CAPÍTULO 8

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Um mês depois

A melhor parte de tudo o que aconteceu no mês passado, foi que o Jefferson decidiu se privar desse negócio patético de ser um tremendo idiota. Ele só faz papel de professor responsável e dedicado e nem se esforça em ter que se quer olhar para mim. Bom, essa é a parte ruim, ou umas das partes ruins. O Sr. Professor parou totalmente de me dar atenção e quando digo isso quero dizer que, mesmo quando eu decido fazer alguma pergunta, inclusive que seja em relação a matéria, ele responde como se todos tivessem perguntado e não apenas eu. Nunca apenas para mim. E isso, quando ele decide que quer responder. É como se eu fosse uma aluna exclusa de tudo relacionado à aulas com ele. Eu diria que há um grande muro de cacos e espinhos entre nós, quase incapaz de ser derrubado...

Mas com a minha mãe é diferente. Eu decidi conversar com ela e tentar entrar em um acordo inteligente onde eu tente entender o porquê ela fez o que fez. Eu realmente nunca a ouvi, de fato. Mas sempre que paro e tento entender, me lembro de quando ela disse "precisava viver a minha vida". Isso é algo patético! É exatamente por esse motivo que parei de tentar pensar, se não eu nunca mais conseguiria perdoá-la. Ela ainda não sabe que decidi dar essa chance, ainda estou esperando uma oportunidade de ela estar na cidade para que eu a procure. Ou para que ela me encontre.

Na escola, Mayra e eu começamos um tipo de amizade com um grupo em que Jonathan nos apresentou. Saímos um par de vezes depois do que aconteceu na detenção comigo e com Jefferson. Bom, o primeiro não foi bem um encontro. Saímos eu, ele e uns amigos de Mayra, mas foi por aí que descobri que Jonathan é uma pessoa ótima. Tomei coragem para pedi-lo que evitasse usar aquele pircing na lingua quando eu estivesse por perto. Foi meio constrangedor na minha mente pedir isso a ele, mas na real ele foi super legal. Como eu disse: Ele é uma ótima pessoa.

***

Jonathan e eu, sempre que dá, vamos juntos para a escola. Hoje é sua vez de passar na minha casa, então Mayra e eu nos encontramos já na sala.
Depois de me arrumar, corri para me encontrar com Jonathan que estava parado de frente a minha porta com um sorvete de morango esperando por mim. Ele sempre trazia nos seus dias de me buscar. Sorri em agradecimento e começamos nosso conhecido trajeto até a escola.

Mayra estava esperando com uma cara de aflição. Apressei meus passos enquanto enfiava o último pedaço da casquinha do sorvete na boca.

-O que foi? -Jonathan perguntou por mim, quando chegamos até a ela.

-Prova. O professor vai aplicar uma prova surpresa.

Relaxei quando ela disse isso. Eu sabia qualquer matéria dele muito bem, levando em conta que eu aproveitava meus tempos livres em casa para estudar já que ele não me ajudava muito nisso.

-Como você sabe? -Perguntei, depois de engolir o resto do sorvete.

-Ele passou por aqui uns cinco minutos atrás e me disse: Avise seus amiguinhos que hoje todos terão um trabalho a mais para a cabeça. -achei graça quando ela forçou a voz -Aí eu perguntei o que era e ele disse que era uma prova surpresa. O miserável estava rindo!

-Então não é mais uma prova surpresa. -Jonathan murmurou.

Abri a boca para falar, mas voltei a fecha-la quando o sinal bateu.

Respirando fundo, caminhei para a sala de aula que ultimamente mais parecia um campo de concentração do holocausto e me sentei no lugar de sempre. Jonathan me deu um beijo rápido na testa e se sentou em seu devido lugar no fim da fila. Meu coração gelou quando Jefferson me olhou com uma sobrancelha arqueada depois disso e se levantou, quando todos estavam em perfeita ordem. Ele começou a distribuir folhas por toda a sala e só começou a falar quando todos estavam de queixo aterrorizados.

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora