Essa situação é sufocante

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Dias se passaram e as coisas continuavam as mesmas; nenhum advogado aceitava defender Thomas, mesmo que sua inocência fosse evidente em cada prova.

O consolo de Isadora era saber que, apesar de tudo, seu irmão sempre estaria ao seu lado, não importava o que acontecesse.

No trabalho as coisas iam bem, Gabriel começou a trabalhar como mecânico para um conhecido de Osvaldo, chefe de Isadora. Graças a ele, as coisas vinham dando certo pelo menos financeiramente. As visitas para Thomas eram restritas; Jorge culpava Isadora pela briga dos filhos e decidiu intervir usando sua influência para afetá-la.

Enquanto Isadora caminhava pelas ruas escuras e perigosas da cidade, pensando em por que tudo isso estava acontecendo com sua família, Lucas a seguia de longe, preocupado com sua segurança. Ele sabia que aquelas ruas não eram seguras, especialmente àquela hora da noite. O ambiente ao redor era sombrio, com pouca iluminação, e os sons de carros passando rapidamente causavam arrepios na espinha.

Lucas podia sentir a tensão no ar enquanto observava Isadora caminhar apressadamente pela calçada, segurando firme sua bolsa. Ele entendia o medo que ela sentia, pois também sentia a mesma sensação ao percorrer aquelas ruas desconhecidas e hostis.

Lucas não podia deixar de se preocupar. Nos corredores da faculdade, parecia que nada tinha mudado; as provocações e a implicância voltaram com toda intensidade. Isadora, apesar de não entender o motivo da mudança repentina, não se importava; ela queria ter a amizade de Lucas, mas com o comportamento dele não era possível. Ela não sabia que essa foi a forma que ele encontrou para protege-la da obsessão do irmão.

Por algum motivo, ela sabia que Lucas estava logo atrás dela; ele nunca parou para oferecer carona, sempre a acompanhando de longe. Esse simples gesto fazia com que o trajeto para casa ficasse menos assustador.

Ao se aproximar de Isadora no carro, a reação assustada dela era esperada.

— Isa...— ele a chama, e ela coloca a mão no peito, tentando acalmar o susto que levou.

— Você quer me matar do coração? Pois é isso que você vai fazer se continuar chegando em silêncio nessa rua escura.

— Desculpa, não foi minha intenção. Entra, te levo pra casa.

— Não quero, mas obrigada.— ela diz, lembrando das palavras dele perto dos colegas.

— Isa, é perigoso. Hoje é sexta, você sabe que tem algumas pessoas que saem para aproveitar o final de semana, e por aqui acontecem muitos acidentes.

Isadora olha para ele e enruga a testa.

— Ué, o que aconteceu com aquela marra toda de minutos atrás? Não tem medo que a filha de um ladrão te roube, como insinuou para seu amigo minutos atrás?

— Entra, para de marra, você sabe que nesse horário as coisas são perigosas por aqui.

— Prefiro ir a pé do que me envolver com essa sua família que é composta por psicopatas.

— Não tiro sua razão! Eu também me manteria distante deles se pudesse. Por isso, não vou insistir, mas vou estar bem aqui atrás de você.

Lucas fecha o vidro e para um pouco o carro, ela continua andando sem olhar para os lados.

Enquanto dirigia lentamente atrás de Isadora, Lucas sentia um misto de emoções dentro de si. O medo de que esse contato pudesse prejudicar a segurança dela e do pai, mas também sentia que era o certo a se fazer.

Quando faltavam duas quadras para ela chegar no bairro onde mora, Isadora avistou seu irmão vindo em sua direção apressadamente. Ela olhou para Lucas e agradeceu.

— Obrigada.— disse Isadora, encarando os olhos de Lucas.

Lucas apenas abaixou a cabeça em sinal de que tinha entendido e seguiu seu caminho. Gabriel, então, se aproximou e a abraçou.

— Ah, pequeno monstrinho, estava preocupado.— disse ele, apertando-a.— Aconteceu alguma coisa? Você demorou. Já estava indo atrás de você na faculdade.

— Está sim, só a professora que queria falar comigo. Nada sério.

— Pensei que Lucas tinha parado de te acompanhar.

— Ele está agindo estranho. Mas mesmo quando ele falta na aula, percebo que ao sair ele está lá para me acompanhar mesmo à distância.

— Não entendo o motivo disso.

— Eu entendo. Ele faz isso para evitar que Evan se aproxime de mim. Na faculdade, perto das outras pessoas, ele é um babaca idiota, mas eu sei que tudo isso é para não nos prejudicar.

— Essa situação é sufocante, Jorge nunca vai nos deixar em paz?

— Não sei, Gabe... Estou tão cansada de viver com medo.— Isadora sussurra e Gabriel a abraçou mais uma vez, demonstrando preocupação.— O nosso pai emagreceu tanto, você viu as marcas no corpo dele?

— Eu vi... Amanhã é o dia de visita. Vamos fazer as coisas que ele gosta, talvez assim anime ele mais um pouco.

— Combinado, então. Amanhã cedinho vamos fazer um bolo de chocolate bem gostoso.— Assim que chegam em casa, Isadora pesquisa sobre notícias de Henry, a inocência dele estava em todos os sites de fofocas .— Ele conseguiu limpar a sua imagem... ah... estou tão orgulhosa de você, amor.— Isadora sorri sentindo suas lágrimas rolar pelo rosto.

Gabriel, que estava no quarto, fazia o mesmo, olhava as notícias de seus melhores amigos. Estava muito difícil para Isadora, mas para Gabriel era pior. Henry e Arthur cresceram praticamente juntos com ele, a amizade deles ia muito além de só amizade, era uma relação de irmãos...

O dia amanheceu e Isadora já estava na cozinha; Gabriel tinha ido ao mercado comprar alguns produtos de higiene. Assim que tudo estava pronto, chamaram um Uber e foram para o presídio. Lá, todo o processo de revista foi feito minuciosamente pelos agentes da penitenciária.

Quando finalmente encontraram seu pai na sala de visitas, seu coração se encheu de emoção. Thomas abraçou fortemente os filhos, tentando não desabar na frente deles.

— Que saudade, pai.— Isadora diz, olhando nos olhos do pai.

— Esse mês se tornou uma eternidade sem ver vocês.— Thomas diz com a voz rouca pelo nó na garganta.

De frente para Thomas eles contaram um pouco do seu dia a dia, até que Isadora respirou fundo, segurou nas mãos do pai, para revelar o que ele não sabia.

— Pai... Eu sei que o senhor não aprova, mas passei no Enem e estou estudando para ser uma advogada.

— Sim, pai, ela tirou uma excelente nota, estou muito orgulhoso dela.

Thomas olhou para Isadora e não conseguiu desfazer a tristeza.

— Filha, você não precisa se sacrificar para me tirar daqui, seu sonho é estudar artes... Eu não quero ser um fardo em suas decisões.

— Pai, entenda, meu sonho é te ver livre. Tenho uma vida toda pela frente, nada me impede de estudar o que eu gosto. E também tenho que confessar que, de tanto estudar mais sobre as leis, comecei a gostar disso.

O Equívoco do CEO Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ