14 - Elementais, artefatos e conjurações

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Sabia que precisava se concentrar para reaver a energia necessária para reconstituir o resto de seu corpo, e aquilo seria mais fácil se estivesse perto de um lago ou de qualquer outro lugar com muita concentração de água. Estava chocada com a rapidez com que ela mesma quebrara as regras. Um humano com quatro pactos, aquilo era terminantemente proibido.

O elemental de terra, ainda um tanto confuso, ajoelhou-se ao lado dela para ajudá-la. Mesmo com o auxílio dele, levaria horas até se recompor.

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Irene corria pelo caminho a uma velocidade absurda, em direção ao oásis dos ondinas. Perna de Magia permanecia apagado, mesmo depois de três dias. Ela não poderia se dar ao luxo de esperar mais, precisava seguir até o ponto de encontro o quanto antes. Sentia que seu tempo se esvaía rapidamente.

Vários flamines já haviam se dirigido para lá, dois dias antes, para uma reunião, causando surpresa nas duas mulheres que não sabiam de nada sobre aquela conferência. A Dragoa havia presenciado um daqueles encontros antes, há muito tempo, e normalmente os elementais o faziam para discutir algum assunto sério. Geralmente quando envolvia algo que dizia respeito ao mundo todo. Agora entendia porque os irmãos de água haviam criado todo aquele plano mirabolante com Gerson para trazê-la de volta. Ele havia dito qualquer coisa sobre os Antigos... Talvez devesse ter dispensado uma maior atenção. Mas assuntos relacionados à sua antiga comunidade de elementais não lhe interessavam mais.

Quando os flamines começaram a abandonar a floresta em fila indiana, foram forçados a explicar à Irene e Ren o que estava havendo. Foi assim que elas ficaram sabendo do evento.

Contudo, não fora fácil para Irene deixar a Floresta Flamejante. Um de seus ouvidos ainda estava surdo. Era nisso que dava discutir com uma espertinha que controlava os sons e não tinha um pingo de paciência. O clima entre elas não havia permanecido dos melhores desde que o irmão fora posto para dormir, e ela tivera que explicar toda a sua conversa prévia com Ícarus. Desta vez, para evitar problemas maiores, abriu o jogo de verdade. Contou quem era Elias e qual sua relação com ele. Também revelou que, aparentemente, o Omag possuía interesse nela, Ira dos Sons, e em Perna de Magia. É claro que Ren ficou extremamente insatisfeita com a falta de informações concretas sobre este assunto e mais desconfiada do que nunca em relação às intenções da própria Irene.

Por algum motivo que a Dragoa não entendia, Elias tinha feito um pacto com Ícarus. Não fazia sentido, porque seu antigo mestre possuía muito mais poder do que quatro elementais reunidos.

Ícarus lhe deu certeza de que Elias estaria no evento dos elementais, porque ele mesmo havia revelado a localização e a data do acontecimento. Quando Irene perguntou por que ele tinha feito aquilo, o elemental apenas deu de ombros com um sorriso enviesado, e disse que gostava de ver o circo pegando fogo.

— Nada mais apropriado para um flamine, não corcorda? — Havia arrematado.

Ele também revelara que Elias já possuía um pacto com um silfo. A mulher pensou em perguntar por que, sabendo disso, ainda assim Ícarus aceitou firmar o pacto. Mas seria perda de tempo, dada a instabilidade daquele elemental.

A Dragoa das Águas precisava interpelar Elias o mais rápido possível, e sabia que o momento estava chegando. Tentara contato através do auditus, mas sem sucesso. O que ele pensava em fazer com os artefatos elementais? De que forma os irmãos estavam ligados ao que ele pretendia? E o que ele pretendia, afinal?

Notou como havia sido descuidada ao tratar com ele da primeira vez. Só o fato de estar fora da Guilda era absurdo o suficiente. Elias nunca deixava a Guilda. Se fizera isso, era porque tratava-se de algo grande. Deveria ter sido mais incisiva nos questionamentos.

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