Já havia alguns dias que eu vi Jefferson pela última vez, oque quer dizer que já havia alguns dias que eu transei pela última vez. Mas não eram tantos dias, será possível que um teste tão simples diga a uma mulher se está ou não grávida em tão pouco tempo? Tudo bem que eu ando enjoada e fui para a cama com ele mesmo sabendo que eu estava no meu período fértil, mas eu não acredito que eu estivesse grávida, mesmo assim, ali estava eu com o teste de farmácia nas mãos. Eu estava fazendo mesmo sabendo que eu não estava grávida, eu tinha certeza, mesmo assim não custava confirmar isso para uma Mayra ansiosa e "sabichona".
Depois de fazer o teste, deixei-o sobre a pia enquanto tomava um banho e me vestia para o jantar. Eu não tive coragem de olhá-lo. Talvez quando eu fosse dormir... Só aí eu iria dar uma espiada e mandaria por mensagem para Mayra para que acabasse de uma vez suas suspeitas.
O jantar passou devagar e agradável. Soraya se mostrou uma ótima pessoa e todos eram dentes e risos. Mayra me ligou umas duas vezes e mandou umas cinco mensagens. Eu já estava tendo cabelos brancos de tanta ansiedade, então decidi acabar logo com isso. Depois de presentes e mais presentes, abraços e muitos 'Feliz aniversário', eu disse boa noite e subi para o quarto. Tirei minha roupa sem pressa alguma e substitui por um pijama. Prendi os cabelos em um coque e respirei fundo antes de entrar no banheiro. Fiquei andando pra lá e pra cá com o teste na mão sem de fato olhá-lo e, quando já não aguentava mais, ali estava o resultado diante dos meus olhos marejados. O resultado que me fez cair de bunda na privada e chorar até minhas vistas queimarem.


Jefferson

Cada dia e minuto era como um inferno que caiu sobre a terra. Todos os dias de aula me deixava doente e todas as noites a bebida me fazia me sentir mais lixo do que eu já era. Eu briguei com dois caras em um bar na esquina, quebrei quase todos os meus móveis, discuti com o diretor Willian, ameacei um aluno da sala doze e fui até a casa de Alicia sem de fato bater na porta. Eu precisava falar com ela. Eu precisava ouvir sua voz, ouvir a melodia de suas risadas... Isso estava me matando. Naquele dia, nosso último dia eu tive a esperança de que ela mudaria de ideia. Eu pensei que ela pediria para ficar ao meu lado e nós dois íamos passar por tudo, juntos, sempre juntos. Mas quando ela me mandou embora... Foi o inferno. Foi o começo de um mundo em que apenas eu vivesse. Não chegou nem perto da dor que eu senti quando a Fátima me denunciou. Foi mil vezes pior. Ardeu, queimou... Doeu de verdade.
Naquele momento eu estava em casa e, assim que a campainha tocou, não pensei duas vezes antes de correr e atender. Poderia ser ela querendo outra vez nós dois juntos e confesso que aquilo havia feito meu coração ter uma mínima esperança. Mas tudo voltou a merda quando vi Fátima parada me olhando com um sorriso vermelho nos lábios. Ainda assim o buraco no meu peito cresceu. Elas eram tão parecidas...
-Oi, Jefferson. -Falou e deixei a porta aberta, voltando para o sofá. Eu nem deveria ter saído de lá.
Ouvi a pprta se fechar e servi dois copos com tequila. -Você não tem que estar na escola? -Perguntou enquanto se sentava na minha frente com as pernas parcialmente abertas.
-Hoje eu estou doente. -Murmurei e virei o liquido ardente na garganta.
-Estou vendo...
Respirei fundo a ignorando o máximo possível até que ela se tocasse e fosse embora, mas ao invés disso, ela se sentou do meu lado e jogou os braços no meu pescoço.
-Eu posso curar você. -Sua voz era melosa e 'sedutora'. Eu não queria ela, eu queira a Alicia e isso fez meu estômago revirar.
-Hoje eu não estou com saco, Fátima. -Afastei seus lábios do meu pescoço e tirei suas mãos de mim -Vai embora.
Como a teimosa insistente que ela era, ela ignorou meu pedido e se sentou no meu colo, com uma perna de cada lado.
-Apenas hoje eu posso ser quem você quiser. -Sussurrou no meu ouvido e eu estremeci. Apertei os olhos e quando os abri, toda a atmosfera mudou. Não era a Fátima preguenta e enjoada, era a Alicia. A minha luz. Ela estava linda e sorria para mim. Caramba! Ela está aqui.
-Eu sinto sua falta. -Falou e beijou o lóbulo da minha orelha. Gemi e a apertei contra mim.
-Eu também sinto muito a sua falta... Até dói -Ela se afastou rapidamente e me olhou. Porra, Jefferson! Essa era a Fátima que eu não queria ver. Me levantei no impulso e a segurei pelo braço. Esse não era eu.
-Sai daqui! -Gritei e abri a porta.
-Mas você disse que sente a minha falta.
-Não, -Eu a joguei para fora e apertei a maçaneta -Não era com você. -Bati a porta e voltei para o sofá. Onde estava a regra de que homem não pode chorar? Foda-se eu estava em mares. Não era a toa. Era pela Alicia, a única garota que me fez sentir um grande filho da puta em menos de dois minutos e aceitar em menos de segundo. Porra, eu estava apaixonado por ela, o que eu poderia fazer além de quebrar a cara de uns rapazes e todos os meus móveis?
Escutei Fátima me xingar por alguns minutos até que não ouvi mais nada. A última coisa que me lembro, é quebrar a mesinha da sala e ir para o quarto, depois disso acho que entrei em estado de coma profundo.

Alicia
Parte VIII
Acordei com o despertador gritando pra mim. Me levantei, tomei banho, me vesti, escovei meus cabelos e fiz uma maquiagem que tampasse um pouco o que dizia: 'O que foi? Minha cara assim porque eu chorei feito uma pamonha até eu cair no sono'. Na verdade, eu estava me sentindo um grande saco de lixo, mas eu teria que mudar tudo e fazer com que tudo ficasse diferente. Primeiro eu conversaria com meu pai, Soraya e meus tios sobre eu estar empolgada para me mudar e precisar disso. Depois eu iria até a escola avisar o diretor Willian. Depois e voltaria para casa e permaneceria no quarto até o final de.semana, que seria o dia da minha mudança para a cidade do meu pai. Tudo era questão de tempo...

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora