Capítulo 40

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A operação começou finalmente a caminhar para a obtenção de informações incriminatórias sobre as indústrias Rouveron. Justine conseguiu copiar os arquivos do computador de Lionel e dias depois do computador do próprio Lincoln. Como era assistente pessoal de um dos irmãos, tinha carta branca para entrar e sair da sala dos chefões. Conectar os computadores foi impossível porque não ficou tanto tempo sozinha nos departamentos, mas o agente Sam Foster ficou feliz com o que ela conseguiu.

Jason recebeu o cartão personalizado com a data e a hora. No dia marcado ele estava lá. Ficou um pouco decepcionado ao ver que alguns poucos magnatas, amigos dos irmãos Rouveron, estavam ali realmente para beber, fumar charuto exorbitantemente caro e jogar cartas. Não que tenha sido ruim, mas definitivamente não foi produtivo. Dylan Meyer estava possesso com o ritmo que as coisas estavam caminhando.

A oportunidade de ouro chegou para Justine em um dia qualquer, em uma reunião entre os irmãos e outros associados. Lincoln estava sentado na cadeira presidencial desfilando broncas em todos os seus associados devido a um problema de distribuição que estava se agravando no oeste do país. ele estava de mau humor e gritava ordens, socava a mesa e intimava os demais. Apenas Lionel parecia tranquilo e indiferente à ira do irmão.

Havia um documento importante que não estava na pasta principal da pauta e Lincoln quase infartou quando se deu conta de que tinha levado o bendito dossiê para casa e o havia esquecido lá. Bravo e muito impaciente o chefão estava para comer o fígado de um deles quando Justine se ofereceu para ir buscar.

-Se me disser onde o colocou, não me importo de ir até lá buscar.

Irritado o homem respirou fundo e respondeu secamente.

-Está na mesa do meu escritório particular. Não entre lá. Vou ligar para que minha governanta o entregue a você.

-Como quiser.

Antes que ele mudasse de idéia, Justine se apressou para fora da sala onde o motorista particular do homem já a aguardava. De dentro do carro ela mandou uma mensagem para Moicano.

"Oportunidade apareceu. Estou entrando sozinha na casa de L.R"

Ele respondeu de imediato.

"Estamos no apoio".

Era o que ela precisava, que seus irmãos soubessem onde estava e o que ia fazer, porque se alguma coisa desse errado, eles saberiam onde encontrá-la.

Quando o carro parou de frente com a mansão Rouveron, ela desceu e logo uma porta se abriu. Uma senhora sisuda e baixinha falou com voz ranzinza.

-Aqui está o que veio buscar.

Justine não esperava que a senhorinha não a deixasse sequer entrar. Por isso pegou o envelope e sorrindo simpática ela pediu.

-Será que posso tomar um pouco de água? Estou com muita sede.

Aborrecida a senhora olhou pra ela desconfiada, mas indicou a direção da cozinha.

-Siga até o final do corredor e seja breve.

Ela obedeceu e ficou atenta quando sumiu das vistas da mulher. Olhou de um lado para o outro e começou a andar tentando encontrar o banheiro que tinha o esconderijo secreto. Abriu uma porta e depois outra e mais outra. Aquele era um labirinto em forma de casa e Justine se viu perdida entre um cômodo e outro. Sala se estar, sala de TV, sala de jogos, escritório, biblioteca, escadaria para o andar de cima, escadaria para o andar de baixo, um banheiro comum, um lavabo, uma lavanderia particular.

Ela corria contra o relógio e se escondia aqui e ali quando ouvia vozes que provavelmente era de empregados. Abriu outra porta, um quarto, uma academia, um ambiente de restaurante personalizado...caracas, um restaurante de comida japonesa? Jesus Cristo... um cinema particular? Ela só ficou imaginando o que teria no andar de cima, já que tudo parecia estar localizado no andar de baixo.

Cuidadosamente ela caminhou entre uma galeria que parecia ter obras de arte valiosas e até que enfim achou o hall de festas onde tinha acontecido o jantar. Ela seguiu o corredor e encontrou o banheiro onde entrou, trancou a porta e abriu o azulejo. Respirando fundo, ela apertou o primeiro botão  e a treliça se abriu. As luzes dos candelabros se acenderam em meia fase e antes de descer as escadas, Justine se certificou de que não havia câmeras ali.

Cautelosa, ela procurou pelo interruptor e apagou as luzes porque se houvesse alguma coisa gravando, ela estaria com seu rosto protegido. A mesma escada, com as paredes vermelhas e os candelabros, agora apagados. Silenciosamente, ela desceu os degraus e se deparou com a sapateira e os cabides e um outro corredor que ela seguiu a passos lentos.

O final do corredor tinha um salão muito amplo com um chafariz no centro. Mesmo no escuro, ela podia ver pequenas salas com sofás, mesas e uma espécie de palco particular,  com um bastão de pole dance em cada um, estavam espalhadas ao redor do local. Um bar mais adiante e uma porta de madeira maciça com um brasão da família Rouveron.

Ela caminhou pelo ambiente limpo e silencioso até a imensa porta e girou a maçaneta. Estava trancada. Caramba, Justine tinha certeza de que o segredo da tal sociedade secreta que o BSS procurava estava atrás daquela porta. Talvez documentos, ou um escritório com evidências do tráfico de armas, ou uma sala de vídeo que poderia ter arquivos altamente comprometedores.

Nervosa, com o coração batendo loucamente no peito, Justine se lembrou de que uma vez havia perguntado ao Polar, como ele conseguia abrir qualquer porta com apenas uma ferramenta. Ele explicou a ela que tinha que encontrar o fecho de trava dentro da fechadura e manusear a ferramenta de maneira a erguer esse fecho. Dai por diante qualquer trava cedia. É claro que ele tinha ferramentas diversas para casos específicos como cofres de bancos por exemplo.

Mas aquela era uma porta apenas. Uma porta dentro de um lugar secreto e não um cofre de banco. Com um pouco de sorte ela poderia abrir aquela porta com um grampo. A menina se deu conta de que estava com os cabelos soltos e procurou na sua bolsa algo que pudesse ser introduzido na fechadura. Um clipe. Caramba, será que conseguiria se lembra das aulas que tinha tido com o Polar durante seu treinamento?

Sem outra opção, ela abriu o clipe para obter uma ponta, colocou o objeto dentro da fechadura e mexeu daqui pra lá e de lá pra cá. Nada. Seu tempo estava se esgotando e ela não podia falhar. Não teria outra oportunidade como essa. Fechando os olhos, a menina se concentrou em achar a trava oculta da porta. Era uma agente caramba, tinha que conseguir. Não podia ser considerada novata a vida toda.

Justine nem acreditou quando ouviu o clique da porta. Agradeceu a Deus baixinho e virou a maçaneta e então seu coração parou e um grito de horror ficou preso na garganta.

Os agentes do BSS - Livro V "A Armadilha"Donde viven las historias. Descúbrelo ahora