Essa foi a primeira coisa que eu notei. Em seguida, o cabelo castanho meio comprido, mas a cor me pareceu apagada, como se o sol tivesse deixado suas madeixas mais claras, afinal, as sobrancelhas eram mais escuras. O nariz era reto e longo, e olheiras estavam implantadas sob seus belos olhos, os quais pareciam estar me atravessando naquele momento.
— A culpa foi minha, desculpe. Se quiser, compro um novo suéter para que não tenha de usar esse.
— Não, não se preocupe.
Estreitei levemente os olhos para ele, era estranho, mas algo me dizia que eu já o tinha visto em algum lugar.
— O que foi? — Indagou o rapaz, cravando suas íris nas minhas.
— Nada, com licença.
Passei por ele rapidamente.
Que sensação estranha!
Fui até o caixa e paguei pelos alimentos, olhei para trás enquanto saíamos da padaria, e aquele cara estava olhando para mim, então, fez um pequeno aceno com a cabeça enquanto tomava outro café. Eu apenas levantei a mão e virei-me para a frente outra vez. Juliana me olhou.
— Acho melhor buscarmos alguma coisa para você vestir.
— Não precisa, não me importo de ficar assim, a culpa foi minha mesmo.
— Então, Su... não acho que a culpa tenha sido sua.
— Por quê? — Perguntei sem entender.
Ela coçou a testa.
— Porque aquele cara com certeza viu você, ele devia ter desviado, poxa! Sei lá, parece que foi de propósito...
— Ele não faria isso sendo que você poderia ter visto, Ju.
— Ah, sei lá... Vamos lá pra casa, meus pais devem ter saído para trabalhar.
— Está bem. — Concordei, mesmo sem querer.
Para nossa sorte, a casa de Juliana ficava há menos de dez minutos dali, fomos rapidamente até lá, encontramos algumas pessoas da nossa sala no caminho, mas nem ligamos, afinal, o que eles tinham a ver com a nossa vida? Quando chegamos à casa dela, pulamos o portão, que não era muito alto, mas que mesmo assim tive um pouco de dificuldade, enquanto ela parecia fazer aquilo corriqueiramente.
— Ah, minha janela está aberta! — Exclamou. — Vou pegar alguma camiseta e dinheiro, já volto!
— Okay.
Por que alguém deixaria a janela aberta com um portão, teoricamente, fácil de pular? A senhora Sanches deve ser louca...
A resposta para esse questionamento apareceu quase que instantaneamente. Num corredor, havia uma casa grande de cachorro, e dentro dela um cão da raça Rottweiler começou a se levantar e caminhar pelo corredor em minha direção, a cada centímetro, ele vinha mais rapidamente. Até pensei em chamar Juliana, mas e se o fato de eu gritar, enfurecesse ainda mais o cãozinho?
Virei-me para trás e comecei a subir no portão novamente.
Com um cachorro desses quem precisa trancar janelas?
Eu estava desesperada e não sabia o que fazer, estava no topo do portão e o cachorro pulava cada vez mais alto, temi descer e ele morder meu pé. Então, ele pulou muito alto, e só não me alcançou porque, num momento de pura idiotice, joguei-me na rua do lado de fora da casa. Nesse minuto, fechei os olhos para sentir o baque no chão, mas ele não veio, o que se seguiu foram braços me segurando com muito cuidado e claramente sem esforços. Respirei fundo e abri os olhos, depois, fitei o rosto de meu "salvador".
— Você?
— Estava esperando por alguém? — Debochou o cara da padaria, e colocou-me no chão. — Estava tentando invadir essa casa?
— Não é da sua conta.
Ele respirou fundo.
— Sabe, tenho a impressão de que acabei salvá-la... não acha que deveria me agradecer?
De alguma forma, essa frase também me pareceu familiar. O cachorro de Juliana não parava de latir.
— Obrigada por me salvar do chão!
— Eu devia tê-la deixado cair.
— Se não percebeu, esse era o meu propósito. — Rebati.
O rapaz arqueou uma das sobrancelhas escuras e encarou-me.
— Não seja por isso. — Disse, pegando-me no colo novamente, fazendo menção de me colocar sobre o portão outra vez.
— Tudo bem, obrigada!
Ele sorriu, mas demorou um tempo desnecessário para me finalmente me soltar. Respirei fundo.
— Disponha.
Eu o encarei, a fim de notar sua expressão com meu próximo comentário.
— Sabe, tenho a leve impressão de que você me seguiu da padaria até aqui.
— Por que acha isso? — Eu estava começando a odiar o modo como sua voz sempre parecia ter um tom de ironia por trás.
— Porque é muita coincidência. — Respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
— Pois achou certo.
Encarei-o. Ele estava mesmo confirmando me havia me seguido? Fiquei em silêncio, não soube o que responder, então Juliana saiu de sua casa.
— Anjo! — Gritou ela. — Já estou indo.
— Tudo bem, não tenho pressa... — Respondi.
Juliana riu.
— Não, Su, estou falando com ela — Apontou para a Rottweiler.
— Ela se chama Anjo, não acredito! — Comentei para mim mesma.
O rapaz à minha frente riu um pouco, percebendo minha inconformidade com relação ao nome da cadela de Juliana.
— Bem, já vou indo, espero vê-la novamente, senhorita...?
— Susana. — Respondi, sem entusiasmo aparente.
Ele piscou para mim e começou a caminhar de volta por onde Juliana e eu tínhamos vindo. Observei seu caminhar, era calmo e confiante, e as roupas escuras davam-lhe um ar de bad boy. Ele era insuportavelmente atraente. Foi então que percebi uma coisa.
— Espera! — Gritei, mas não muito alto. — Eu não sei o seu nome...
Ele me olhou por cima do ombro, mas continuou caminhando.
— Hector.
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Abra os olhos, Anjo (livro 2)
الخيال (فانتازيا)***ATENÇÃO***: NÃO LEIA ESTA SINOPSE CASO AINDA NÃO TENHA LIDO O PRIMEIRO LIVRO, POIS ELA CONTÉM SPOILER DO MESMO. O TÍTULO DO PRIMEIRO LIVRO É "FECHE OS OLHOS, ANJO".............. Luca cessa sua caçada aos nefilins após a morte de Susana e tenta...
4 - Safiras familiares
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