2 - Apenas um toque

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Ótimo, não terei que ver a cara dele amanhã... Droga, por que estou tão incomodada com isso? É tão ridículo! Pense pelo lado positivo, você não levará nenhuma bronca do papai.

Após aproximadamente vinte minutos de caminhada, cheguei em minha casa. Na sala, Heloíse assistia a algum desenho idiota, mas que provavelmente me prenderia no sofá se eu me sentasse para assistir -devia ser algum tipo de mágica dos desenhos animados, principalmente dos mais ridículos.

— Papai tá bravo. — Avisou-me minha irmã enquanto se levantava do chão.

Ela subiu no sofá e cobriu-se com uma coberta cor de rosa.

— O que aconteceu? —Perguntei, colocando a mochila no sofá.

— Não sei, não...

— Susana! — Ouvi a voz do meu pai gritar da cozinha.

Fui calmamente até lá, afinal, o que eu havia feito? Não tinha motivo algum para me preocupar. Bem, pelo menos era o que eu achava.

— Oi, pai. — Murmurei enquanto me recostava na geladeira.

— A diretora da sua escola me ligou há uns dez minutos, pediu para que eu fosse ao colégio amanhã, ela me disse que você se envolveu numa briga nas últimas aulas. Isso é verdade?

Hesitei.

— Eu... hum...

— Mas que droga, Susana! No ano passado foi a mesma coisa, bem no primeiro dia de aula... Eu mereço.

— Tá legal, no ano passado, talvez eu tivesse sido um pouco... encrenqueira. — Falei num tom ameno. — Mas dessa vez a culpa não foi minha, eu juro.

— O que realmente aconteceu, então? — Questionou-me ele, encarando-me furioso.

Cocei a cabeça, estava nervosa, não por estar levando aquela bronca, mas por não estar preparada para ela, afinal, Luca havia me dito que não faria nada a respeito do ocorrido.

— Um cara ficou me enchendo o dia inteiro, pediu para ficar comigo, mas eu não quis... Então, no fim da última aula, ele passou a mão em mim, pai... Eu tive que socar a cara dele!

— Bem, se foi por esse motivo, amanhã esse moleque ganhará mais alguns hematomas na cara! — Respondeu meu pai, ainda nervoso.

Mas eu sabia que não estava ressentido comigo. Sorri e virei-me para ir ao meu quarto, mas ele me chamou outra vez.

— Susana?

— Oi?

— Quero que você converse com Heloíse sobre um assunto delicado.

— Que... assunto? — Indaguei, embora já imaginasse do que se tratava.

— Muito provavelmente, nós... vamos nos mudar.

— O quê? Por quê?

Ele ficou de frente para mim e olhou-me seriamente.

— Lembra que eu estava tendo encontros com uma moça... Você disse que não se importava.

— Claro, se ela não tentasse se passar pela mamãe... Aliás, você nunca me apresentou essa mulher... e já faz bastante tempo que estão juntos.

— Sim, exatamente. Eu a apresentaria a vocês num fim de semana que fôssemos até o Rio... Nós queríamos morar juntos, mas ela não pode vir para cá.

— Por que não? Qual é mesmo o nome dela? Carine?

— Sim... Carine não pode deixar seus negócios no Rio.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Where stories live. Discover now