Capítulo 5 - Desabafo

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DESABAFO

[ AVISO IMPORTANTE ]
[ Caso encontrem algum erro, peço desculpas desde já. ]

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NADA aconteceu depois que Alice chegou em casa. Sua rotina foi a mesma de todos os dias e durante o período noturno ajudou Maya no salão com os clientes de todos os tipos, desde os trabalhadores que procuravam uma diversão entre bebidas e mulheres até os descontrolados que se embebedavam a ponto de terem que sair de lá enxotados por Maya. Após o banho, Alice dormiu para no dia seguinte recomeçar sua rotina.

Apesar da aparência frágil e delicada de Maya, por trás de sua beleza existe uma mulher forte que com o tempo aprendeu a ter que lidar com todo os tipos de homens e comportamentos machistas, mesmo que isso custasse força bruta, o que garantia algumas boas gargalhadas nas conversas do dia seguinte com Alice.

Alice acordou ainda mais cedo no outro dia, vestiu o mesmo vestido branco que usava para trabalhar, se arrumou como sempre fez e desceu. Preparou seu café da manhã sorrindo ao ver que Maya não tinha acordado e isso seria uma surpresa para ela.

Assim que Maya desceu as escadas e se juntou a Alice, percebeu nela um rosto preocupado que não era dela.

— Por quê essa carinha, Alice? — Maya perguntou preocupada.

— Anne voltou... — Alice respondeu desanimada.

— Anne é aquela?... — Não precisou de terminar a pergunta, pois Alice assentiu já sabendo que Maya se referia a filha mais velha dos Luchesan.

— Chegou e chegou com tudo. Ela não mudou nada e ainda por cima trouxe uma amiga que deve ser igual a ela, se não pior. — A voz de Alice era firme. — Continua a mesma vad-... — Alice segurou o palavrão, pois não era disso, mas aquilo estava a estressando demais.

Com um leve sorriso de carinho no rosto, Maya sentou-se ao lado de Alice e a abraçou.

— O irmão dela é tão bom comigo. — Alice continuou a contar ainda cabisbaixa. — Ele até veio correndo atrás de mim para saber o que tinha acontecido e insistiu para que eu falasse a verdade para ele sobre a irmã.

— Falou? — Maya quis saber.

— Falei.

— Por essa carinha triste isso não deve ter sido muito bom.

— Não. — Alice respondeu de imediato, mas logo se corrigiu. — Quero dizer, eu não sei. Ele parecia preocupado comigo, Maya. — Alice olhou Maya como se esperasse uma explicação mais sensata para aquele comportamento de Derio.

— Se ele pareceu preocupado, se ele é uma pessoa boa, poderia tentar conversar com ele não acha?

— Posso tentar, mas tenho muita vergonha. — Alice disse meio sem graça e sorriu.

— Por quê vergonha? — Maya perguntou, mas seu semblante era provocativo. Havia segundas intenções na forma como ela falava e olhava Alice.

— Porque... — A mente de Alice foi até Derio. O jeito que ele sorria e a forma delicada que ele usava para falar com ela. Até o pedido para chamar pelo nome e não por senhor. — ...Eu não sei porquê.

— Você não está gostando dele, está?

— O quê? Não!

— E será que ele não gosta de você?

— Espero que não... — Desejou Alice, mas a ideia ficou indo e vindo em sua mente. Nunca havia pensado nisso de gostar de alguém ou alguém gostar dela. Sorria boba com a ideia de se imaginar como uma possível pretendente de Derio, mas logo se via inferior quando se comparava a verdadeiras garotas nobres e ricas que ele poderia se envolver. Queria tirar aquilo da cabeça.

Coração Negro - O RitualWhere stories live. Discover now