Capítulo 6 - Descobertas

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Alice curiosa com o que Maya dizia se virou para ela prestando atenção em cada palavra.

— Toda cidade de Dracoria é composta por nobres. Existem os nominados por lá também, mas não é como aqui que temos nosso próprio bairro ou lado da cidade. — Maya continuou a explicar. — Lá eles são obrigados a viverem com seus patrões e essa liberdade que temos aqui não existe. Por isso muitos preferem ficar por aqui.

— Os que vivem lá foram por escolha?

— Não. Talvez até tenha, mas em sua maioria ou já moravam lá e por não serem nobres foram transformados em nominados ou foram simplesmente escolhidos para irem para lá.

— Não sabia disso tudo.

— Não está perdendo nada. — Maya sorria alegre com a música mais agitada que tocava. — Vamos. Beba um pouco disso para ver se melhora essa carinha pensativa. — Maya brincou estendendo a caneca de cerveja a Alice.

— Não. Obrigada. — Alice recusou carinhosamente com um sorriso.

Um homem chegou no balcão quase na mesma hora e Maya foi para atendê-lo deixando Alice caída em distração na banda de Ascarbath que ainda se apresentava. Dessa vez uma melodia mais calma e cantada pela mulher que estava junto a eles.

Saber amar todos sabem
Mas para isso eu me
empenho
Meu coração aperta no peito
Enquanto seu amor eu não tenho

Corre e me abraça
Me sinto distante e você se afastar
Em mim existe sonhos
Com você quero ficar

Algo mudou, por favor não me abandone
Me sinto sozinha
Enquanto um mal me consome

Saber amar eu sabia
Para isso eu me empenhava
Meu coração se tornou frio
E aos poucos você se afastava

Corre, mas corre de mim
Não tenho mais solução
Agora meu peito é um buraco vazio
Onde antes batia um coração

Algo mudou, por favor não me abandone
Me sinto sozinha
Enquanto um mal me consome

Eu sabia amar, sabia querer
Algo mudou, só te peço, não me abandone
Lembranças esquecidas, mas...
Eu ainda tento lembrar o seu nome.

Maya se aproximou novamente de Alice e viu que ela estava encantada com a música.

— Gostou dessa música? — Maya perguntou se colocando ao lado de Alice novamente.

— Ela tem uma melodia que acalma, mas a letra é triste.

— Tenho que concordar. — Maya sorriu. — É uma música antiga.

Quando a música parou de tocar e os músicos se prepararam para outra, os sons das conversas paralelas começaram a encher o ambiente. Aproveitando a falta da música, Alice quis saber mais sobre o mundo que ela vivia, mas não compreendia.

— Por que essa coisa de nobre e nominado, Maya? Sempre foi assim?

Maya encarou Alice por alguns segundos e viu em seus olhos prateados um grande interesse.

— Nem sempre. — Maya esvaziou a caneca de cerveja e a colocou sobre o balcão. — Antigamente não existia reino por aqui. Na verdade éramos todos povos livres que fomos crescendo e aos poucos foi se tornando cidade. Cada cidade foi escolhida uma pessoa para governar junto a uma equipe e estes o ajudavam com as melhores decisões para todo mundo crescer e prosperar.

Alice sorria interessada. Era a primeira vez que Maya falava daquilo.

— Mas o ser humano é egoísta por natureza e quanto mais tem, mais quer. — Maya continuou. — Digamos que o poder de um governo se mede pelo tamanho da cidade e da população. Quando a cidade é pequena, é fácil ter controle sobre quem governa porque seu poder é pequeno. Em cidades grandes com maior população o poder é maior, logo, é mais difícil você controlar quem tem grande poder.

Coração Negro - O RitualOnde histórias criam vida. Descubra agora