Capítulo 39

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Aviso de extrema importância.

O diário só tem mais 3 capítulos, esta no fim :(

Eu tenho uma pagina e um grupo para falar dos livros, caso alguém queira participar o link vai esta nos comentários.


Aquele era para ser um dia feliz. Era, mas não foi. Impossível ser um dia feliz. Era o dia do meu casamento. Eu não casei, não teria capacidade física e mental para isso, invés de casar eu estava no enterro do meu irmão, meu pestinha.

Era um dia lindo, céu azul e sem nuvens. Bonito demais para tanta dor. O sol que brilhava no seu parecia rir da minha dor, debochar do meu sofrimento. Enquanto andava, aparada pelo Eduardo, ate o cemitério eu me deixei vagar para um mundo onde não teria dor. Fiquei me perguntando se em algum lugar do mundo teria alguém estirado em uma praia, ou cultivando seu jardim, agradecendo pelo sol maravilhoso que Deus havia dado. Com certeza tem alguém assim no mundo, essa pessoa não tem ideia da sorte que tem.

Quando vi meu irmão dentro daquele caixão, minhas pernas fraquejaram, eu cai e no chão eu fiquei. Não deixei ninguém me ajudar, eu não queria levantar, estava cansada de sempre levantar depois de uma rasteira da vida. Decidi que ficaria ali, jogada e largada, esperando a minha morte.

Eu perdi tudo o que um dia eu tive de bom, minha honra, inocência, meu pai, ate o Pedro eu perdi, minha casa, minha família era apenas cacos, eu olhei para os lados e vi minha mãe em um canto, ela não estava chorando, eu também não estaria depois de ter tomado tantos calmantes. Minha irmã por outro lado estava abraçada ao caixão, perguntando aos gritos porque ele tinha feito aquilo, apesar de saber a resposta sua dor falava mais alto, ela nunca iria se conformar.

Seu marido tentava tirar ela a todo custo de perto do caixão, depois de muito tempo ele conseguiu, não foi algo bom de se ver, ela desmaiou e ficou desacordada por vários minutos.

Eu continuei no meu lugar, parada. Quanto menos eu me mexesse, menos doía, eu me concentrei em contar minha respiração, ate que Ariel se aproximou e sacodiu meus ombros

"Levanta mãe, reage"

"Deixa a sua mãe Ariel, ela esta sofrendo, deixa ela sentir a dor dela"
"Não vou deixar minha mãe se afundar em um poço de tristeza, meu tio fez a escolha dele, elas tem que aceitar"

"Não é simples assim minha querida"

"Pra mim é simples sim, ele morreria mais cedo os mais tarde por causa da doença, ele preferiu adiantar as coisas, ele fez uma escolha. Claro que ele poderia ficar mais tempo perto da gente, mas só ele sabia o quanto ele estava sofrendo, elas estão sendo egoístas. Pra ficar mais tempo com a gente, ele teria que sofrer, é tão difícil assim olhar pelo lado dele?"

"Você me surpreende a cada dia pequena" Eduardo abraça minha filha

Tudo o que Ariel falou ficou martelado na minha cabeça, queria muito pensar como ela, queria não ser egoísta, mas ele terminou com a própria vida, eu nunca consegui superar isso.

Mesmo agora enquanto escrevo, espero que você consiga ler, que minhas lagrimas não tenha estragado a folha, eu ainda me pergunto se tivesse ido conversar com ele antes se ele me contaria o que estava acontecendo. Centenas de e se passam pela minha cabeça. Eu nunca descobrirei, mas é impossível não pensar no que eu poderia ter feito por ele.

Bom, o enterro foi a pior parte, ver o caixão ser fechado, ver descerem o corpo dele. Tudo foi horrível, eu fiquei esperando que em algum momento ele acordasse, e se ele acordasse tarde demais e já tivesse sido enterrado? Ele iria sofrer ate morrer. Passei varias noites sem dormir depois do enterro, eu ficava esperando um sinal divino que ele tivesse acordado e eu pudesse ir salva-lo. Isso nunca aconteceu, eu tive que me acostumar com a ideia de ter um ente a menos na minha vida.

Esse ta curtissimo.
Fim do cap 39

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