Capítulo 19: Deon e Salazar

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Constantinopla, Império Bizantino

Século XI, 1095

No terceiro dia do mês Quintil [maio], dia em que completo noventa anos, estou a morar ainda na cidade de Constantinopla, capital do Império. Durante meus estudos mágicos diários, um velho amigo, já muito velho e moribundo, apareceu em minha porta em busca de um último favor antes de sua morte.

Conheci Salazar Slytherin após sua saída de Hogwarts, a escola para bruxos fundada nas terras ao norte da ilha da Britânia. Ele, por considerar os bruxos meio-sangue ou nascidos de trouxas inferiores aos demais, abandonou a escola. O conheci ao Egito, ao sul do Império, enquanto eu fugia de alguns soldados-bruxos do imperador. Ele me ajudou.

Nossos caminhos se separaram muitos anos depois, quando eu segui em uma viagem através do poderoso Mar do Oeste, e ele permaneceu na Europa. Desde aquele dia, não mais recebi notícias suas, e não mais mandei minhas.

Salazar veio até mim, pois não viveria muito mais tempo e, antes que encarasse a Morte, tinha que esconder um poderoso e sombrio objeto em um local seguro, que se caísse em mãos erradas, poderia significar a destruição; não apenas para os bruxos, mas para o mundo todo. Tal objeto não deveria ser simplesmente escondido, mas protegido com feitiços tão complexos que seria quase impossível quebrá-lo.

Quando perguntei que objeto tão sombrio poderia ser aquele para que fosse guardado sob tal feitiço, ele respondeu que era sua própria varinha. Fui até minha estante, da qual peguei o Grimório de meu pai, que em tempos do passado, foi um bruxo poderoso, capaz de conjurar e criar os mais diversos feitiços. Abri-o sobre a mesa, procurei pelo feitiço e o mostrei para meu velho amigo. Folheamo-lo juntos, procurando por algo que poderia servir.

- Acredito que esse feitiço irá servir para o que precisamos. - Anunciei.

O feitiço escolhido era um tanto complexo. Ele requeria uma superfície de ferro puro, doze varinhas diferentes que pertençam a bruxos, ou seja, não poderíamos construir ou comprar no Olivaras; e requeria por último a dor de um herói.

- Este último ingrediente é um tanto estranho e dificílimo de conseguir. - Salazar disse.

- É mais fácil do que você pensa. - Afirmei. - Dor pode vir de muitas formas. Podemos, por exemplo, sacrificar a vida de alguém que seja querida por algum herói. Talvez, até mesmo, feri-lo, mas acho que o feitiço não irá funcionar com dor física.

- Velho amigo, disso eu sei. O problema será arrumar um herói.

- Eu mesmo o sou. Quando nos separamos, décadas atrás, fui para terras muito distantes, além do grande Mar do Oeste. Encontrei pessoas naquele lugar, civilizações com magias estranhas. Contudo, os seus deuses traíram ao povo, ordenando que um grande vulcão destruísse a cidade. Eu salvei tal cidade, tornando-me assim, um herói.

- Então você criou o feitiço que lhe pedi?

- O feitiço Cruciatus?

- Mas é claro. Eu o pedi para que criasse, pois você é melhor que existe quando se trata de criar feitiços do nada.

- Agradeço o elogio. Ele tem como objetivo retirar a dor de uma pessoa, mas essa dor não é destruída, mas sim jogada na direção que é apontada. Se apontar sua varinha para o chão, a dor irá para o chão. Se apontar para uma árvore, a dor irá para a árvore. Se apontar para uma porta...

- A dor irá para porta.

Levou três meses para conseguirmos o ferro puro e mais de uma semana para levarmos até o local escolhido na Britânia. Contratamos um ferreiro experiente, para transformar as pepitas de ferro na porta do tamanho necessário. Enquanto ele o fazia, Salazar e eu viajamos por toda ilha da Britânia procurando pelas varinhas que usaríamos no feitiço.

Auror Potter e o Mestre dos DisfarcesWhere stories live. Discover now