Quanto desperdício de beleza...

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A senhora Noemi pediu para chegarmos mais cedo no salão. Uma das modelos não quis seguir com a proposta para as fotos, acredito que ela irá pedir para uma das meninas ser fotografada no lugar da modelo.

— Você está tão linda, Luna. — Taty fala, me encarando.

— Obrigada, mas ainda não entendo o porquê de tudo isso. Mal estou conseguindo andar com esse vestido arrastando no chão e esse salto dessa altura. — Fala, enrolando a cauda do vestido e levantando.

— Aguenta, Luninha. — Silvia fala, rindo.

Chegamos no salão principal e ficamos encantadas em como ele estava ainda mais lindo, o palco com uma iluminação levemente dourada com um fundo escuro, ficou muito bonito.

— Meninas, o que acharam? — Noemi pergunta, com expectativa.

— Incrível, senhora. Parabéns. — Kim responde, cumprimentando-a. — Bom meninas, tenho que entrar, o maquiador está me chamando.

— Arrasa, amiga. — Falo, dando apoio.

Kimberley está sempre apreensiva, temendo que algo possa dar errado. Em todos os lugares onde ela vai, há sempre aqueles indivíduos que tentam sabotá-la, enganando ou até mesmo danificando suas roupas. Chegou a acontecer uma vez de uma das modelos quebrar o salto do sapato de Kimberley. Felizmente, ela está sempre preparada para lidar com essas situações.

É frustrante pensar no motivo disso. Sempre há aqueles que são frustrados consigo mesmo e descontam seus fracassos prejudicando o sonho alheio.

Noemi me abraça carinhosamente. Hoje ela está mais feliz e mais animada. Seu sorriso está cada vez mais visível.

— Minha menina, como você está incrível. — Ela fala, me olhando nos olhos. — Sabia que ficaria incrível em você. Fiz ele especialmente para você.

— Muito obrigada, senhora. Realmente não estou acostumada com tanto luxo, mas sou muito grata por ter lembrado de mim. Só tenho a te agradecer por todo o cuidado e atenção que tem comigo. Se eu tivesse uma mãe, com toda certeza, queria que fosse assim, como a senhora.

— É um prazer cuidar de você, meu amor... — Noemi sorri gentilmente e aperta minha mão como se estivesse me dando força.

Abaixo a cabeça, pensando por que minha mãe não me quis. Será que fui rejeitada até mesmo pelo meu pai? Será que eles têm outros filhos? Bom, isso nunca vou saber.

Estes dias ando sentindo falta de ter uma família, alguém para me proteger, me ouvir, até mesmo sinto falta daquelas broncas que toda mãe dá. Apesar de ter procurado por eles, nunca descobri quem eram. Meu melhor amigo, Dênis, e eu até tentamos encontrar alguma pista da nossa família, mas nunca achamos nada. Sempre falei para ele que éramos irmãos, pois de todas as crianças do orfanato, nós éramos os únicos ruivos.

A senhora Noemi me levou para ver de perto as fotos. Fiquei encantada, pois é a primeira vez que vejo de perto cada troca de roupa, maquiagem e cenário. Ouço vozes alteradas e percebo que o fotógrafo está um pouco bravo.

— Já falei, não precisa arreganhar essa boca desse tamanho! Cristo me dai paciência, por que se der força não vai prestar. — Ele posiciona a modelo de costas e ela não fica do jeito que ele pede. — Por Deus, como é difícil! Eu peço uma coisa e você faz outra, mulher... colabora comigo.

— Eu decido o jeito que eu quero aparecer. — A modelo vira de frente e só agora percebo quem é.

— Eu deveria ter pensado em trabalhar com outra coisa. Oh mulherzinha carne de pescoço. — Ele fala e ela o desafia. — Jasmin, minha querida. Por favor, você pode ficar de pé, ali na frente da luz?

— Por favor digo eu. Eu não vou esconder meu rosto!

— Mas são as ordens do chefe, ele que quer as fotos assim.

— Já disse que não vou fazer! Que eu saiba você está sendo pago para me agradar, se eu reclamar de você para o Lorenzo... tenho certeza que não irá entrar nas portas dessa agência novamente. E sabendo a influência que tenho sobre ele, você não conseguirá um novo emprego tão cedo.

— Tinha que ser ela. — Resmungo.

Jasmin me olha e tenho a leve impressão de que ela estava querendo pular no meu pescoço. Ele tenta mais um pouco e senta frustrado.

— Desisto. — Ele fala. De repente ele se vira pra mim e fica me analisando. — Hum, quem é você?

— Sou Luna, secretária do senhor Lorenzo.

— Secretária? Que desperdício de beleza. Seu rosto é perfeito, olha esse cabelo. — Ele fala, soltando o meu cabelo. — Olha esse brilho, essa pele. É de um rosto desse que essa agência precisa!

Fico sem saber o que responder, ele fica me olhando como se estivesse planejando algo.

— Ei, fotógrafo de quinta! Eu sou a modelo principal aqui. — Jasmin fala alto. Ele revira os olhos e a encara.

— Às vezes não basta ser só bonita, tem que ter talento, carisma, Jasmin. E você melhor que ninguém sabe bem o porquê se tornou modelo, não é mesmo?

Ouço em silêncio e decido não continuar ali, me viro para sair do meio da confusão, pois estou vendo que vai ficar tenso. Conforme vou caminhando devagar olhando as outras modelos, seguro meu cabelo para tentar amarrar de novo.

— Poxa, demorei tanto para deixar ele com um penteado bonito.— Resmungo ao me olhar no espelho e ver que meus cachos estão desmanchando.

— Noemi, querida! — ouço gritos do fotógrafo. Todos nós olhamos para trás pela altura do grito. Não demora muito Noemi vem na minha direção.

— Luna, minha filha, você pode me quebrar um galho enorme?

— Claro, como posso ajudar, senhora?

— O doido do Júnior (fotógrafo) se irritou com a modelo, e gostaria de saber se você pode tirar as fotos no lugar dela.

— Oi? — Falo, sem acreditar. É brincadeira, né?

— Claro que não é brincadeira. — Ela ri. — Sempre vi em você um potencial enorme, mas infelizmente não depende só de mim. Diz que aceita, filha.

O Equívoco do CEO Where stories live. Discover now