Diário de Uma Velha - Completo

Capítulo 38

Cheguei rsrsr

Os preparativos para o casamento estavam me enlouquecendo, para minha sorte eu tinha a Ariel, minhas mães e Ágata do meu lado.

Eu havia sido demitida do meu emprego porque a Ariel tinha pegado uma virose, eu faltei o trabalho uma semana seguida porque o pai dela não se dignou a levar a filha no medico.

Como eu faltei meu chefe disse que não poderia manter uma pessoa que falta no primeiro problema e no um lugar colocou uma menina bem mais jovem e sem filhos. Eu queria poder dizer que fiquei desesperada, mas com tanta coisa para o casamento eu não daria conta de nada trabalhando, eu estava planejando que depois de casar eu voltaria a trabalhar.

Eduardo estava muito ocupado preparando tudo para se afastar por duas semanas. Esse era o tempo da nossa lua de mel, então não podia me ajudar com os preparativos. Eu também não fazia questão, o único dia que ele se dedicou a me ajudar foi um desastre, estávamos decidindo a cor da decoração e ele decidiu que queria azul marinho e verde. Paixão por agua, eu quase enlouqueci. Eduardo era maravilhoso comigo, mas tinha um péssimo gosto. No fim das contas, a decoração seria, branco com dourado.

Quando faltava dois dias para a festa já estava tudo pronto, a cerimonia aconteceria na praia como sempre foi o sonho do Eduardo, a decoração e o buffet já estavam trabalhando na produção, meu vestido que não havia sido alugado e sim comprado(sempre sonhei em passar meu vestido de casamento para minha filha e assim por diante, caso eu tivesse um casamento feliz). Meu vestido era branco, um vestido bem simples, tinha alças fina, seguia até um pouco abaixo do joelho, com um decote simples e reto na parte apenas para firmar os seios, por cima eu usaria uma echarpe também branca para cobrir meus ombros. Estava nas nuvens, como já estava quase tudo pronto, resolvi conversar com meu irmão, desde que havia chegado eu percebi sua infelicidade, tentei aproxima-lo do meu noivo, mas nada adiantou. Já era noite, estavam todos indo dormir, todas as mulheres da casa mereciam noites de sono bem dormidas depois de tanto trabalho e noites acordadas pensando em cada detalhe do grande evento.

" Ícaro, chegou a hora de conversarmos e você não vai escapar" exclamei abrindo a porta do quarto dele, me assustei quando o vi agachado na janela "Irmão, o que você esta fazendo?" meu corpo gelou, eu sabia o que era, mas não queria acreditar, em resposta ele se virou para mim com os olhos cheios de lagrima e disse em um sussurro

"Me perdoe, eu estarei bem, agora eu estarei em paz" e se jogou pela janela, gritei com todas as minhas forças como se isso pudesse voltar o tempo, me aproximei da janela, onde a pouco meu irmão estava e vi seu corpo contorcido, gritei chamando seu nome e ele não respondia. Desci correndo as escadas e afastei a pequena multidão que já se formava, sentei ao seu lado e coloquei sua cabeça em meu colo, seu rosto estava todo machucado, cheio de sangue, seu corpo moto desconjuntado, eu sabia o que aquilo significava

"Ícaro, acorda, ACORDA!! ACORDA ÍCARO!! NÃO ME DEIXA!! ALGUEM CHAMA UMA AMBULANCIA!!" Eu estava completamente desnorteada, eu sabia que ele estava morto, meu irmãozinho. Não demorou muito minha mãe apareceu com roupa de dormir, ao ver a cena eu corri a seu encontro e segurei seu corpo que despencou

"MEU FILHO, AQUELE NÃO PODE SER MEU FILHO!!"

"Mãe, entra e chama a Ágata, volta pra dentro"
"É O MEU BEBÊ? COMO VOCE QUE EU VOLTE PRA CASA? ME LARGA QUE EU QUERO VER MEU FILHO"
MÃE, VAI PRA DENTRO" ela me empurrou e se jogou em cima do corpo do meu irmão, implorando pra ele acordar, eu continuei sentada no chão chorando, até ouvir o carro a policia e a sirene de uma ambulância, um policial se aproximou da minha mãe e tentou puxa-la, ela se recusou a soltar o corpo

"Senhora, essa é a cena de um crime, a senhora precisa se afastar" disse o policial, reuni as forças que me restavam e me aproximei dele

"Não foi um crime, ele se matou"

"NUNCA, MEU FILHO NUNCA FARIA ISSO" minha mãe gritou

Passamos a noite nisso, minha irmã e sobrinhas chegaram e reagiram como minha mãe. Para minha surpresa Ariel ficou totalmente centrada, mesmo conhecendo o tio a pouco tempo ela já havia se apegado a ele, quando viu a cena, ele tirou a prima do local e a levou pra dentro, voltou e fez o mesmo com a tia e a avó, todas relutaram em sair de perto do corpo, mas minha querida filhas as convenceu a sair dali. Toda a família estava em casa, eu mandei retirarem o corpo, depois que tiraram ele do meio da rua eu voltei para casa junto com o policial, eu tive que segurar as lagrimas quando vi colocarem esse dentro do saco preto.

Dei meu testemunho na frente de toda a família, minha mãe continuava a negar a possibilidade.

"Geralmente em casos de suicídio as pessoas deixam cartas ou bilhetes explicando o motivo para tal atitude, será que podemos visitar o quarto que ele estava?" levei o policial até o quarto e ficou confirmado o que ele disse, na cabeceira da cama tinha uma carta, voltamos para sala, onde li para todos os presentes.

"Mãe, eu te amo, muito! Espero que um dia a senhora entenda meus motivos, de todas vocês, sei que a senhora vai demorar mais para acreditar, mas vai, eu espero que sim, acredite e entenda. Eu já não suportava mais.

Depois da morte do papai eu fiquei transtornado, guardei toda a minha dor e tentei seguir em frente, voltar a ter a família reunida foi muito bom, mas não fez diferença em nada, eu poderia suportara toda a tristeza que a morte dele me trouxe se não fosse por algo pior que me aconteceu. A poucos meses eu descobri que estou doente, tenho um tumor no cérebro, não tem mais cura, o tratamento é caro, nunca teríamos condições para pagar. As dores que sinto são excruciantes, eu tentei mesmo ficar em pé, aguentar até o casamento da Alicia, mas dói muito. Eu não serei um estorvo na vida de vocês e também não aguento mais essa dor.

Eu amo todas vocês, vocês são as mulheres da minha vida, Não fiquem tristes, agora eu estarei em paz.

Adeus,

Ícaro"

Espero que tenham gostado rsrsr 

Fim do Capitulo 38