Os agentes do BSS - Livro V "A Armadilha"

Capítulo 6

Jason não voltou no fim de semana. Justine ficou arrasada. Suas mensagens não foram respondidas e suas ligações foram ignoradas. Não sabia o que fazer. Seus pais não pareceram notar seu estado de espírito depressivo. Duas semanas depois e nenhuma notícia. Nem mesmo Max sabia porque Jason não estava vindo pra casa. Quando ela perguntou o irmão apenas deu de ombros e disse que o cara estava estranho.

Justine não sabia se a informação de que Jay estava "estranho" favorecia ou ferrava de vez o pouco que eles tinham. Decidiu que precisava fazer alguma coisa, mas não tinha idéia do que podia fazer. 

No início da terceira semana, bem na segunda feira foi o dia do seu aniversário. Durante o café da manhã, a mãe da menina entregou uma sacola de uma loja de roupas cara e seu pai lhe deu um beijo de parabéns. O dia não estava propício à comemoração. Seus amigos da escola tentaram fazer com que ela comemorasse, mas ela simplesmente não tinha motivos pra isso.

O distanciamento de Jason doía muito e mesmo que ele de alguma forma concordasse com seu pai, ele tinha que ser homem pra assumir isso. Assim que terminou seu café, Justine falou casualmente.

-Depois da aula, vou comemorar com minhas amigas na casa da Sue.

A mãe sorriu.

-Que bom que tem planos porque estava preocupada em te deixar sozinha no dia de hoje e não vou poder te fazer companhia. Combinei spa com minhas amigas, mas é claro que posso desmarcar se tiver algo diferente em mente.

Justine olhou para a mãe por alguns segundos. Já devia ter se acostumado com essa frieza familiar e com o descaso que era tratado tudo que a envolvia, mas sinceramente, era difícil conviver com isso.

-Não se preocupe mãe. Já combinei com as meninas.

Ela se levantou, se despediu rapidamente e saiu com a mochila nas costas.  Vinte minutos depois, Justine estava entrando no ônibus para Boston.

Jason não estava em seus melhores dias. A conversa com doutor Charles tinha tido um impacto devastador em seus sentidos. Embora tivesse desenvolvidos sentimentos profundos pela Justine, sabia que o homem estava certo. Não que ela fosse de fato aquela menina sem atrativos nenhum que o pai enxergava. Ela era inteligente e capaz, apenas não tinha definido ainda o que mais lhe agradava na vida, mas era compreensivo se considerasse que ela era muito nova.

Ele recebeu uma tonelada de mensagens dela e não atendeu nenhuma ligação porque não sabia bem o que dizer. Se fosse honesto consigo mesmo, ele diria que o que mais o assustou nisso tudo tinha sido sua reação impetuosa quando a viu saindo da escola ao lado do tal do John. Queria matar o desgraçado. Sua atitude de pegar o carro e correr atrás dela apenas para se certificar de que ela ainda era apenas sua, não condizia com o que ele tinha planejado para sua vida.

Sim, Justine o tirava de si e era exatamente isso que fazia as palavras do pai dela serem tão verdadeiras.

Justine olhou para aquela imensidão que era a universidade de Harvard. Precisava primeiramente achar o campus da Engenharia de Sistema. Tinha fuçado nas coisas do Max e descobriu que moravam na República dos Veteranos. Roubou o endereço de uma correspondência que estava no meio dos livros dele.

Ela caminhou bastante e foi pedindo informação para um e para outro, aqui e ali até que se viu diante do local onde seu irmão, Jason e Arnaldo dividiam instalações. Ela entrou, subiu as escadas até o terceiro andar e então estava de frente com o quarto. Eram nove da manhã. Certamente eles deviam estar na aula. Precisava avisá-lo de que estava ali para que ele pudesse vir recebê-la, se é que ele viria. 

Tirando o celular da bolsa a tiracolo, ela escreveu a mensagem.

"Hoje é meu aniversário, decidi me dar um presente...vim te ver."