CAPÍTULO 19

43.9K 2.3K 267
                                    

Nome: Lay me down: Sam Smith
Essa música é por minha princesa Dani que se foi :'( Desculpem a demora. Aproveitem o capítulo. Boa leitura.

Parte única:
Jefferson me deixou na enfermaria e foi para a sala seguir com a aula normalmente, afinal, seria estranho se percebessem que ele estava preocupado demais comigo. Enquanto Érika, a enfermeira, me dava um medicamento para dor e falava sobre as normas de brigas na escola, eu tentava encontrar um jeito para calar de vez a Fátima. Eu não queria estragar uma carreira tão respeitável como a de Jefferson. Pelo que ele me disse, não foi fácil reconstruir sua vida depois do que aquela diaba causou nela. Mas, por mais que eu tentasse encontrar uma forma de salvá-lo de mais um pesadelo, eu não conseguia encontrar... Se ao menos ela sentisse algo por ele, eu poderia pedir que ele tentasse convencê-la... Nem pense nisso, Alicia! Com certeza seria um jeito de ela querer tirá-lo de mim. Balancei a cabeça tentando parar de pensar em Jefferson como sendo meu e foquei apenas na enfermeira falando comigo. Ela era grande e morena e me lembrava a mulher da secretaria no começo do semestre.
-Isso aqui deve servir. -Falou, colando o último band-eid no ponto acima da minha sobrancelha. Sorri, meio descontraída. -Tente estar fora de brigas agora.
-Pode deixar -Me levantei e puxei meus cabelos para trás- Obrigada.
-Disponha. -Falou e, depois de agradecer mais uma vez, eu segui para a minha sala, afinal, ainda estava em horário de aula. Seria estranho manter alguma coisa no lugar desde o momento em que eu e Jefferson estivéssemos envolvidos. Isso pode ser ruim para mim tão quão pode ser ruim para ele. Imagine só se os meus tios descobrem? E o diretor? Deus, que nada disso aconteça.
Respirei fundo antes de entrar na sala e prendi a respiração por todos terem a atenção em mim. Ótimo! Juntei meus materiais na mesa disposta a me sentar e a prender o foco no quadro, mas me voltei para a porta quando ela se abriu. Um diretor carrancudo e evidentemente nervoso estava com os braços cruzados para trás, me olhando como se ele fosse um leão e eu uma gazela.
-Podemos ter um minuto na minha sala, Srta. Gomorra? -Pediu, apesar de sua expressão continuar dura, sua voz era calma. Sem me esperar falar, ele se virou e saiu da sala. Pronto, eu estava oficialmente fodida de todos os lados e modos.
Peguei minha mochila e ajeitei nos ombros e só aí arrisquei olhar para Jefferson. Desde que tinha entrado na sala, ainda não tive coragem de olhá-lo. Ele estava sentado com os dedos entrelaçados em cima da mesa e me olhava apreensivamente. Sorri timidamente e me virei, pronta para sair. Se alguém ali percebesse que seja qualquer coisinha errada eu estaria mais fodida ainda. Franzi as sobrancelhas quando saí da sala e percebi que Mayra não estava lá. Era uma possibilidade ela ter ido ao banheiro, mas não acho que tenha... Durante a minha hesitante caminhada até a sala do diretor, fiquei pensando em um lugar que Fátima tenha ido, mas nem precisei continuar fritando os miolos uma vez que entrei na sala de Willian. Ali estava ela, sentada em uma das poltronas azuis no canto da sala. Ainda descabelada e com a alça da blusa levemente rasgada. Bom, isso indicava que ela ainda não tinha passado na enfermaria... Tentei não me mostrar muito assustada, apesar de estar com um pânico horrível fazendo os meus músculos congelarem. Eu sabia! Eu sabia que bastava isso para ela correr e contar ao diretor sobre eu e Jefferson. A primeira reação que eu tive foi vontade de chorar, mas não o fiz. Tudo indicava que a carreira de Jefferson iria por água à baixo. Eu não me preocupava comigo no momento, apenas com ele. Fátima estava olhando para as mãos em cima do colo e não se deu o trabalho de me ver ali quando entrei.
-Sente-se, por favor. -O diretor Willian pediu calmamente e formalmente e eu o fiz sem pestanejar. Engolindo em seco, voltei minha atenção para ele. -Eu soube que vocês brigaram feito animais agora a pouco. -Começou -Eu vi nas câmeras e aí ela apareceu. -Willian olhou rapidamente para Fátima e eu fiz o mesmo. Porque ela estava tão calada e oprimida? -Ela me contou o motivo e eu não gostei nem um pouco. -Falou e agora parecia mais nervoso. -Me explica direito, Alicia.
Fiquei doente sob tanta pressão. Bom, por onde começar? Na parte em que eu gosto do meu professor ou na parte em que nos beijamos e eu fiquei viciada? Eu ia abrir a boca para começar a implorar que ele apenas me punisse e não a ele, mas Fátima me deixou surpresa entrando na frente:
-Eu não achei que você era do tipo que partia pra cima -Falou dando de ombros e pela primeira vez desde que entrei na diretoria, ela me olhou -Quando eu peguei seu celular e você veio tirar satisfação, não achei que ficaria tão exaltada a ponto de me bater. -Ela sorriu e colocou um celular muito conhecido em cima da mesa -Tá aqui o celular que eu tomei de você. -Olhei perplexa para meu aparelho em cima da mesa. Quando ela tinha pegado? E porque diabos havia mentido? Isso não fazia sentido...
-Acontece que eu não te perguntei, Fátima. Sua vez de falar já acabou por aqui. -O diretor Willian falou um pouco mais nervoso do que eu já o vi ficar e se recostou na mesa perto de mim -Conta a sua versão. -Falou suavemente e me remexi na cadeira de desconforto. Ele tinha que ser tão pegajoso?
-Eu... Eu acho que ela já contou tudo. -Murmurei e olhei para o chão.
Eu não queria ele me enchendo de perguntas. Na verdade, a única coisa que eu queria no momento era que ele saísse e me deixasse na sala sozinha com Fátima e mais ninguém, aí sim eu perguntaria o que diabos ela queria comigo, mentindo e me livrando de encrenca, mas a mais curiosa de todas: Não entregando eu e Jefferson. Pelo visto isso não aconteceria ali, naquele momento, uma vez que o diretor Willian se levantou e tirou Xerox de uma folha amarelada e a entregou para Fátima.
-Ok, -Falou, respirando fundo -Eu quero que desapareça daqui e nem ouse se que ohar para esta escola novamente, caso contrário irei te processar por agressão de menores estudantes.
Fátima se levantou pegando a folha em silêncio e jogou a bolsa nos ombros, olhando para mim mais uma vez e saindo da sala. Soltei minha respiração e engoli em seco. Eu precisava de uns minutos. Porra, porque ela fez aquilo? Era quase engraçado ver a cena de Fátima perdendo o emprego sob uma humilhação só para me livrar de algo que seria uma tremenda dor de cabeça... Havia algo que não era certo... Talvez nada estivesse certo e, por algum motivo, eu sentia que tudo ia se resolver logo, logo.
Suspirei depois de um tempo, me lembrando de que Willian estava perto, até de mais, e me afastei.
-Você está bem? -Perguntou ele e percebi que estava próximo novamente.
-Sim. -Murmurei, me afastando mais -Obrigada por resolver as coisas, diretor.
-Não a de quê -Falou e se aproximou mais. Se não tivesse uma parede bloqueando que eu me afastasse mais logo atrás de mim, eu já estaria na porta pronta para sair. Como se consegue respirar com ele praticamente fundindo em mim? Ele estava totalmente invadindo meu espaço pessoal. -Alicia... -Começou e eu quase revirei os olhos. Ali estava o diretor que tentou me beijar no ano passado -Você sabe que é muito especial pra mim, não é? -Com isso, ele se aproximou mais, mesmo eu achando que não era possível, e bloqueou totalmente minha passagem com os braços em cada lado da minha cabeça. Ai, senhor, me ajuda! Uma batida na porta seguida de alguém abrindo-a, me impediu de responder a uma pergunta inapropriada e fez com que Willian se afastasse rapidamente. Aquilo visto por olhos de fora, devia parecer muito errado, ainda mais para um Jefferson Partenon aparentemente zangado
-Am... Desculpe. -Falou ele, meio hesitante -Eu não queria atrapalhar -Agora ele parecia chateado e isso fez meu coração se apertar. Não pense errado, Jefferson, por favor. -Eu volto outra hora. -Murmurou e saiu sem que desse prazo de eu ou o velho nojento ao meu lado formular alguma coisa para dizer. Quase que instantaneamente, me afastei seguindo para a porta e me virei para encara-lo. Sim, eu estava puta da vida, e daí?
-Não chegue perto de mim novamente, Willian. -Falei e tenho certeza que ele interpretou isso em várias formas de uma só vez.
Saí da diretoria quase que correndo para impedir que Jefferson entrasse na sala de aula e dei sorte por ele estar parado na parte do corredor que eu mais gosto desde a primeira vez que ele me imprensou lá. Cheguei até a ele ofegante por estar andando rapidamente e ele permaneceu em silêncio, então comecei:
-Estávamos lá e quando a... -Eu nem precisei terminar, uma vez que ele me empurrou para o canto já com a língua na minha garganta. Reclamei um pouco por meus lábios estarem feridos, mas recebi de todo bom grado do mundo. De qualquer forma, o beijo não demorou muito.
-Eu sei que aquele velho é doido por você e sei que você é minha. -Sussurrou. Oh, céus! Eu era dele! -Então não tenta explicar... Eu entendo.
-Eu sou sua? -Ironizei e ele colou a testa na minha.
-Oh, sim. Toda minha.
-Você não está sendo muito convencido, sr. Partenon?
-Nenhum pouco, srta. Gomorra.
-Fontes. -Corrigi -Srta. Fontes.
Observei ele franzi as sobrancelhas, mas não questionou.
-Oque aconteceu lá dentro? -Engoli em seco pela pergunta e, provavelmente reparando meu desconforto, ele acrescentou: -Digo, porque tinha que estar lá?
Sorri e passei os braços em torno de seus ombros. Eu queria tanto beijá-lo mais e mais...
-Fátima estava lá. Ela me defendeu e foi expulsa da escola... -Jefferson abriu a boca para falar, estava surpreso, mas eu o cortei antes que começasse: -Eu não sei porque ela fez isso, mas estou a fim de saber agora mesmo.
-Agora? -Ele arqueou uma sobrancelha e se afastou um pouco, de modo que pudéssemos nos ver melhor -Como assim?
-Eu vou pegar meus materiais e ir atrás dela. Preciso saber...
-Não -Ele me cortou e se afastou mais, mas eu o segurei junto a mim -Não, você não vai. Ela pode machucar você.
-Shhh -Sorri para confortá-lo e segurei seu rosto entre minhas mãos -Ela não vai me machucar, seu professor bobão. Vamos apenas conversar.
-Alicia, ela vai tentar alguma coisa, eu tenho certeza.
-Você está paranoico.
-Eu não estou paranoico coisa alguma! -Se defendeu e eu ri -Ela é uma diaba.
-E uma vagabunda, uma safada... Eu sei, acredite -Eu o puxei para um abraço e beijei o lóbulo de sua orelha -Está tudo bem. -Sussurrei.
-Não vai. -Pediu quando nos separamos e eu suspirei -Ela é perigosa, Alicia. Ela é uma descontrolada.
-Mas ela me defendeu e não entregou a gente. Você não está curioso para saber o motivo?
-Não. Eu só quero ficar em paz com você, pode ser?
-Não, não pode. Eu também quero ficar com você, mas em paz vai ser impossível se eu não souber o que ela quer, Jefferson. Me deixa fazer isso, por favor. -Beijei o topo de sua testa e voltei a segurar seu rosto entre as mãos -Por nós.
-Ah, Alicia. -Revirou os olhos -Isso não é justo... -Murmurou e respirou fundo -Tudo bem. Mas promete que não vai entrar no carro dela ou ir a algum lugar que ache suspeito demais?
-Eu prometo.

μμμμμ

DEPOIS disso, passei na sala para pegar minhas coisas e segui confiante para a saída da escola. Eu estava pronta para conversar com aquela... Argh! Agora eu só precisava encontrá-la... Uma vez no ponto de ônibus, olhei em volta para ver se conhecia uma Mercedes prata que vivia no estacionamento da escola... Porque tudo tinha que ser tão difícil, afinal? Prendi a respiração por observar a Mercedes dar a volta na rua e parar de frente a mim, com a janela escura sendo aberta de pouco a pouco. Eu sabia que ela estaria esperando por mim... Fátima estava com os cabelos presos e agora parecia limpa. Provavelmente havia passado em alguma farmácia ou algo assim... Respirando fundo, abri a porta e entrei no carro. Desculpa Jefferson, mas lá se vai minha primeira promessa de não entrar no carro com ela... Eu não sabia para onde ela estava indo, eu estava cega demais em entender as coisas para pensar nisso. Eu só queria entender...

Capítulo demorado, eu sei. Mas vocês já sabem o porque. Passando aqui para informar também que o LP foi excluído pelo Wattpad e não sei se todos aqui leram, quero dizer, é óbvio que não RS mas, enfim, eu não vou postá-lo de novo. É melhor eu ir com esse até o fim, depois crio outros, certo? Até o próximo capítulo, obrigada por todas as mensagens de carinho de vocês e obrigada por compreenderem tudo isso que estou passando. Eu amo vocês... Beijos e queijos. ;)

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora