CAPÍTULO 5

65K 3.9K 1.3K
                                    

***

Jefferson

Eu não sabia de fato o porque do ódio acumulado no meu peito. Talvez porque ela fosse parecida demais com a Fátima.

Só que eu precisava me lembrar uma vez ou outra de que ela não era.

A vadia sempre foi atirada e usava seu jeito sexy para as coisas ruins. Já ela não, ela é sexy, mas nem tem noção do que pode causar em um homem... do que pode causar em mim.

Quando entrei naquela sala de aula, não sabia que iria encontrar alguém tão impressionantemente parecida com a pessoa que eu mais odeio na vida, muito menos como reagir diante disso. O primeiro de tudo foi mostrar o meu escudo, no caso o que eu uso para afastar as pessoas, e a minha máscara de professor que todo mundo odeia. Qualquer um em minha atual posição faria isso.

Fátima foi uma aluna, a melhor da classe em 2008. Ela era jovem, mas sonhadora. Seus olhos esverdeados e grandes eram o que eu mais amava ver quando eu entrava em sala de aula. Mas seus cabelos loiros eram o que eu mais gostava de tocar nela. No começo eu achava ruim a ideia de tê-la na minha classe, mas isso foi sendo esquecido enquanto me controlava para não fazer algo de errado quando ela me provocava. Ela usava saias curtas e fazia questão de se sentar na minha frente só para abrir as pernas e  fazer eu me repreender por sempre olhar. A garota sabia me envolver e quando dei por mim estava sendo processado por abuso de menores e o pior, uma menor que era minha Aluna. Não é crime transar com uma aluna de dezessete anos quando ela se joga em sua cama seminua e implora por uma noite de amor selvagem, é?

Esse era um dos pontos que eu mais odiava em dividir com a atual garota da minha classe... Ela era linda, loira e tinha aqueles grandes olhos verdes perfeitos, que sempre davam um jeito de me observar. Mas naquela existia uma coisa diferente de muitas; Maturidade.

Era difícil encontrar alguém com a mente no futuro, mas o pé no presente e ela adquiria os dois. Eu só não podia pensar muito no quanto ela me atraia. Quando me envolvi com uma única aluna a minha vida virou um inferno e gastei anos para reconstrui-la e mais anos e anos para colocá-la em ordem e não podia permitir que um desejo, talvez passageiro, fodesse novamente com a minha vida. Eu não ia permitir, já tinha me cansado de ser um idiota.

ACORDEI excitado e assustado como todas às manhãs. Me levantei, fiz minha higiene matinal, peguei uma garrafa com água e fui correr. Eu costumava correr três vezes por semana, na terça, quarta e quinta. Isso me ajudava a relaxar e acho que isso explica o fato de eu, na maioria das vezes, estar com o menor dos humores na segunda e na sexta...
Como era meio de semana, J.P, meu melhor amigo, se encontrou comigo no bar perto da minha casa, como sempre fazíamos. Tomamos umas cervejas e conversamos sobre a escola. Ele também era professor, mas de primeira a quinta série. Eu dava aulas apenas em faculdades, mas como o governo me mandou para dar aulas no terceiro ano, aceitei. Eu, de qualquer forma, não estava trabalhando mesmo...

-Como vão os alunos no seu novo emprego? -J.P perguntou, entre um gole e outro de cerveja.

-Isso é novo para mim, mas ainda assim não é um emprego novo. -Parei e pensei por um minuto. J.P sabia de Fátima, mas não da minha nova aluna identica a ela. -Tem uma pessoa. -Falei, simplesmente, esperando que ele entendesse o resto.

-Uma professora? Amo comer professoras nas mesas da sala dos professores.

Ele sorriu e eu revirei os olhos. Algo típico daquele homem era a inutilidade.

-Ah, esquece! -Coloquei a garrafa de cerveja sobre o balcão e saquei da carteira o dinheiro para pagar as bebidas. -Eu vou indo, tenho pouco menos de uma hora para ir para a escola.

Me levantei e ele me parou. Ótimo, e lá vem perguntas!

-Não diga que é outra puta! -Seu tom de voz saiu alto demais e tive que batê-lo para diminuir o tom.
-Cala a boca, idiota! -Sussurrei, furioso. -Sim, é outra aluna, e daí?

-Como assim e daí? -Agora foi sua vez de me bater. -Aquela garota fodeu com a sua vida!

-E você acha que eu não sei? Eu me lembro disso todas as vezes em que acordo e quando vou dormir. Mas eu não posso controlar. A garota...

-Não vem com essa de Não posso controlar. Enfia esse Pinto em qualquer lugar, cara, menos em outra garota de escola. Você vai acabar estragando a sua vida e dessa vez para sempre.

Exalei profudamente e decidi não descutir mais. Isso não ia dar em nada. Me despedi e corri de volta para a minha casa. Sinceramente, espero que tudo dê certo e eu esqueça essa ideia idiota de atração. Química não era lá grande coisa, certo? E eu tinha de levar em conta que ela me odiava.

***

ERA a segunda vez que eu deixava o celular chamar até cair. Silvia me ligava desesperadamente e eu odiava quando me pressionava. Deveríamos ter ido a um café conversar sobre nosso acordo, mas preferi sair com Alicia. A garota estava com problema e cá entre nós, eu não era homem para ver mulher chorar, ainda mais por uma mãe.

A muito tempo eu estava na mesma situação, apesar de ser filho único, minha mãe havia me abandonado junto ao meu pai, mas ao contrário dela, quando minha mãe apareceu depois de alguns anos, estava com câncer e me obriguei a perdoa-la.
Alicia devia tentar conversar com a mãe para que se entendessem e a morte não atravessasse o caminho de nenhuma das duas. Silvia, por outro lado já deveria ter morrido a muito tempo, só estava fazendo hora extra na terra.

Em um dia qualquer desses, ela me fez um favor e em troca eu teria de sair com ela. Foi um acordo e eu prometi, mas eu ainda não quero, ainda mais com os problemas que me rodeiam.

Silvia é uma "professora" irritantemente peguenta. Quando ela quer uma coisa, ela fica atrás e cola como um chiclete no sapato. O favor que ela me fez, foi pegar um empréstimo e pagar a fiança de quando fui preso por ir para a cama com Fátima. Eu e Silvia nos conhecemos a muito tempo, mas nunca imaginei que ela era tão doente a ponto de querer um encontro comigo em troca.

A campainha toca, me tirando do devaneio, quando termino de me arrumar para ir para a escola. Será possível que J.P veio me lembrar de não me envolver com uma aluna, sendo isso uma coisa que já sei? Ando em direção a porta para abri-la enquanto a campainha toca sequentemente.

-Já vai, já vai! -Grito quando abro a porta.

Meu coração para e eu fico sem reação. Mas que porra...?

-Oi, professor. Estava com saudades?

Não é possível o que meus olhos vêem... Se de uma coisa eu tenho certeza, é que a minha paz será esquecida a partir do momento que decidi abrir aquela maldita e miserável porta.

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora