — Eu a conheço há muito tempo, sabia?

— Vamos embora, por favor...

— Enquanto não me disser, não sairá daqui.

Lágrimas caíram dos olhos da minha amiga, e eu fiquei completamente confusa. Não soube o que fazer, mas isso apenas confirmou minha suspeita de que ela realmente escondia algo.

— Você venceu... — Murmurou. — Acredite neles, porque estão dizendo a verdade.

— Então, você...

— Sim, eu já sabia, e odeio isso! — Esbravejou. — Odeio não ser capaz de envelhecer ao lado de alguém, ser apaixonada pela mesma pessoa que vejo todos os dias e morrer junto dela. Odeio não conseguir esconder que não sou normal... — Comentou este último com amargura. — Odeio ver coisas que não queria ver. Odeio meus pais por serem nefilins, e ter feito eu herdar o sangue anjo dos meus avós, e odeio... Odeio Luca por ter feito você descobrir tudo! — Encarou-me, seus olhos ferviam em aflição. — Mas... acima de tudo, odeio odiar Luca por isso... pois sei que é o certo, ele está sofrendo. É só que... eu não queria que você sofresse.

Hesitei por um longo tempo, sem saber ao certo o que dizer depois de tudo o que Juliana revelou.

— Do que você está falando? — Indaguei, observando a garota enxugar os olhos com as costas das mãos, e depois cravar os dedos entre os cabelos castanhos. — Por que eu sofreria, Juliana?

— Porque... eu tenho um dom, Susana, e não é um dom qualquer.

— O que você pode fazer?

— Sou uma clarividente.

— Você vê o futuro? — Encarei-a, boquiaberta.

Ela sorriu ironicamente.

— Tenho o dom da clarividência do passado... ao que parece, vejo coisas que foram importantes, entende?

Arregalei os olhos, admirada, mas ainda confusa.

— Ainda não entendi o que eu tenho a ver com isso.

— Eu vi você e Luca, Su, não sei explicar, mas parecia você, apesar do cabelo ser castanho... — Ela observou, fitando meus cachos arruivados. — Vocês dois se beijavam, estavam apaixonados, qualquer um que os visse notaria isso, mas então... — Seu olhar se dirigiu a um lugar distante, como se tivesse tentando se lembrar. — Eu a vi caindo, e depois você estava em chamas e... E aí você morreu. — Concluiu, fazendo com que uma geada invadisse meu estômago.

A garota com o espírito de uma fênix.

A garota que Luca amou e que morreu para salvá-lo.

A garota que não se lembrava dele.

Não pode ser...

Então, nessa hora, lembrei-me do sonho no qual Luca e uma moça de cabelos enrolados e castanhos dançavam. E no mesmo sonho, ele havia me perguntado se eu me lembrava deles. Não. Mas de alguma forma, eu sabia que não devia tentar separá-los, era como se eu soubesse que ambos tinham de ficar juntos, e um nó se formou em minha garganta.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora