Arregalei os olhos e me levantei de imediato, correndo pela janela e olhando tudo no alcance dos meus olhos. Ele não podia simplesmente vir até aqui. Meus tios não entenderiam e meus pais muito menos. Santo Deus! Voltei para frente do computador para responder a essa última mensagem desesperadamente. Deus, que ele ainda esteja lá.

DE: Alicia Fontes

ASSUNTO: Eu e você

DATA: 24/04/2014 21:25

PARA: Jefferson Partenon

Não professor, você não pode vir. Eu não estou bem e não quero falar com você. Por favor, não venha!

Esperei roendo as unhas para que ele me respondesse mais nada chegou. As lágrimas já estavam se formando em meus olhos quando aquele famoso "p.i.p" me fez levar os olhos até a tela.

DE: Jefferson Partenon

ASSUNTO: Eu e Você

DATA: 24/04/2014 21:32

PARA: Alicia Fontes

Tudo bem. Eu não vou, mas quero falar com você e não vou mudar de ideia, caso contrário estarei aí em vinte minutos.

Respirei fundo e coloquei a cabeça entre as mãos. Ele não podia estar falando sério. Será que era difícil entender que eu não podia vê-lo e isso acabava comigo? Decidi acabar logo com isso. Eu marcaria um último encontro antes de me mudar.

DE: Alicia Fontes

ASSUNTO: Encontro

DATA: 24/04/2014

PARA: Jefferson Partenon

Tudo bem,

Mas vou deixar claro que eu não quero que me toque e não vamos demorar mais de dez minutos. Amanhã às oito da manhã no restaurante do Bob. Não vamos demorar, professor e não tente nada, por favor.

Enviei a mensagem e desliguei o computador sem esperar uma resposta. Tudo interligado a ele me machucava, inclusive esse filho que me fazia chorar ainda mais. Ele seria como uma marca, seria uma lembrança que nunca me deixaria esquecer o único homem por quem me apaixonei um dia. Mas eu estava disposta a terminar tudo isso de uma vez, assim que eu seguisse com um rumo diferente.

Parte II

Vesti uma calça jeans escura e uma blusa de botões e deixei os cabelos presos em uma trança de lado. Passei um pouco de rímel e batom e repeti várias vezes no espelho: "Você só vai entrar, dizer e sair, Alicia"... Isso deveria me lembrar que todos os nãos que eu dissesse a ele, seria por nós dois. Isso era uma tremenda idiotice. Uma pessoa normal já teria aceitado, mas Jefferson insiste que eu tenho que lhe dizer... Argh! Essas coisas sempre acontecem...

Todos estavam dormindo, então deixei uma mensagem na caixa postal do telefone de casa dizendo que eu fui me encontrar com Mayra para me despedir da cidade antes de ir embora e corri para o restaurante do Bob. Eram quase oito quando eu cheguei, mas não estava aberto. Permaneci sentada na calçada esperando por Jefferson e um pânico conhecido me fez estremecer. Eu estava com medo. Não com medo dele, mas com medo do que eu poderia fazer. Se por um acaso eu disser alguma coisa errado ou que seja cair em tentação, eu poderia estragar sua vida. Já era um risco eu estar em um encontro, mesmo que por inocência, se Fátima descobrisse, era bem capaz de ela entregar o vídeo ao Willian e tudo ir por água a baixo. Essa deveria ser a última vez.

Me levantei ainda trêmula enquanto seu carro parava devagar ao meu lado e o vidro escuro deslizava para baixo. Ali estava ele irresistível como sempre. Jefferson estava com a barba feita e parecia mais recomposto, diferente de quando o vi no estacionamento há três dias. Ele sorriu para mim e minhas pernas viraram gelatina. Havia alguma coisa diferente em seus olhos e eu estava com medo de prosseguir com isso...

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora