Capítulo 7

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-Justine, hei..

A menina parou no saguão, se virou e olhou para o rosto preocupado do homem que a tinha ignorado completamente no último ano. Fúria passou por ela e sem dizer uma só palavra, ela esperou.

-Você, já tá indo embora? O coquetel sequer começou. Não esperava que fosse embora tão cedo.

Ela continuou muda. Jason se sentiu intimidado por aquele olhar enigmático. Pela primeira vez desde que a conheceu, não fazia a menor idéia do que estava passando por sua cabeça. O rapaz tentou novamente.

-Está tudo bem? Eu vi que estava falando com seu pai e ...

-Porque está aqui Jason?

-Faz tanto tempo que a gente não se fala, pensei que pudéssemos conversar um pouco hoje.

-Sério? E o que uma pessoa como eu possa ter de interessante para falar pra você?

-Hei Juju, o que foi?

Justine pensou que Deus estava brincando com o coração dela, só podia. Passou os piores trezentos e sessenta e cinco dias da sua vida pensando no homem que estava de frente com ela se mostrando todo atencioso e prestativo. Esse mesmo idiota não tinha respondido uma mensagem sequer, não tinha atendido suas ligações, não tinha aparecido em sua casa e evitado propositalmente os lugares que pudesse encontrá-la. Ele simplesmente tinha acatado sem pestanejar o que seu pai imbecil tinha argumentado ignorando os sentimentos dela e os dele próprio.

E agora estava ali, a chamando por um apelido carinhoso e fingindo que se importava?

-Quer mesmo saber? Estou cansada. Apenas isso. Sou patética, vazia, fútil e sem propósito. Não perca seu tempo comigo Jay. Há um mundo de expectativas te esperando ali dentro e nos dias que virão. Há um futuro brilhante e uma vida maravilhosa esperando por você. Apenas vá, viva e encontre um amor que não seja uma ilusão, que não seja um desperdício e pela qual valerá a pena você investir.

Ele sabia de onde vinha aquele discurso. Jamais se esqueceria dessas palavras e nunca pensou que ela tivesse conhecimento da conversa que teve com seu pai naquele dia. Quando ela se virou para ir embora, ele a segurou.

-Eu não penso como ele. Essa palavras não foram minhas, sabe que não.

Ela concordou. Olhou direto nos olhos dele e sorriu tristemente.

-Mas acatou. Pra mim, foi como se concordasse integralmente com ele.

Como se tivesse levado um tapa na cara, o rapaz a soltou. Ela foi embora e ele ficou ali totalmente aturdido pelas palavras dela.


Em casa, Justine escreveu um pequeno bilhete para a mãe dizendo que precisava de espaço, que estaria bem e que não se preocupasse com ela. Enfiou dois jeans e umas blusinhas na mochila e pegou dinheiro suficiente para sobreviver um tempo com segurança. Deixou o celular em cima da cômoda e olhou seu quarto. Tinha sido infeliz ali e não sentiria falta. Apagou a luz, fechou a porta e foi embora.


Oito anos depois...

Sede do BSS - Boston - EUA - 2018

Dylan Meyer bateu com a caneta na mesa para poder ser ouvido. Seus agentes cessaram o burburinho e passaram a prestar atenção ao chefe.

-Temos uma situação aqui.

Lorena, que estava de volta à equipe depois de dois anos tocando a vida no Brasil,  entregou os portfólios, depois se sentou ao lado do seu noivo, que por acaso era o comandante mais durão do serviço secreto americano. 

Os agentes do BSS - Livro V "A Armadilha"Where stories live. Discover now