CAPÍTULO 21

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Música: Down, performance Jason Walker
"Uma luta esse capítulo, argh!"
Boa leitura...

Parte I
Mayra me procurou na manhã seguinte explicando o motivo de ter sumido durante a aula. Ela disse que o pai dela precisava de um favor, então foi buscá-la. Só dei de ombros enquanto ela falava sobre seu namorado mais velho. Sua vida era tão fácil de lhe dar que eu as vezes sentia inveja.
Uma semana depois de quando Jefferson estava na minha casa, permaneci fiel ao meu quarto. Não saí nem quando meus tios chegaram, afinal, eu tinha um banheiro ali, isso era tudo o que eu precisava. Eu não estava boa para ir as aulas do meu professor ter que ficar ouvindo sua voz e olhando para o quão fácil foi para ele nós não estarmos mais juntos. Meus tios aceitaram ele não me dar mais aula, já Mayra... Bom, eu tive de contar toda a história e sentir toda a dor de novo. Sim, eu estava completamente e perdidamente apaixonada por um cara que não podia ter uma vida normal comigo. Talvez seu destino era Fátima. Talvez eles até ficassem melhor juntos. E eu? Bom, eu poderia esquecê-lo depois de um tempo, não é? Aliás, eu era só uma criança. Dez dias antes do meu aniversário, Mayra bateu na minha porta fazendo o maior escândalo para que eu abrisse. Minha tia estava P. Da vida, já meu tio dava apoio. Foi a primeira vez que concordei com tia Meire, todos precisavam me deixassem em paz. Oito dias, uma semana, seis dias... Mayra não me deixava em paz. Todas as manhãs ou sempre depois da aula ela passava lá para tentar me tirar do quarto. Isso já estava virando rotina e a cada dia eu ficava mais nervosa ainda. Hoje era quinta e faltavam cinco dias para meu aniversário, como se para não perder o costume, ali estava Mayra me enchendo o saco.
-Abra a porta agora, Alicia! -Gritou Mayra pela milésima vez batendo na porta feito uma louca. Revirei os olhos e tapei meu rosto com o travesseiro.
-Deixa ela em paz. Ela está doente, garota. -Minha tia cochichou e quase gritei para irem todos para o inferno. Será possível que eu não posso ficar em paz?
-Filha, abre a porta. -Tio Lukas bateu de leve e suspirou -Eu e Meire vamos lá para baixo. Converse com sua amiga, por favor.
Houve alguns passos aleatórios e um segundo de silêncio, até Mayra voltar a gritar. Por impulso e por ódio, levantei da cama em um salto e destranquei a porta, voltando para a cama e me cobrindo com o lençol de algodão.
-Achei que não ia abrir. -Mayra disse, uma vez dentro do quarto. Ela trancou a porta e caminhou pelo quarto. Não estava a fim de olhá-la -Preciso te contar uma coisa.
Respirei fundo e me mantive debaixo da coberta. Ela se sentou na cama e apoiou uma mão no meu ombro.
-Ai, Alicia! Já chega, vai -Mayra começou a puxar meu lençol e me debati para segura-lo.
-Para com isso, porra! -Gritei, mas ela não parou -Tem como não encher o meu saco, Mayra!? -Dessa vez ela parou e me obriguei a descobrir meu rosto e olhá-la. Ela estava perplexa olhando para mim. Droga.
-Desculpa... Eu só quero ficar em paz. -Mayra sorriu e me arrependi por me desculpar. Isso era uma tremenda palhaçada!
-Tenho que te contar uma coisa sobre o Jefferson.
Isso fez meu estômago adoecer. Ela podia contar que ele e Fátima estavam juntos, ou que ele aparecia com outras estudantes, até mesmo fazia piadas em relação a mim. O que mudaria, afinal? Isso já estava previsto a acontecer. Desde o dia cinco que eu não aparecia na escola, havia exatamente onze dias. Quando um homem fica onze dias sem uma mulher? Até doía pensar nele com outra da mesma forma que ficamos. Será possível que foi especial só para mim? Eu realmente parei de acreditar que ele sentia algo por mim desde quando comecei a pensar na forma em que Fátima tinha dito: "Você é uma criança, garota... Eu sou uma mulher de verdade e posso satisfazê-lo da maneira que ele merece. Já você... O que tem a oferecer? Você nunca se perguntou o que ele viu em uma garotinha feito você? Ele é um homem de trinta anos, Alicia... Homens não conseguem se manter sem querer sexo. Eles vivem para isso e é só isso que ele busca em você". Talvez ela estivesse certa. De todo caso, isso já não tinha mais importância. Não estávamos mais juntos.
-Eu não quero saber sobre ele. -Minha voz saiu arrastada e orgulhosa e fez Mayra bufar.
-Ah, jura? E é por isso que está aqui trancada em um quarto sujo e fedorento? -Ela suspirou e se levantou -Ele é sua razão de viver, é claro que você quer saber dele.
Revirei os olhos e respirei fundo. Eu sempre soube que Mayra tinha um gênero difícil. Se eu quisesse que ela me deixasse em paz, eu teria de ouvi-la. Suspirei e me sentei, encolhendo as pernas e passando os braços em volta dos joelhos.
-Diz e vai embora.
-Não precisa apelar pra expulsão, garotinha malvada. Eu sei que sou chata, mas você precisa ver que eu me preocupo e, sabe -Ela parou e se sentou de frente a mim, segurando minhas mãos- Você é minha melhor amiga.
Suspirei e forcei um meio sorriso. Ela não tinha culpa da minha vida ser quase um desastre total.
-Obrigada por se preocupar -Falei e olhei para a porta, depois de volta para ela -Agora diz logo.
Ela mudou totalmente sua postura, de apreensiva e amável para alegre e animada. Mayra disse que o professor não foi o primeiro dia depois que terminamos e que nos outros ele estava, segundo ela, 'um grande e amaçado pedaço de merda'. Seus cabelos estavam alguns fios mais bagunçados, sua barba estava por fazer mais não em seu habitual jeito sexy e suas roupas, também segundo ela, pareciam sair de um rodeio onde dez touros pisotearam de uma só vez. Ela disse que ele está mais desligado do que nunca e quase não conversa. Suas explicações são resumidas em dez minutos ou menos e todas as atividades ele manda tirar de sites ou livros. Ela disse que Jefferson praticamente está vegetando e que, sempre que chega na sala, olha para minha mesa vazia e suspira, nunca voltando a olhá-la até que o sinal bata.
Isso não é uma forma muito certa de ele agir. Não por todas as coisas que andei pensando nos últimos dias... Ele deveria estar flertando com outras alunas ou até com Silvia. Ou poderia ficar de uma vez por todas com Fátima... Isso era o modo correto que um homem com trinta anos deveria agir.
Depois de ela me obrigar a tomar um banho e eu conseguir me livrar da comida, ela finalmente foi embora. Eu a amava, como uma irmã, mas não acho que precise se preocupar tanto. Eu estou viva até agora, certo?

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora