Parte III

Parei o carro de frente a um apartamento pequeno e desajeitado que eu conhecia um pouco. Eu estava ali por um motivo e pretendia não sair sem antes fazer um grande estrago. Saltei do carro sem nem mesmo trancar e andei, quase que correndo, para o portão com o cadeado aberto. Já parecia que Jonathan estava me esperando para deixá-lo a mercê de mim... Subi os poucos degraus que distanciava a rua da porta do apartamento e bati inúmeras vezes até escutar a voz arrastada de uma mulher dizendo que já estava vindo. Quando a porta se abriu, vi uma garota com cabelos cor de mel, olhos esverdeados e vários brincos na orelha esquerda. Ela estava com um boné preto virado para trás e três cordões de prata envolta do pescoço, reconheci a garota como da sala de Silvia. Pelo amor, será que agora só existem essas duas salas na escola!?
-Alicia...? -A garota parecia me conhecer muito bem e eu estava a ponto de explodir como uma bomba nas mãos de alguém. Ela segurou firme a porta com seus dedos cheios de anéis como se quisesse impedir que eu entrasse. Eu gargalhei interiormente; Como se aquilo fosse impedir que eu entrasse. -Han... O que você quer? -Ela arqueeou uma sobrancelha bem feita e tomou uma postura que, para ela, era intimidadora, mas para mim naquele estado não fazia nem cócegas.
-O que eu iria querer vindo aqui? -Ironizei -Vim ver meu parceiro de cama.
-Ele não está. -Ela trocou o peso da perna para a outra e jogou os cabelos impecáveis para fora do ombro.
Revirei os olhos e exalei profundamente. Controla-se, Alicia...
-Jonathan, querido... -Chamei e olhei por sobre o ombro da garota que eu não me recordava o nome.
-Eu já disse que ele não...
-Me polpe, garota R.a.p -Eu disse e empurrei a porta com tanta força, que temi por um momento ter quebrado alguns ossos da mão da garota. Mas vi que não havia causado dano nenhum, quando ela se endireitou e partiu para cima de mim, mas antes Jonathan apareceu e a impediu de fazer sabe lá Deus o que, que ela tentaria... -Oh, achei que ele não estava. -Brinquei e ela pareceu soltar faíscas. Apenas com um olhar que Jonathan dirigiu a ela, a garota se encolheu e foi para os fundos da casa.
-Oque você quer? -Perguntou ele, como se não tivesse feito nada.
-Primeiro, -Comecei a dizer e, assim que parei, com toda a força de vontade que encontrei escondida em algum canto dentro de mim, eu dei uma joelhada naquilo que ele chamava de 'bolas' e continuei: -Isso é por você ter me levado para a cama sem a minha total consciência. -Observei orgulhosamente ele se contorcer no chão e as veias do seu pescoço inflarem. Isso não era o bastante para mim, então acertei um belo chute na lateral do seu estômago e quase sorri por ele ter ficado sem ar. -E isso é por você não saber calar a boca quando peço para que nós ficamos em segredo. - Abaixei e coloquei seu rosto entre as minhas mãos, obrigando-o a me olhar. -Eu nunca ficaria com um merda feito você se estivesse em minha plena consciência... E se você abrir a boca para falar de mim para qualquer que seja a porra de pessoa nessa porra de planeta, eu esmago o seu saco e tiro toda a chance que um homem tem na vida de ter filhos, de você. -Com isso, me levantei e comecei a sair, mas parei quando ouvi a garota:
-Sua vadia! -Gritou ela e quase me assustei com isso. Seus olhos estavam marejados e ela olhava de Jonathan caído no chão, para eu parada na porta. -Você é uma vagabunda! -Ela disse e eu me virei para encara-la.
-Ah, jura? -Sorri e estalei a língua. -E você é o que além de drogada e servida como pano de chão sujo por esse merda aí? -Balancei a cabeça e pisquei, -Claro, eu acho que você é tão vagabunda quanto eu, querida. -Só aí me virei e saí.

CORRI com o carro para outro lugar Em vez da minha casa, dirigi para o restaurante do Bob. Eu o conhecia desde criança e acho que poderíamos conversar um pouco só para eu, não digo esquecer, mas deixar pra lá um pouco todos esses problemas. Eu acho que seria uma boa ideia, já que a partir de quando eu voltasse para a escola, seria conhecida como "A mais nova vadia mercenária da cidade".

Me sentei no balcão e esperei uma mulher de meia idade, mas bonita e sexy pra caramba, se aproximar.
-Vai querer o que, docinho? -Perguntou.
-Han... Eu posso falar com o Bob?
Ela parou de mascar o chiclete que, na minha opinião era imaginário, e me olhou de rabo de olho, como se desconfiada.
-Não vai dizer que é uma das filhas que ele tem por aí, vai? -Eu sorri fraco e balancei a cabeça.
-Não. Sou filha de um grande amigo.
Ela assentiu e pediu que eu esperasse. Uns dois minutos depois, ela saiu de lá de dentro acompanhada de Bob. Eu o vi no momento como o meu pai. Na época em que todos nós morávamos aqui, me lembro que eram melhores amigos depois de meu tio Lukas.
-Alicia! -Ele disse e levantou a tábua do balcão, me pegando em outro abraço de urso. -Que bom que veio me visitar.
-Você pediu que eu aparecesse aqui. -Falei e dei de ombros quando ele me soltou. -Han... Tem um tempinho para um concelho?
Ele me puxou para o fundo do restaurante em uma salinha privada e, assim que fechou a porta, caí em baldes de lágrimas. Pra ele eu poderia contar coisas que eu não tinha coragem para contar ao meus tios... Lá vamos nós lembrar todos os detalhes dos últimos dias horríveis...
Depois de contar toda a história, incluindo a parte de Jonathan, sem detalhes, e o que eu tinha acabado de fazer, Bob me serviu um copo de água gelada e se sentou com os braços sobre o peito.
-Ele é um grande filho da puta! -Acusou, e me encolhi por seu tom de voz alto. -Desculpe, filha... HUM... Não, ele realmente é um grande filho da puta!
Enxuguei o nariz, sem nenhum tipo de sensibilidade, com as costas das mãos e virei o resto de água que sobrou no copo pela garganta. Ele estava certo. Jonathan era um grande filho da puta.
-Olha, você sabe que tem que encarar a escola, não é? -Balancei a cabeça. -Pelo que você me disse, ultimamente você anda fazendo muitas coisas erradas. Não se esqueça de que o que te diferencia das outras pessoas é a maturidade. Você pensa e não faz as coisas por impulso... Mas lembre-se que você está começando a agir assim. -Balancei a cabeça de novo e me endireitei.
-E em relação a ele? Sempre que eu o ver na escola... Ele...

-Não, não, querida. Não pense que você é fraca. Dentro de você existe muito mais força do que você pensa. -Ele parou e sorriu -O que você fez com ele, por exemplo. Isso foi muito melhor do que vários homens fizeram entre si. Você é forte, gatinha. Vai conseguir.
Assenti e agradeci por tudo. Ficamos um grande tempo ali conversando e ele foi útil demais. Ele me ajudou a tirar as escamas dos meus olhos e percebi que realmente estava seguindo o caminho errado. Ele deu exatamente o tipo de conselho que o meu pai daria.
-Obrigada, tio Bob. -Falei entre um abraço e outro. Eu o chamava de tio Bob nos meus tempos de criança e gostei de lembrá-los. Isso devia se repetir várias vezes... Era um momento lindo.

Parte IV
Depois que saí do restaurante, fiz o caminho de volta para a minha casa ouvindo um tipo de música Eletrônica. Eu parecia ter bebido litros, mas na verdade, meu espirito estava menos sobrecarregado. Conferi o relógio do carro e eram quase meia noite. Eu fiquei mais tempo do que imaginava no restaurante do Bob. Fiquei até mesmo depois de fechá-lo...
Meu tio me deu um mês sem sair de casa e isso incluía ir a casa de Mayra. Tive que ouvir muito sobre eu nunca ter precisado ficar de castigo e essa baboseira toda. Mesmo achando uma baboseira, ele não estava errado. Eu fiz uma coisa horrível e sim, contei sobre ter transado com um garoto da minha classe. Se eles achavam que eu era virgem, toda a máscara havia caído agora. Quando cheguei, Mayra não estava mais, só que eu liguei e a contei sobre o que aconteceu na casa de Jonathan, essa parte eu não contei aos meus tios, em vez disso, eu disse que tinha ido até o restaurante, uma vez que meu tio conhecia Bob muito bem e, se desconfiasse e fosse perguntá-lo, era a verdade, de todo o caso... Mayra me prometeu que estaria comigo até o fim e que, se de todo o caso começassem a apelidá-la de Vadia também, ela confessaria para Deus e o mundo que já fez sexo com dois caras de vez. Nessa parte fui obrigada a rir...
Amanhã seria o pior dia da minha vida, depois do dia que minha mãe nos abandonou, é claro.

Oi, gente. Então, eu avisei que esse capítulo seria uma sofrência, e foi, né? Então, o capítulo vai ser chatinho assim o próximo também, eu acho. Mas prometo que do capítulo doze em diante, a história vai dar um avanço danado de bom, ok? Ah, e obrigada pelos quase mil leitores até agora! Vocês são demais e, como toda escritora gulosa, espero que meu livro ganhe mais leitores. Indiquem para amigos e me ajudem a divulgar, ok? Amo vocês e não esqueçam comentários e estrelinhas, tá? Beijos e queijos ;)

Sr. ProfessorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora