CAPÍTULO 10

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Pessoal, só para deixar avisado que esse capítulo está um drama que só Deus na causa. Acho que todo livro tem essas partes chatinhas, então já sabe. Desculpem se não gostaram, tá? Boa leitura! ;)

Parte I

Foi um inferno ter que explicar ao meu tio e minha tia o porque não dormi em casa. Eu teria que ligar para Mayra e pedir cobertura, mas isso seria outro inferno, já que ela descobriria da minha noite com Jonathan. Eu juro que se eu pudesse voltar atrás, teria preferido ir falar com Jefferson a ter ido a esse jantar.
Tomei um comprimido para dor de cabeça e um banho de meia hora depois que cheguei em casa. Todos os requisitos de sexo 'inesquecível' da noite passada deveriam ir embora agora.
Depois de me jogar na cama de roupão e com a toalha enrolada nos cabelos, peguei o celular na bolsa e disquei o número de Mayra. Ela atendeu quase na hora da ligação cair.
-Ei, Cinderela. Como foi sua noite?
Gemi em desgosto pela pergunta inadequada e rolei na cama.
-Mayra, você precisa me prometer uma coisa.
-Han... Tudo bem, pode falar.
-Promete que não vai fazer piada ou contar a alguém o que eu te contar agora?
Senti ela respirar fundo e se remexer desconfortável.
-Sim, claro. Eu prometo, agora diz logo.
Dei uma conferida na porta para ver se havia trancado e engoli em seco... Isso seria o fim.
-Nós transamos. -Eu disse, rápido e baixo. Se ela ouviu, ouviu e se não ouviu vai ficar sem saber.
Houve um silêncio seguido de um 'Oh' e então, como eu já previa, ela começou a gargalhar. Revirei os olhos. Isso eu deveria ter dito pessoalmente, aí sim eu poderia matá-la por zombar de algo tão sério.
-Mayra!
-O que!? -De uma gargalhada crua e seca, ela passou a rir -Eu sabia que você não resistiria a ele.
-Caramba! Não tem como eu confiar em você.
-oh, oh, espera aí, mocinha. Você pode confiar, eu não vou dizer nada a ninguém, mas pelo amor, né! Eu já sabia que isso ia acontecer.
Revirei os olhos novamente e conferi o relógio na cômoda. Faltavam duas horas para a aula e eu não estava bem disposta a ir. Talvez eu considerasse ficar em casa...
-Eu te conto melhor na escola. Quero dizer... Passa aqui depois da aula, a minha cabeça está horrível.
-Tudo bem, eu entendo que esteja com o corpo dolorido também e tudo mais...
-Ah, Mayra!
Depois de repreende-la diversas vezes por ser tão sacana, eu a pedi que guardasse segredo sobre eu não ter ido dormir na casa dela, caso meu tio perguntasse, a história seria: "Alicia foi para a minha casa depois de jantar com Jonathan e fizemos brigadeiro com amendoim". Ele devia acreditar, era uma coisa típica de adolescentes.
Depois de desligar o telefone, tirei a toalha dos cabelos e a joguei no chão, me enfiando de roupão em baixo das cobertas quentes e confortáveis e decidi ficar ali até que eu me sentisse melhor.

Parte II
Alguém batia na minha porta como se houvesse um incêndio ou algo assim. Abri os olhos bem devagar e me sentei mais lentamente ainda, o barulho da porta não parecia mais batidas e sim chutes e socos. Me assustei e isso me despertou então me levantei e caminhei até a porta. Quando eu abri, o clarão que vinha como rajadas pela janela me impediu de ver quem era. O que eu pude perceber, era um corpo másculo em jeans e jaqueta. Era um homem, mas eu não podia ver quem.
-Tio? -Perguntei, mas o homem não disse nada. Em vez disso, ele começou a me empurrar para dentro do quarto parando só quando eu caí na cama. Quando levantei os meus olhos, pude ver que era Jonathan. Mas ao mesmo tempo que eu o via, eu via o meu professor. Esfreguei os olhos com as mãos e olhei novamente. Isso não fazia sentido.
-Jonathan...? -Com um meio sorriso no rosto, ele começou a desabotoar a calça. -O que você está fazendo?
Como um sopro, eu já não via mais Jonathan e sim um lindo homem de cabelos loiros e barba por fazer. De qualquer jeito, o meu professor estava sorrindo e tirando as calças. Ele se deitou sobre mim e começou a beijar meu pescoço. Olhei para a porta com medo de que meu tio nos pegasse, então enrolei minhas pernas em torno de sua cintura e o segurei junto a mim. Que merda eu estou fazendo? -Professor... Para. -Ele não parava de beijar e mordiscar a pele sensível perto do meu ouvido. Eu queria que ele me explicasse como foi parar na minha casa. -Jefferson... Me solta! -Com uma mão, ele começou a puxar a alça do meu sutiã e iniciou uma trilha de mordidas que começaram no meu pescoço e iam até o meu ombro. -Jefferson!
-Alicia?
Abri os olhos e saltei da cama. Meu quarto estava escuro e eu pude ver, sentada na cama a minha amiga com uma expressão triste me observando. Oh, céus! Que sonho foi esse? Esfreguei os olhos e olhei em volta. Percebi que já era noite e eu ainda estava de roupão... Me sentei na cama e respirei fundo. Calma, foi só um sonho. Meu consciente me lembrou e fiquei aliviada. Esse foi um dos sonhos mais estranhos que tive depois da volta as aulas.
-Han... Oi Mayra. Como você entrou? -Perguntei, depois de compor os sentidos.
-A sua tia me deixou subir... -Sua voz estava arrastada e agoniante. Franzi as sobrancelhas e, quando eu ia perguntar, ela perguntou: -O que você estava sonhando?
Engoli em seco e me ajeitei na cama.
-Eu... Não... Sei. -Menti -Porque? Eu disse alguma coisa?
-Não consegui entender direito. Pensei ter ouvido 'Jefferson'... -Arregalei os olhos e forcei um sorriso.
-Jefferson? -Ela assentiu e eu balancei a cabeça. -Não, Você deve ter ouvido errado. Eu me lembraria de matá-lo mesmo que fosse em sonho.
Sorri novamente, mas ela permaneceu tensa ao meu lado.
-O que foi, Mayra? O que aconteceu?
Ela suspirou e se levantou, fuçando em algumas coisas na minha penteadeira.
-Alicia... -Ela engoliu e suspirou de novo. Desde que a conheci, essa era a primeira vez que a via desconfortável e vulnerável a uma pergunta do tipo "o que aconteceu?".
-Eu não sei... Não sei se eu devia estar aqui. Isso você deveria ver com seus próprios olhos... Ou ouvir... -Franzi as sobrancelhas de novo e me levantei, parando suas mãos e a forçando olhar para mim.
-Diz logo o que é.
Com um suspiro pesado, ela apertou meus dedos e olhou para o chão.
-Eu sinto muito. -Ela disse e eu abri a boca para perguntar, mas ela começou a dizer de novo. -Quando cheguei na escola, tudo estava certo... Apesar do professor estar puto da vida, hoje um pouco pior do que os outros dias. -Ela parou e eu tive tempo para imaginar que era algo sobre ele, então relaxei. Seja o que fosse, eu sabia que ele sempre acharia um jeito para me ferrar. -Mas não é ele. -Meus músculos novamente ficaram tensos e eu esperei impacientemente para que ela continuasse. -Na hora do intervalo, todos estavam cochichando e sorrindo. Uns estavam surpresos por algo e outros estavam zombando e gesticulando coisas horríveis. Jonathan estava no meio de um grupo risonho e me aproximei para perguntar o que todos falavam... Mas aí...
Ela parou e eu quase infartei. Eu já sabia o que ela iria dizer e meus olhos começaram a ficar marejados.
-Eu ouvi quando Jonathan contava detalhes imundos sobre sua noite juntos... -Esse foi o fim. As lágrimas de raiva e ódio começaram a rolar pelo meu rosto perplexo e eu vi vermelho. -Eu sinto muito.
Sem dizer uma só palavra, separei um par de roupas no armário e prendi meus cabelos em um coque grosso, já que estavam despenteados. Depois de me vestir, andei rapidamente pela casa e peguei a chave do carro do meu tio no armário da cozinha, enquanto Mayra perguntava desesperadamente ao meu lado o que eu iria fazer. Abri a porta e parei quando meu tio me chamou.
-Oque está acontecendo aqui? Que barulheira é essa?
-Sr. Fontes...- Mayra começou a formular algo, mas eu a cortei:
-Vou precisar do seu carro. Estarei de volta em uma hora.
Corri para o carro enquanto Mayra tagarelava coisas que eu nem mesmo ouvia e meu tio vinha para me impedir. Antes que ele chegasse até aonde o carro estava, eu girei a chave e dei partida. E daí que eu não tinha carteira? Eu sabendo dirigir estava mais do que perfeito.

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora