O Equívoco do CEO

Ele saiu acompanhado...

Os dias foram passando e as fotos que tirei com Adrian, foram um sucesso, com o trabalho na agência era inevitável cruzar o mesmo caminho que Lorenzo, e sem perceber nos aproximamos um pouco. Sabe, hoje posso dizer que a sua presença não me incomoda mais, apesar de que as lembranças nunca deixaram de me lembrar o que ele fez. Está sendo estranho admitir isso, pois há alguns meses atrás, eu seria capaz de ter dado minha vida por ele. Mas está ótimo assim. Entrei de cabeça em uma relação em que só eu me doava.

Aprendi uma coisa com minha relação com Lorenzo, que em um relacionamento, não podemos nos contentar com pouco, a observar os detalhes que com aquela vontade de dar certo, ignoramos e deixamos para lá. No fim quem sai machucada somos nós mesmas. Sempre fui intensa demais, amei demais e, quando algo sai errado, sofro numa proporção absurda.

Com a aproximação percebi que Lorenzo está um pouco mais calmo, não fica trocando farpas com Adrian. Pelo contrário, eles se uniram...

Minha aproximação com Adrian está sendo algo surreal, ele sempre demonstra suas intenções. Eu gosto disso, gosto mesmo dessa atenção, desse carinho. Mas você já desejou se encontrar e se amar primeiro, antes de conseguir confiar em alguém? Então, minha confiança foi quebrada e, mesmo sabendo que Adrian jamais faria algo para me machucar, fico com receio de dar um passo a frente e mais uma vez me decepcionar.

Nós nos damos tão bem que às vezes me pego olhando nos seus olhos querendo me enxergar dentro dele. E o engraçado, ou até assustador, é que eu consigo. Eu consigo sentir o que ele sente por mim. Talvez eu esteja perdendo tempo esperando por um sinal divino, talvez esse sinal que tanto busco já passou diante dos meus olhos e eu estava ocupada demais negando para mim mesma, o que sinto por ele.

As dúvidas muitas vezes nos cegam para algo que está bem na nossa frente. Ainda não sei como vou dizer a ele que quero ficar com ele, pelo menos para ver se o que sentimos é real. Estou me sentindo insegura e detesto esse sentimento. Não sou uma mulher frágil que fica se escondendo, muito menos indecisa do que quero. Eu sei o que quero ser bem mais que uma amiga dele, porém penso em tudo que aconteceu e retraio meus sentimentos, acabando afugentando no medo.

Com a nossa aproximação consigo observar de perto a personalidade de Adrian e Lorenzo. A diferença entre eles é gritante.

Lorenzo não tem medo de chegar em você, de te seduzir com aquele sorriso que um dia foi minha perdição. Mas no amor, bom... eu não sei explicar, pois, quando achei que era amada, levei um banho de água fria, um banho não, uma enxurrada.

Adrian, por sua vez, é calmo. Ele dá as suas indiretas, mas não fica insistindo. Ele te conquista de um jeito calmo, mais acanhado, demonstra que gosta de você com os seus cuidados, sua atenção e atitudes. O que me conquistou nele é essa segurança, como se ao seu lado o mundo podusse estar desabando e ele virá sempre para me proteger. O respeito que ele tem comigo nenhum homem até hoje teve.

Parece que estou dividida entre dois mundos, entre dois amores. Mas talvez eu devesse parar de comparar o que sinto pelo Adrian, com o que já aconteceu com Lorenzo, de pensar no que já vivemos juntos e achar que Adrian faria do mesmo jeito.

Talvez seja hora de dar uma chance para um amor mais calmo, mas seja como for, acho que o mais importante é saber que mereço ser amada e respeitada. E é isso que espero encontrar, seja com Lorenzo ou Adrian, ou até mesmo com alguém que ainda não conheci.

A vida é um constante jogo de incertezas, mas uma coisa é certa: mereço ser feliz. E talvez seja hora de me permitir seguir em frente e descobrir se o que Adrian sente por mim, é o mesmo que sinto por ele. Eu mereço isso, mereço a chance de amar e ser amada sem medo.

Meses depois...

Autora narrando

Luna está na agência em uma reunião com Adrian e Lorenzo, eles conversam sobre o desfile que Luna será a modelo e a representante da agência. Entre vários assuntos, Luna repara que Adrian está um pouco calado, coisa que é difícil se tratando dele, seus olhos não estão brilhando como antes.

Sem conseguir evitar a preocupação, ela segura em uma das mãos de Adrian que estavam em cima da mesa e pergunta.

— O que houve, Adrian? Está acontecendo alguma coisa?

Seus olhos se encontraram e mesmo ele querendo falar a verdade, falar que se sente mal por estar perto dela e não poder falar dos seus sentimentos, ele aperta de leve os dedos em torno dos dela e da um sorriso.

— Está tudo bem, não se preocupe.

— Não, não está tudo bem, acho que te conheço tempo suficiente para saber que você me esconde algo.— Luna fala virando de frente para ele. Adrian suspira pesadamente sem esconder a sua frustração.

— Tem certeza de que não sabe, ruiva?— Ele pergunta.

Luna encara seus olhos por uns minutos em silêncio, quando ela ia o questionar a secretária de Adrian o chamou. Ele se levanta rapidamente e deixa a sala com pressa, sem olhar para trás. Luna sentiu um aperto no peito ao ver a expressão cansada nos olhos dele, mas optou deixar a conversa para outra hora.

Depois que Adrian saiu, Luna aproveitou o momento para se despedir de Lorenzo. Apesar de estarem mais próximos, Luna não gosta muito de estar sozinha com ele, para ela não importa se já passou quase um ano do ocorrido, toda a vez que ela olha para ele os pensamentos daquela noite veem em sua mente com riqueza de detalhes, toda dor que ela sentiu estava ali cada vez que ela lembrava que por causa dele, ela perdeu seu filho. Enquanto se afastava, ela ouviu Lorenzo sussurar.

— Nossa, estou quebrado.

Luna olhou para ele e ficou intrigada, já que ele havia saído com Adrian ontem. Ela decidiu perguntar o que estava lhe tirando o sono.

— Você chegou tarde ontem? E o Adrian... chegou com você?

Lorenzo olhou para baixo por um momento, como se estivesse pensando antes de finalmente responder.

— Eu cheguei em casa por volta das quatro da madrugada. Mas Adrian... ele saiu acompanhado e não faço a mínima ideia de que horas chegou.— Disse Lorenzo sem pensar duas vezes.

— Acompanhado?— ela repete para si mesma.