CAPÍTULO 22

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Tudo bem, eu também não tive coragem para entrar no assunto nos dias seguintes. Imagine o quão estranho é uma filha aparentemente chateada com os pais e, de repente, ela acorda sorridente e pede para se mudar com eles. A última coisa que eu queria era todos ao meu redor se preocupando comigo e fazendo várias perguntas, então decidi esperar ao menos um tempinho.
Dia vinte e um de abril, meu aniversário. Acordei com as rajadas de luz que o sol transmitia atravessando a minha janela. Era estranho eu estar me sentindo bem. Os dias anteriores eu estava me sentindo enjoada e depressiva, hoje eu sentia que as coisas dariam mais certo e que ao menos uma coisa iria mudar. Talvez fosse impressão, mas talvez eu realmente tenha sorte, afinal, não é de todo impossível...
Tomei um banho gelado pelo calor que estava sentindo logo pela manhã e me vesti com short e regata. Desci as escadas em direção a cozinha depois de prender meu cabelo em um rabo de cavalo baixo e me deparei com uma enorme e bonita mesa de café da manhã. Soraya e o meu pai estavam acabando de arrumar os bolinhos e meus tios estavam ajeitando os pratos. Peguei Bernardo no colo e lhe dei um beijo na bochecha, enquanto todos se viravam e sorriam para mim.
-Bom dia. -Falei, também sorrindo. Eu estava certa sobre estar me sentindo melhor.
-Bom dia, querida! -Meu tio me abraçou e todos repetiram o gesto. Foi estranho abraçar Soraya, mas foi também aceitável. Eu poderia me acostumar com isso.
-A mesa está linda. -Falei, um vez que todos estavam sentados.
-É especial para o seu aniversário. -Tia Meire sorriu.
-Não é todos os dias que uma filha faz dezoito anos. -Meu pai riu e todos o acompanharam. Esse momento passou quase que em câmera lenta pelos meus olhos. Eu não imaginei que no dia do meu aniversário todos estivessem ali. Na verdade, a um tempo atrás eu imaginei meu aniversário completamente diferente.
Um arrepio passou através da minha espinha quando Jefferson veio a minha cabeça. Não, não, não! Nem ouse pensar nele, não agora! Engoli em seco e coloquei o meu melhr sorriso. Antes de começaremos a tomar o café, a campainha tocou e eu corri para atender, aliás, eu queria sair um pouco desse meio de atenções.
-Alicia! -Mayra lançou os braços em torno do meu pescoço e eu me assustei, mas retribui. -Feliz aniversário. -Ela me entregou uma caixinha dourada e me deu um beijo na bochecha -Sua mãe me chamou pro café da manhã. Ela percebeu que eu amo você quando foi te buscar na minha casa. -Sorri e a abracei novamente.
-Obrigada. -Me afastei e balancei a caixinha.
-Abra depois quando estiver no quarto...
-Tudo bem. Vem, vamos tomar café.

FOI QUASE QUE o café dos sonhos. Conversamos, rimos, contamos piadas, rimos de novo... Foi legal e descontraído, quase que inacreditável. O ódio e repulsa que eu sentia por Soraya não estava mais ali. O medo e a apreensão tinham se tornado calma e coragem. Como se ela fosse uma nova pessoa. Como se eu fosse uma nova pessoa.
Quando o café terminou, eu e Mayra subimos para o meu quarto. Seu presente foi uma pulseira com sua inicial. Ela disse que eu nunca podia tirar, assim me lembraria dela. Também tinha isso, eu ainda precisava conversar com Soraya e o meu pai.
-Então, eu andei pensando muito depois que você esteve lá em casa. -Murmurou Mayra enquanto abotoava minha pulseira- E eu tenho um palpite. Mas não quero que fique brava, ok? -Franzi as sobrancelhas e observei enquanto ela se levantava e começava a andar de um lado para o outro -Mas antes quero que me responda uma coisa.
-Tá, fala logo. -Me ajeitei na cama e olhei para cima.
-Você e o professor transaram? -Deixei minha boca cair aberta e pisquei inúmeras vezes.
-Que diabo de pergunta é essa? -Eu praticamente gritei e ela bufou.
-Ok, isso responde minha pergunta, então quantas vezes vocês transaram?
-Isso não é da sua conta, Mayra! -Me levantei e fui para a janela. Deus, que pergunta é essa? Eu não costumava sair por aí contanto esse tipo de coisa, mesmo que para minha melhor amiga.
-É da minha conta porque você está grávida!
Olhei perplexa para ela que agora estava cobrindo a boca com as mãos. Ela realmente estava argumentando isso?
Mayra olhou para a porta milhares de vezes enquanto eu me sentava na cadeira da penteadeira ainda perplexa. Eu não podia estar... Não, eu não estava. Não era possível que eu engravidasse do meu professor. Não seja idiota, Alicia! Você não está grávida.
-Alicia... -Mayra começou a dizer, mas coloquei um dedo na frente para que ela não continuasse. Porra! Eu não usei camisinha. Até mesmo quando eu fui pra cama com Jonathan eu tinha usado, mesmo bêbada o bastante para não ser responsável, mas com Jefferson, no calor do momento... Eu não usei.
-Droga... -Sussurrei já com os olhos marejados. Não, eu tinha dezoito anos, não podia estar grávida.
-Você pode fazer o teste. -Ela disse -É quase impossível errar em um teste de farmácia...
Continuei sentada olhando para o chão. Não, eu não estava, era impossível.
Respirei fundo e me endireitei.
-Eu não preciso. Eu não estou.
-Alicia, você...
-Eu. Não. Estou. -Falei pausadamente e ela respirou fundo.
-Ok, se você sabe que não está, faz o teste.
Me levantei e cobri o rosto com as mãos. Droga, isso era um saco!
-Eu não preciso.
-Isso não é tão simples, faz o teste, Alicia... Por mim.
Fiz que não com a cabeça e me apoiei na barra da penteadeira. Mais que grande porra! Isso não podia estar acontecendo.

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora