Os agentes do BSS - Livro V "A Armadilha"

Capítulo 17

-Como é?

Ela acariciou o rosto bonito dele e repetiu.

-Não sou casada. Fazia parte do plano.

Primeiro Jason ficou apenas olhando para ela, depois ainda surpreso, sorriu pegando nas mãos dela entrelaçando seus dedos. Mas então ele se lembrou do vídeo e se afastou dela.

-Como nunca teve nada com ele se no vídeo vocês estavam transando... Sua casa estava sendo monitorada e eu vi... todo mundo viu.

Sem graça com a lembrança da simulação do vídeo, Justine precisou de uns minutos antes de falar.

-Não disse que não tive nada com ele. Disse que não sou casada. Agora quanto ao vídeo, bem... sabíamos que estávamos sendo filmados, simulamos tudo.

Jason estava novamente pasmo.

-Sabiam?

-Sim. Moicano viu quando seu amigo agente colocou o dispositivo na moldura do quadro.

Silêncio enquanto Jay absorvia a informação. Caramba, o cara era um bom observador. Justine continuou a explicação.

-Assim quando eu cheguei o Moicano já tinha um plano em mente que era convencê-los de que éramos um casal como outro qualquer.

-E espera que eu acredite que aquela cena de sexo quente que eu vi não foi real? Só pode estar brincando com a minha cara.

-Não foi. Não aquela.

-Não precisa enfatizar que dormiu com ele outras vezes, tenho ciência disso.

-Namoramos por dois anos, isso já dispensa maiores explicações.

-E não namoram mais?

Justine negou com a cabeça.

-E se não namoram mais, porque aquele bastardo infeliz me intimou na cozinha como se tivesse direitos sobre você?

-Terminamos naquele dia...depois que se vocês se foram.

Jason olhou para ela preocupado.

-Ele não... droga Justine, ele não foi violento com você ou coisa parecida, foi?

-Jay, acredite, o Moicano é o homem mais doce e protetor que eu já conheci, ele jamais levantaria a mão pra uma mulher e muito menos pra mim.

Revirando os olhos com a descrição e o inconfundível carinho que havia na voz dela para falar do guarda-roupas humano que era o ex-namorado dela, Jason caminhou até seu bar particular tentando organizar as idéias. Caramba, ela não era casada, ok, essa informação era muito bem vinda, mas morava na mesma casa que o cara e ainda tinha a situação dela ser uma regenerada.

Entretanto, Jason não podia negar que não iria conseguir trabalhar com ela e manter as coisas apenas no profissional. Precisava trabalhar isso em sua mente e ver como caminharia com essa convivência diária de forma racional. Não podia ficar perdendo a cabeça e transando com sua assistente no sofá do escritório de John Scott todos os dias.

Justine estava observando Jason preparar seu drink. A confusão em sua mente, em seus sentimentos estava estampado em sua feição. Ele a queria, mas  pensar que ela era uma ex-fora da lei estava perturbando seus sentidos. Mais uma vez, ele estava preso à convenções estúpidas, estava dividido entre o que queria e o que o comprometeria por causa  de informações inconclusivas, por suspeitas infundadas e tudo isso sem sequer considerar a presença dela ali.

Ela podia esclarecer tudo agora mesmo. Podia deixá-lo saber que não era uma ex-criminosa, mas pensou que se a situação fosse contrária, para ela não importaria. Se fosse ele quem estivesse na eminência de ser um ex-detento e ela soubesse que ele havia buscado um novo caminho para recomeçar e que agora trabalhava para o governo em um emprego digno e importante, então estaria ao seu lado sem pestanejar. Era isso que esperava dele, mas...