Capítulo 3 - Sempre

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SEMPRE

[ AVISO IMPORTANTE ]
[ Caso encontrem algum erro, peço desculpas desde já. ]

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ALICE caída no chão sentiu o sangue quente subir pelo rosto de raiva. As risadas abusadas eram de Anne Luchesan e de sua amiga Bettrys Port Hein paradas perto da entrada.

Lentamente Alice levantou, desamassou o vestido e se ajeitou ainda de costas para as duas segurando a raiva dentro dela.

— Olhe isso, Bettrys. Alice, a pobre nominada que te falei. — Anne disse e riu debochadamente.

Anne, uma garota de cabelos castanhos como o irmão, usava um longo vestido rodado de cor clara repleto de adornos decorativos. O tecido de luxo e os detalhes da costura destacavam a cintura, o busto e os ombros. Seu rosto era fino, olhos castanhos e de beleza surpreendente. Bettrys também usava um vestido como o de Anne, porém de um azul bem suave que entrava em contraste com seus cabelos ruivos e olhos verdes.

— Olha para mim garota. — Exigiu Anne. — Não banque a coitada comigo.

Para surpresa de Anne, Alice se virou devagar com um grande sorriso caloroso e receptivo no rosto. Seus olhos eram firmes e olhavam diretamente nos dela como se nada tivesse acontecido.

— Bem-vinda de volta, senhorita Anne. — Alice olhou Bettrys de forma calorosa. — Bem-vinda, senhorita. — Voltou o olhar para Anne e continuou. — Como já falei com seu irmão, os quartos das senhoritas estão prontos e esperam por vocês.

Anne sentiu o rosto queimar de raiva, seu esforço para rebaixar Alice tinha sido em vão depois daquele sorriso e aquele comportamento educado. Anne fechou o rosto, passou uma de suas mãos na mão da amiga e entrou para sala.

— Está dispensada, infeliz. — Anne disse enquanto sumia pelo corredor.

— Com licença. — Alice se retirou.

Alice seguiu caminho pelo jardim, odiando o ocorrido e ainda mais Anne. Ela não tinha mudado em nada e ainda trouxe uma amiga que também riu dela. Já não bastava uma, agora duas! Pensou. Suas palavras na mente expressavam raiva e ela só queria ir para casa logo carregando uma leve dor no peito de coisas ruins para acontecer.

Andando em direção ao portão remoendo o acontecimento de minutos atrás se viu orgulhosa por ter agido educadamente como deveria e ainda ter visto Anne ficar com raiva dela daquela forma. Aquilo poderia custar algum infortúnio para ela, sabia disso, mas ainda era uma vitória depois de somente ser humilhada por Anne a vida toda. Com um sorriso meigo no rosto, mentalmente agradeceu Garrot pelas palavras.

Sempre mimada pelos pais por ser a filha mais velha e cobiçada por muitos jovens, Anne usou sua casta nobre para perseguir os considerados nominados. Alice era uma delas e sofria todo o tipo de humilhação possível. Sempre fez questão de rebaixar e humilhar os nominados por razões até que nunca existiram. Agressões verbais e até físicas foram instrumentos de Anne contra os nominados.

Alice nunca pôde reclamar, afinal, Anne era filha da família e o medo de ser punida por isso sempre falou mais alto. Garrot foi quem tirou Alice de alguns problemas com Anne por vezes tomando o seu lugar assumindo a culpa por coisas que ele nem tinha feito, o que era um alívio temporário, pois Anne se divertia em fazer Alice sofrer.

Já no portão pronta para sair, Alice olhou para trás e viu pela porta da casa ainda aberta no final do corredor, Derio com as mãos na cintura olhando para ela. Não soube dizer o que ele tinha visto, mas tinha medo de que ele ficasse ao lado da irmã quando ele sempre foi tão bom com ela.

Coração Negro - O RitualDove le storie prendono vita. Scoprilo ora