-Amanhã terá um cartaz colado na parede do lado de fora da sala. -Falou e me olhou de cima a baixo.

Me senti pequena diante sua luxúria e beleza. Ela olhou em volta antes de se voltar para mim e suspirou.

-Você conhece o Jefferson fora da escola? -Perguntou e eu quase engasguei com a minha saliva.

-Eu o conheço como outro aluno qualqier. Porque a pergunta? -Me embolei um pouco com as palavras.

-Só estava curiosa -Deu de ombros -Sabe, Alicia, -Houve uma breve pausa para citar meu nome e quando ela o fez, tinha desdém e mais sarcasmo na voz -Ninguém cruza o meu caminho sem se dar mal. Eu gostei de você, é um concelho de amiga.

Eu não tinha gostado nem um pouco dela. Talvez desde que a vi. Ela era bonita e parecia inteligente, mas era apenas isso. Fátima tinha um olhar perdido, faltava brilho nos olhos. Talvez fosse amargura... E eu, por mais que fosse um peixe pequeno naquela escola ou em toda a cidade, não gostaria de ser humilhada ou ameaçada por ela. Por isso eu sorri por perceber que aquele comportamento era apenas ciúmes.

-Então aí vai outro concelho, amiga -Me endireitei e olhei no fundo de seus olhos azuis. Não faz mal botar lenha na fogueira, faz? -Eu não me preocupo com concorrência, até gosto disso. O que é meu, é meu e eu luto por isso. Espero que não tenha problemas em lhe dar com essa situação.

Eu não acreditava em absolutamente nada do que havia dito. Mas ela não precisava saber.

-Isso não foi um concelho. -Disse, cética.

-Tem razão. -Dei de ombros -Entenda mais como um aviso. Não se deixe enganar pelo meu rosto de boa moça.

Sem esperar mais, me virei para sair, mas ela segurou o meu braço com suas unhas vermelhas e me fez voltar.

-Não cruza o meu caminho, garota, ou vai se arrepender! -Indagou e eu gostei por agora ela ser mais direta.

-Oh, eu por acaso pisei no seu calo? -Deixei todo sarcasmo e ironia transportar de mim e me soltei de seu aperto.

Quando saí, soltei toda a minha respiração que eu nem tinha percebido que estava prendendo. Meu Deus! O que diabos foi que eu fiz? Eu só esperava não ter me metido em coisas grandes. Se com caminho ela quis dizer meu professor, eu nem precisava me esforçar, aliás, ela é uma mulher adulta e linda. Eu era apenas uma aluna que como todos já sabiam, nerd.

...

Quando eu voltei para a sala, quase meia hora depois das farpas que havia trocado com Fátima, Jefferson manteve a aula normalmente e nem se quer me olhou. Por um lado foi bom, assim eu não me sentiria envergonhada e nem distraída. Por outro lado foi terrível. Jefferson devia estar com furioso, como sempre. Eu me intrometi em uma discussão e desobedecido a uma ordem direta dele quando mandou que eu voltasse pra sala. Pelo menos ele não me expulsou para fora da sala quando voltei...

Quando a aula terminou, foi fácil me livrar de Mayra. Ela tinha um compromisso e nem precisei me esforçar para dizer que eu iria embora sozinha. Já não havia mais nenhuma pessoa na sala além de mim e de Jefferson e, mesmo com medo de ele estar com raiva, me aproximei de sua mesa, uma vez que tinha guardado meus materiais e ele também.

-Mudou de ideia a respeito das aulas? -Tomei coragem para perguntar, mesmo temendo a resposta. Eu estava começando a me convencer de que não era o medo dos meus tios que me fazia estar tão desesperada assim por aulas particulares com o meu professor.

-Porque eu mudaria? -Ele deu de ombros e me senti vermelha. É, sua burra! Porque ele mudaria?

Engoli em seco e forcei um sorriso.

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora