Parei um minuto para respirar e agradeci a Deus por ter uma amiga tão boa quanto Lena.

-Eu não demoro. -Falei para ela que sorriu em resposta. Tirei o avental dos 'empregados' e saí dali indo em direção ao caixa na entrada. Peguei o celular na minha bolsa e liguei para meu pai, mas antes que ele atendesse, desliguei. Jefferson estava fechando a porta do carro e vindo em direção ao mercado. Deus! Ele ainda não tinha ido embora? Fiquei parada enquanto ele chegava cada vez mais perto. Porque diabos eu não conseguia ter uma reação? Apertei os olhos e respirei fundo. Eu não o conhecia, era isso. Joguei minha bolsa nos ombros e caminhei a passos largos para fora do mercado. Eu estava quase passando por ele e achei que ele nem me notaria, mas notou.

-Alicia... -Fingi não ouvir a apressei meus passos -Alicia! -Senti ele perto e então, como um gesto idiota comecei a correr pela calçada. Eu queria fugir dele... Não queria ouvi-lo. -Para, Alicia! -Ele me segurou e me puxou contra seu peito. Fechei os olhos para acalmar minha respiração. 

-Para de me seguir! -Gritei quando estava mais calma e tentei me soltar, mas ele não deixou.

-Eu não estou. -Falou e afrouxou o aperto nos meus braços, mas ainda assim não soltou. -Eu preciso falar com você.

-Mas eu não quero falar com você! -Gritei ainda mais alto. Eu não estava nem aí para as pessoas, mesmo que poucas, que passavam por ali. -Você é um idiota!

-Eu sei, tá legal? Eu sei que sou um miserável idiota, porra! -Ele me sacudiu de leve me obrigando a olhá-lo -Eu me arrependo por isso... Eu quero explicar tudo, Alicia, eu...

-Explicar? -Sorri irônica e ele me soltou -Você não é homem para 'explicar', Jefferson! Você sabia do meu filho e mesmo assim não me procurou.

-Nosso filho, Alicia! E eu tenho um motivo, só me escuta.

-Não, eu não quero escutar você. -Parei e afastei os cabelos que o vento soprava nos meus olhos. -Você é um idiota! Um idiota!

-Mas foi você quem me deixou, não é? -Ele passou a mão pelo rosto -Você me deixou mesmo sabendo que eu amava você! -Fiquei parada olhando perplexa -Você acha que não foi difícil pra mim todos os dias desde quando você decidiu me deixar, hein? O quanto eu sofri, o quanto fiquei mal... Eu amava você, Alicia! Eu daria tudo para ficar com você e passaria por cima de qualquer um por isso.

-Maldito mentiroso! -Gritei quando senti o peso daquelas palavras, minhas lágrimas quase me espediam de enxergá-lo -Você fugiria assim que soubesse do meu filho!

-Não, Alicia! Eu não fugiria, eu amava você.

Passei as mãos pelos cabelos e limpei as lágrimas.

-Eu ainda a amo. -Sussurrou e eu abri os olhos -E quero contar o porque eu não te procurei até agora -Bufei e balancei a cabeça.

-Só vai embora. 

-Não, eu não vou.

-Sim, você vai! -Falei desafiando-o e respirei fundo -Eu estou muito bem sem você, Jefferson. 

-Mentira.

-A, é? -Respirei fundo novamente e olhei dentro dos seus olhos -Então porque eu estou noiva?

Isso pesou o ambiente em que estávamos. Parecia o inferno. É óbvio que eu não estava noiva, mas não queria ter que lhe dar com ele, doía demais. Ele ficou parado me olhando com os olhos marejados e, depois de um suspiro longo e pesado, falou:

-As coisas mudaram, não é? -Apenas fiz que sim com a cabeça -Eu ainda quero contar a você o porque não apareci... Me espere no grill a duas quadras daqui às nove... E aí eu vou embora e você nunca mais vai ter que me ver.

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora