Capítulo 25

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Harry e Doniya acompanhavam tudo. Do mundo espiritual, tentavam alcançar a mente do juiz, assim como haviam feito com a defensora, incutindo-lhe pensamentos que revelavam a verdade. Com Anne, o efeito surtira rápido. Com o juiz, esperavam que não fosse diferente. Jackson simpatizou com
o rapaz, achara-o um moço tímido e com ar decente.

Teria mesmo sido capaz de uma atrocidade daquelas?

Precisava descobrir. Interrogaria o menino e o levaria a falar a verdade. Não o intimidaria nem o pressionaria. Mas não era difícil a um magistrado extrair a verdade de uma criança.

Ao voltar da audiência, Greg encontrou Denise e Niall andando de um lado para o outro na sala, ansiosos por sua chegada.

- Até que enfim! - exclamou Denise, correndo para o marido. - E então? Como foi?

Greg sentou-se no sofá e encarou-a com ar cansado

- Como esperava que fosse? Constrangedor.

- Zayn estava lá? - perguntou Niall.

- O que você queria? Que ele não comparecesse e fosse preso de novo? É claro que estava lá.

- Não precisa falar com Niall nesse tom - censurou Denise - Não é ele o criminoso.

- Nem eu - respondeu Greg rispidamente.

Levantou-se irritado e foi ao quarto de Theo. O menino havia retomado suas atividades normais e estava estudando.

Voltou a freqüentar a escola, mas não conversava com ninguém sobre o que lhe aconteceu. Estava triste, acabrunhado, evitando o contato com os amigos.

Greg entrou e sentou-se na cama, atrás dele.

- Olá, meu filho. Como está?

Thep soltou o lápis em cima do caderno e virou-se para ele, os olhos brilhantes das lágrimas que os umedeciam de quando em vez.

- É difícil, pai -desabafou, a voz embargada.

- Estão rindo de você? Fizeram algum comentário maldoso?

- Não diretamente. Mas, por trás, sei que comentam e apontam para mim.

- Sinto muito, Theo. Deus sabe o quanto gostaria de ter evitado expor você a esse constrangimento. Mas sua mãe insistiu... E, depois, não acho justo um criminoso andar impune por aí. Eu não gostaria que isso acontecesse ao filho de mais alguém. Não concorda?

Theo apenas balançou a cabeça, evitando o olhar do pai.

- Não quero mais estudar lá - falou baixinho.

- Mas, meu filho, já estamos quase no fim do ano. Não seria melhor esperar um pouco mais?

- Não, pai. É muito difícil. Nem sei se vou conseguir passar de ano. Eu leio, leio e não entendo nada. E se for reprovado?

- Não faz mal. Se for reprovado, no ano que vem você se recupera.

- Todos vão me apontar na rua

- Ninguém vai fazer isso. Não precisa se sentir envergonhado. Você não teve culpa

- Ouvi uma conversa de alguns garotos maiores. Foi por acaso, na escola. Eles nem me viram. Mas sabe o que disseram?

- O quê ?

- Que eu nunca mais serei o mesmo depois disso. Que já fui arrombado, e nada vai poder me remendar.

- Mas quanta grosseria! Quem são esses garotos? Vou falar com o diretor. Isso não pode ficar assim.

- Não, pai, por favor! Já é difícil saber que riem de mim. Vai ser pior se ainda me odiarem.

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