Capítulo 16 - Trauma

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TRAUMA

[ AVISO IMPORTANTE ]
[ Caso encontrem algum erro, peço desculpas desde já. ]

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ARREPENDIDA por demorar demais, Alice ficou preocupada com sua indisciplina com o horário. Sabia que tinha culpa por ter ficado provando o vestido até tarde e acabou se atrasando. Seu medo era chegar no portão que dividia os bairros e ficar presa do lado errado.

O sol já havia baixado no horizonte deixando um céu alaranjado já mudando para o cinza e logo estaria escuro. Depois de toda aquela conversa com Gareth, a noite passou a ser uma coisa ruim para ela, além dos perigos envolvendo criminosos, agora tinha medo sem mesmo saber exatamente o que era.

As sombras escondiam algo.

Naquele horário, todos já tinham ido para suas casas e as ruas estavam vazias. Ao se aproximar do portão que dividia o bairro, ele já estava fechado, e o que ela tanto temia estava acontecendo. Não queria ficar presa, nunca tinha acontecido.

Soldados vigiavam o portão, mas eram de outro turno sem ser o de Mackenzie. Ao se aproximar, viu um outro homem ir na direção do portão também, não era a única presa do lado errado. Quando ambos se aproximaram, os soldados abriram o portão para poderem enfim voltarem para o lado dos nominados. Aliviada, ela só queria chegar em casa.

Ainda era um longo caminho até sua casa, as ruas praticamente desertas com apenas alguns mercadores encerrados suas atividades guardando seus produtos em caixas. As ruas repletas de sujeira mostrando o total descaso com aquele lado da cidade. Algumas casas com luzes acesas, fumaça saindo das chaminés e o cheirinho de comida sendo preparada atiçou a sua fome como um soco no estômago.

Não bastasse a dor da fome, a ansiedade corroía seu peito para contar a Maya e Gareth sobre o convite de acompanhar Derio na festa do prefeito, o lindo vestido que ganhara dele, sobre como foi tratada tão bem pelos pais de Derio que pareciam satisfeitos com o romance dos dois. Estava feliz com tudo aquilo, mas Gareth ainda não sabia, era um segredo dela e de Maya que esperavam uma boa oportunidade para contar a ele. Teria que ser hoje.

Ela acelerou os passos para se apressar em chegar em casa, mas algo estranho chamou sua atenção. Passos além do dela também aceleraram.

Um frio na barriga tomou conta dela e sentiu o coração querer subir a garganta. Estão me seguindo? Assustada com aquilo deu uma olhada na rua por onde estava e não haviam muitas pessoas. Uma ou outra e pareciam tão distraídas que não notariam nada e isso só aumentou o terror dela.

Os passos atrás dela pareciam mais rápidos do que antes como se fosse em sua direção. Antes não queria olhar para não chamar atenção, mas dessa vez tinha certeza que era com ela aquilo. Ao se virar para ver quem era e o que queria viu uma mão suja vir com força até sua boca e a calou imediatamente. O peso da mão batendo em seu rosto fez ela morder a língua e o gosto férrico do sangue espalhou em sua boca. A mão abafou um grito de dor e desespero enquanto que com o outro braço foi abraçada a força e arrastada para uma ruela estreita e comprida que dava acesso ao outro lado da rua.

— Quietinha gracinha. — Disse um homem com uma voz irritante e abusada, o mesmo homem que também havia ficado preso com ela e passaram juntos pelo portão.

Ele estava me seguindo!

Ele não usava máscara ou qualquer coisa do tipo para se esconder. Era magro e alto, seus cabelos mal cortados e desengrenhados davam a ele uma aparência repugnante. Camisas curtas exibiam braços magros e tatuados.

Coração Negro - O RitualWhere stories live. Discover now