Capítulo 21: Yuki-Onna

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Shiojiri, Japão

Inverno

O primeiro floco de neve atingiu a janela da biblioteca da casa de Jasmine. Harry, que por acaso olhara para fora, viu-o atingir o vidro e ali ficar. Olhou as dezenas de papéis sobre a mesa. Desde o primeiro dia dele ali no meio do Outono, ele vinha estudando as Runas do Grimório de Deon Youngblood, mas não conseguia descobrir exatamente como o feitiço de imortalidade funcionava e como poderia sabotá-lo sem que os inimigos descobrissem o que ele havia feito.

O feitiço era extremamente complexo. Provavelmente era o feitiço mais completo que Harry vira na vida. Pelo que ele havia entendido até agora, um bruxo precisaria de sete Horcrux para que funcionasse, mas todas elas deveriam ser pessoas do mesmo sexo daquele que conjura. Ou seja, ele precisaria matar outras sete pessoas. Em seu Grimório Deon chama de "sete sacrifícios" e "sete receptáculos".

Uma vez que as partes da alma estão dentro dos corpos, o bruxo precisa que outros sete bruxos diferentes conjurem feitiços para que os receptáculos sejam conservados durante setecentos anos cada. Essa é a parte fácil, Harry concluiu, basta congelá-los. A última parte do feitiço, entretanto, era a mais complicada.

Tratava-se de um feitiço de troca de corpo. Harry nunca tinha ouvido falar de um feitiço assim, mas era o que Deon havia feito. Era impossível ler o feitiço do Grimório, pois não apenas estava escrito em Runas, como também estava em uma espécie de código que ele não conseguia decifrar e, sem o fazer, não tinha como sabotá-lo e cumprir a missão dada pelo Ministro.

Saiu da biblioteca e de seu esconderijo. Andou devagar pela rua, sentindo os flocos de neve tocarem seu rosto. Estava bem agasalhado, e por isso não sentia frio. Enquanto caminhava, ouviu a bela voz de uma mulher cantando. Era uma música lenta, um tanto lírica, belíssima de se ouvir. Parou diante de uma casa exatamente como a que ele estava, da qual ele achava estar vindo a música.

Via pelas janelas um vulto indo para lá e para cá. Deduziu que era uma mulher fazendo os deveres domésticos. Era ela quem cantava. A porta de repente se abriu; uma jovem japonesa estava diante dele. Ela era lindíssima, com longos cabelos negros, olhos da mesma cor. Ela usava um quimono florido cor de rosa, amarrado a cintura por um pano preto. A mulher, assim que o viu, fechou a porta de supetão. Harry a havia assustado.

- Ei... Moça... Eu não quis te assustar! - Quando notou, já estava encostado à porta. - Moça? - Chamou com o ouvido colado à porta.

- Vá embora. - Ela disse em um inglês perfeito, mais perfeito até do que o de Yuta.

- Me desculpe, não foi minha intenção de assustar! - Harry disse, mas nenhuma resposta veio.

Voltou para o esconderijo, onde Yuta o aguardava na entrada. Ele trazia consigo comida, mas dessa vez não era nada japonês, e sim um Curry de carne. Harry nunca ficou tão feliz de ver o amigo oriental.

- Onde conseguiu isso? - Harry perguntou.

- Isso, meu amigo, é um segredo. - Ele sorria. - Brincadeira. Eu comprei no mercado inglês de Tóquio.

- Incrível! Temos que comer imediatamente! - Eles sentaram-se à mesa, serviram-se e, enquanto comiam, Harry perguntou: - Qual a melhor forma de se desculpar a uma japonesa?

- Como assim? - Yuta estranhou.

- Agora a pouco eu ouvi uma mulher cantando aqui na rua. Em uma das casas vizinhas, para falar a verdade. Eu parei diante da casa dela. Ela saiu, mas, assim que me viu, ela fechou a porta subitamente. Eu devo tê-la assustado. - Por alguma razão, Yuta riu.

Auror Potter e o Mestre dos DisfarcesWhere stories live. Discover now