Por favor se retire do meu escritório!

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Assim as semanas se passaram. Na agência Gustaman, todos os dias era um coice novo do Lorenzo. Ele sempre está me cercando, como se eu precisasse de babá. Já tentei falar inúmeras vezes com ele, tentar compreender do por que de tanta desconfiança comigo.

Esses dias estou me sentindo solitária, quero desabafar, porém tenho medo da reação da Kimberley. Falando nela, ela ainda não veio, mas sempre conversamos pelo celular, acredito que o único momento do dia que eu sorrio de verdade é quando falo com ela, minha amiga é leve, tem uma energia gostosa. Apesar de disfarçar, ela já percebeu que eu não estou bem.

Sabe quando sua mente tá pesada, seu corpo doi, e você já não sorri com frequência? Kim disse que não me reconhece mais, na verdade, nem eu estou me reconhecendo, estou com o psicológico tão fudido que realmente estou pensando em desistir do trabalho.

E olha só, logo eu que não desisto tão facil das coisas que eu quero, estou pensando em jogar tudo para o alto. Na agência o único momento que me sinto bem é quando fico com dona Noemi, ela sempre me chama para conversar e fala com orgulho da sua história. Ela é sem dúvida a mulher mais inteligente e carinhosa que eu já conheci aqui.

Fiz algumas amizades, todas elas dizem que não reconhece Lorenzo, talvez o problema dele seja comigo, talvez eu tenha dito algo que o ofendeu, não sei... se bem que ninguém tem o direito de maltratar alguém. Adoro quando vou limpar o Studio, as vezes vejo as modelos se arrumando para fotos, fico até hipnotizada com todo aquela correria delas, os ensaios, trocas rápidas de roupas, e mesmo assim elas estão lá, brilhando e dando o seu melhor.

Até pego alguns passos, Kimberley me ensinou a desfilar com perfeição, o salto sempre foi meu inimigo mortal, mas com determinação, hoje andar de salto é a mesma coisa que estar de tênis, apesar que não troco meus tênis por um salto, nem nunca.

Mais uma vez estou vendo as modelos ensaiando, fico por curtos minutos admirando o trabalho delas, meu olhos enchem de lágrimas, pois esse é um sonho que para mim, está longe de acontecer.

— O que faz aqui?— Saio dos meus devaneios quando ouço quase um grito de Lorenzo perto do meu ouvido.

Eu já não tô com saco para responder ele, ficar tendo que me explicar o que estou fazendo cada momento ou em cada canto desse lugar está esgotando a minha paciência, até a minha admiração por esse homem.

Apenas me retiro do local, e em seguida vou guardar os produtos que eu uso. Paro no corredor para arrumar o cinto da minha calça, com a correria do dia a dia, as escadas e o trabalho no bar, mal estou comendo, emagreci demais nos últimos meses, minhas olheiras estão evidentes, meu cabelo que era tão lindo até ele perdeu o brilho.

Termino de arrumar o fecho do cinto que tinha escapado, olho para o brilho do piso, realmente gosto de limpar, quando vou pegar o balde com água ele é abruptamente empurrado.

— Ops, foi sem querer!— Jasmin fala rindo. Fico encarando o chão que tinha acabado de limpar tentando o máximo me controlar para não socar esse balde na cabeça dela.

— O que está esperando? Limpa essa bagunça.— Lorenzo fala atrás de mim, sinto uma raiva fervilhar sobre minhas veias. Ele sai com a loira abraçado, fico uns segundos encarando sua costa.

— Babaca, idiota!— Respiro fundo, logo vem as meninas que fiz amizade correndo para me ajudar.

— Que filha da mãe, não suporto essa mulher.— Silvia fala pegando um pano seco e colocando no chão.

— O que está acontecendo com o patrão? Parece que ele está louco, nunca vi ele falar com tanta raiva com um funcionário.

Fico todo tempo em silêncio. Eu não estava nem raciocínando direito, termino de limpar o chão me despeço delas e vou embora, preciso encontrar outro emprego, já não aguento mais essa humilhação, um homem que se diz justo e respeitoso jamais trataria alguém assim.

O Equívoco do CEO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora