Capítulo 33

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Zayn acabou mudando-se para o hotel em que Liam estava hospedado, e os dois, sentados na saleta, faziam planos para o futuro. Zayn havia conseguido destrancar a matrícula e concluiria o curso de medicina no fim do semestre. Conversavam animados, quando o telefone tocou. Liam foi atender e, com uma das mãos sobre o bocal do fone, disse para Zayn:

- É sua mãe. Está lá embaixo, pedindo para falar-lhe.

- O hotel permite que ela suba?

- Claro que sim.

Liam deu ordens para que a deixassem subir, e ela apareceu poucos minutos depois. Após cumprimentá-la, Liam pediu licença e foi para o quarto.

- Mamãe! - exclamou Zayn, abraçando-a com efusão- Vencemos! Eu não lhe disse que era inocente?

- Eu sabia, meu filho. No fundo, sempre soube que você não era nenhum marginal.

- Obrigado. Sua compreensão e sua ajuda foram fundamentais para que eu continuasse a lutar. Não fosse por você, não sei o que teria sido de mim.

Trisha enxugou discretas lágrimas e afagou as faces do filho

- E o que pretende fazer? - perguntou, disfarçando a emoção.

- Liam e eu estávamos combinando. Ele vai esperar até que eu termine a faculdade, e então vamos viajar para a Europa.

- Não! Você não pode me deixar agora!

- Lamento, mas é a única saída. Liam tem vida feita lá. É músico consagrado, integra a filarmônica de Salzburgo. Não pode deixar tudo isso de lado. E eu, o que tenho? Nada. Minha vida mal começou e já está destruída.

- Não diga isso.

- E verdade. Que pais levariam os filhos a meu consultório depois de descobrirem do que fui acusado?

- Mas você é inocente! A Justiça provou isso.

- Na verdade, o doutor Greg abandonou a causa. Não fui propriamente absolvido. Sempre restará uma dúvida no coração das pessoas, e, pelo sim, pelo não, ninguém confiará os filhos a mim.

- É você acha que na Europa vai ser diferente?

- Liam vai me ajudar. Tem muitos conhecidos e vai me arranjar residência num hospital. Depois, vou fazer pós-graduação por lá mesmo. Quem sabe, até um mestrado ou doutorado?

- Vou sentir sua falta... - choramingou.

- Sei disso. Também vou sentir a sua. Mas não há outro jeito. Não posso pedir a Liam que abandone tudo que conquistou e não estou disposto a me expor ainda mais ao preconceito. Considero-me quite com a sociedade por ser homossexual.

Com a voz embargada, Trisha indagou:

- Quando vão partir?

- Se tudo correr bem, no final de julho.

- Tão cedo assim?

- Não posso esperar mais. Já sou um homem. Perdi tudo que tinha, não tenho mais estágio nem emprego. O que espera que eu faça? Que viva à custa de Liam?

- Gostaria que você ficasse perto de mim. Já perdi tanto tempo... Gostaria de participar do resto de sua vida.

- Lamento, mas não posso ficar. Não me faça sentir culpado por querer viver minha vida.

- Não se trata disso. É que vou sentir sua falta.

- Vou escrever para você. Virei visitá-la nas férias, e quem sabe você também não possa ir à Áustria? Dizem que é lindo por lá.

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