10 - Que tal um beijo?

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— Dessa vez, você é imortal... — Disse-me ele, incrédulo. Dessa vez? — Não posso acreditar que... — Ele sorria, mas eu não sabia o motivo.

Luca caminhou até mim, então, ergui novamente a aba da camiseta e mostrei minha cintura, mas ele continuou balançando a cabeça negativamente. Em um súbito ataque de loucura, peguei sua mão e a coloquei no lugar onde havia tido um corte. O toque de seus dedos sobre minha pele causou-me um certo arrepio e eu não queria que ele parasse. E, como se houvesse lido minha mente, Luca acariciou levemente minha cintura com o polegar. Depois, afastou-se.

— Acredite... — Sussurrei, cravando meus olhos nos seus.

— Susana, o que mais há de diferente em você?

— Cara, eu não sou uma aberração, okay?

— O que mais acontece com você?

Pensei por alguns segundos.

— Não ria, mas eu sou... forte, mais do que várias garotas da minha idade. E, bem, não sou nenhum Flash, mas sou um pouco mais rápida também...

Subitamente, Luca tornou a fazer a macarronada. Algum tempo se passou, e eu já estava ficando irritada com aquele silêncio. Sem olhar para mim, perguntou:

— Você tem irmãos?

— Uma irmã, ela ainda é uma criança... Por quê?

— E sua mãe?

Demorei para responder.

— Ela... ela morreu.

Recostei-me num balcão e o observei.

— Eu sinto muito.

— Certo... mas por que essas perguntas agora?

— Curiosidade...

— Curiosi... — Interrompi-me. — Luca?

— Sim?

— Por que está indiferente com o que eu disse? Quer dizer, acabei de falar que sou uma lagartixa... ou melhor, sou como uma lagartixa. Você devia estar um pouco assustado, não?

Ele começou a rir, e é claro que eu era a piada do momento. Eu estava ficando desconfortável com aquilo.

— Por que eu teria medo de você? — Indagou, virando-se para mim.

Seus olhos escuros me desafiavam.

— Viu o que fiz com Vitor...

Luca caminhou em minha direção, então, ele me prendeu contra o balcão que havia atrás de mim.

É agora...

— Vitor não é nada.

— Mas, teoricamente, deveria ser mais forte do que eu... Não é?

— Está tentando me convencer de que você realmente é diferente... Quer dizer, que é uma lagartixa?

Respirei fundo.

— Você entendeu o que eu quis dizer com isso.

— Se eu disser que acredito em você... Acharia que estou mentindo?

Ergui um pouco o queixo para olhá-lo diretamente nos olhos.

— Eu não sei... não conheço você o suficiente para saber.

— E... — Ele segurou minha cintura, seus dedos acariciando o local onde supostamente devia haver um machucado. — Se eu disser que já nos conhecemos, há muito tempo... acreditaria em mim?

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora