Ninguém entende, nem mesmo ela.

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Isadora acorda e vê o irmão sentado no chão desconfortável, com a cabeça encostada na cama. Ela sente-se triste por, mais uma vez, ter dado trabalho ao pai e ao irmão.

- Gabriel... - Ela fala baixinho, passando levemente a mão no rosto do irmão. - Irmão, acorda. Vem dormir na cama.

- Hã? - Ele fala um pouco assustado. Sentando rapidamente na cama, ele coça os olhos tentando se conectar. Seus olhos vão para Isadora, que sorri com gratidão para ele. - Você está bem?

- Estou... não está com dor nas costas?

- Não. - Ele mente, tentando não se esticar e reclamar perto dela.

- Mentiroso, só de você sentar eu ouvi uns quatro ossos estalando aí. - Ela brinca. - Se quiser, deitar aí mesmo, fica à vontade, vou fazer café.

Ela dá um beijo no rosto do irmão e desce. Gabriel deita na cama, sentindo seu corpo doer. Ele pega o celular e vê várias mensagens e ligações de Arthur, Rodrigo e Henry. Quando ele ia ligar para Henry, Rodrigo aparece na tela.

- O que foi? Por que esse desespero de vocês? Vocês estão bem? Aconteceu alguma coisa? - Gabriel pergunta, sem saber do que se tratava.

- Não conta para sua irmã da gravidez. Não existe gravidez, ontem Henry pressionou para levar a Alicia para o médico junto com os pais dela, e ela confessou que era mentira, que não chegou a fazer nada, que o Henry só dormiu. - Rodrigo fala rapidamente.

- Rapaz, que loucura. Como o Henry está?

- Ele ficou louco quando disse que havia te contado sobre o casamento. Sério, nunca o vi tão surtado.

- E com razão! Não tem ideia do que você com essa boca grande causou. Minha irmã ouviu nossa conversa e passou mal.

- Não consigo entender por que ela fica assim. Principalmente quando é referente ao Henry.

- Ninguém entende, nem mesmo ela. Vou falar com ela, talvez isso a deixe feliz.

- Cara, você não liga dela gostar do Henry? Ele é mais velho...

- Mais velho? Ele tem 4 anos de diferença, onde isso é ser velho? E que fossem 10 anos, os sentimentos são da minha irmã, o máximo que posso fazer é apoiá-la. Henry é um cara legal e sempre respeitou a minha irmã.

- Estava esquecendo, fiquei sabendo que Evan está no avião e está indo para sua casa.

- Sim, qual o problema nisso?

- Não deixa esse verme chegar perto da Isadora. Henry chegou a bater nele pelas coisas que teve coragem de falar sobre sua irmã.

- Que coisas? - Gabriel pergunta, sentindo o sangue ferver. - Fala Rodrigo. Que mania tem de começar a falar e fazer suspense.

- Cara... ele disse que tinha interesse nela quando ela tinha apenas 14 anos. E que faria qualquer coisa para tirar... você sabe... a virgindade da sua irmã! Foi algo tão grotesco que Henry enlouqueceu. Jamais imaginei que alguém tão próximo ffalariaalgo tão nogento.- Gabriel sentiu seu corpo tremer, seus olhos se fecharam fortemente, uma fúria desconhecida surgiu dentro dele. - Amigo, diga alguma coisa.

- Agora entendo por que minha irmã sempre se recusava a ficar com a gente quando Evan estava. Eu juro Rodrigo, se esse maldito aparecer na porta da minha casa, eu juro que mato ele.

- Só toma cuidado, você sabe que a família dele é aí do Brasil, o pai dele não é alguém que brinque em serviço.

- Que se dane, nunca soube quem é a família dele, que seja o presidente. É a minha irmã, porra!

Eles ficam conversando mais uns minutos. Rodrigo tenta acalmar o amigo a todo custo. Arthur e Henry nunca imaginaram que Evan teria coragem de ir à casa de Gabriel. Arthur disse que ia contar, mas no fim esqueceu por causa da preocupação e das falhas de memória por causa da bebida.

Minutos depois, eles desligam. Gabriel tenta se acalmar, ele liga para Evan, mas a ligação só cai na caixa postal. Até que vê o caderno da irmã e percebe o seu talento, folheando as páginas a raiva que o consumia ia diminuindo.

Isadora estuda artes, ela ama pintura e desenhar. Sem dúvidas nenhuma, ela começou a faculdade de artes, agora está no primeiro ano, já que teve que atrasar, pois a situação financeira da família estava complicada.

Adrian enviou o dinheiro para pagar todas as mensalidades, porém Thomas ficou ofendido e devolveu cada centavo. Thomas é sistemático e acredita que se ele receber dinheiro de alguém, quer dizer que ele fracassou ou que está recebendo ajuda para fazer o que é sua obrigação como pai.

Isadora coloca a água para ferver e encosta na pia, sem querer, seus pensamentos a traem sem parar. Ela nutriu tanto esse amor, que se sentiu imensamente traída por Henry. Contudo, no meio da noite, ela tomou uma decisão: de que não vai mais se importar com o que acontece com Henry. Não importa o quanto isso a machuque. Ele nunca disse o que sentia, nunca chegou a demonstrar real interesse, sem ser o carinho de irmão que ele sempre dizia ter. E agora se cansou de regar esse amor que de alguma forma só a deixa mal, literalmente falando.

Com o café pronto, ela coloca em uma bandeja algumas torradas, pão com manteiga, um bolo de chocolate que Gabriel havia feito, o café com leite como ele gosta e sobe. Chegando lá, ele estava deitado com os olhos fechados, ainda com as palavras de Rodrigo soando no seu ouvido.

- Irmão. - Ela chama e Gabriel abre os olhos, disfarçando o quanto está irritado. - Trouxe seu café.

- Hum, o que fiz para merecer café na cama? - ele provoca.

- Cuidou de mim, passou a noite sentado num chão duro mesmo sabendo que minha febre havia baixado. E isso nunca vou esquecer. Obrigada. - Ela diz um pouco emocionada, seus olhos se encontram com os do irmão. Gabriel dá um sorriso gentil e grato por ver a irmã bem.

- Vem cá, senta comigo. Tenho algo importante para dizer. - Ele diz, pegando o celular.

- Se for sobre Henry, eu não quero saber! - Ela diz sem encarar seus olhos.

- Isa...

- Eu tomei a minha decisão, Gabriel. Não quero falar dele, ou saber dele. Se insistir eu vou levantar e sair.

- Tudo bem. Se caso quiser saber, venha falar comigo que te conto.

- Obrigada por respeitar minha decisão.

- E seu celular, onde está?

- Acho que caiu no táxi. E, por azar, estava sem bateria.

- Vou começar a amarrar seu celular no pescoço. - Ele brinca, tirando sorrisos da irmã. - Depois eu compro outro pra você, pode ser?

- Obrigada, mas não precisa. Nosso dinheiro é contado e por agora não vai me fazer falta. Se eu precisar falar com alguém, você me empresta seu celular. - Ela diz, e ele concorda.

- Isa? - Gabriel a chama, olhando para o rosto da irmã.

- O que?

- Não te contei, mas Evan vem para o Brasil, digo já está no avião. - Ele fala, apertando as mãos em punho, analisando o olhar da Isadora que ao ouvir tais palavras, desvia o olhar.

- Sério? - ela fala, sentindo o coração pulsar. - Irmão, lembrei que essa semana é de provas e preciso ficar no campus com as meninas, posso?

- Sim! - Ele responde, apertando ainda mais as mãos. Até que ele segura uma das mãos da Isadora e a encara com preocupação. - Isa, vou te perguntar algo, mas quero que responda sem medo. Sempre estarei do seu lado e nunca vou duvidar da sua palavra. Ele já tentou ou... fez algo com você?

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