O equívoco

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Lorenzo:

Esses dias, observando a ruiva, estou até me sentindo mal por tratá-la tão mal. Ela mexe comigo de um certo jeito. Depois de Lana, passaram mais 4 secretárias e nenhuma ficou, não sei, mas nenhuma se encaixou direito na vaga.

Depois de meses, descobri que Luna não era a mulher que pensei; vi os currículos e confundi os nomes. Porém, vê-la rindo da minha mãe ainda me causa muita raiva.

Quando ela me ajudou a fechar o contrato com os empresários coreanos, foi muito significativo para mim. Confesso que estou exagerando no castigo, mas sinto que ainda não foi o suficiente; ela precisa aprender a respeitar as pessoas.

Estes dias, descobri que ela estava procurando um novo emprego. Claro que não vou deixá-la sair de baixo dos meus olhos, quero vê-la se arrastando. Depois, resolvo com minha consciência; seu castigo por rir da minha mãe está apenas começando.

O pior de tudo é que não consigo entender por que minha mãe gosta tanto dela. Até contei que ela estava junto com Dandara naquele dia. Minha mãe disse que estou ficando louco, pois em nenhum momento ela se sentiu ofendida por causa de Luna. Ela disse que a ruiva é uma menina doce, inteligente e humilde; mas seus atos não condizem com o que ela fala. Estou percebendo como ela me olha, e é com desprezo.

Estou no escritório quando chega uma notificação sobre uma das minhas modelos.

‘Notícia:

A modelo Kimberly sofreu ofensas preconceituosas em uma das lojas mais respeitadas do país. A modelo conhecida por Kim, juntamente com suas amigas, foram até a delegacia fazer a denúncia contra a outra cliente que estava lá. Liz, a dona da loja, está dando todo suporte à sua cliente e amiga.

— Maldita! — Bato minhas mãos na mesa com toda a raiva que estou sentindo.

Na foto estão Sílvia, Taty e Kimberly. Do outro lado da dona da loja está ela, Luna!

Eu sabia que não estava enganado. Se eu estava com a consciência pesada, já não estou mais. Vou mudar a minha tática; ela vai comer na minha mão e depois vai ver o que é humilhação perante o público. O que vou fazer com ela será sua ruína.

Luna:

Estou no meu quarto quando meu celular recebe várias notícias sobre o ocorrido na loja. Ia ignorar, mas vejo minha foto em alta resolução.

— Meu Deus, como isso aconteceu? — Falo ao me sentar, com o celular na mão, sem acreditar que, na foto, parece que sou eu quem cometeu aquele crime.

— Não veja as notícias. — Kim fala entrando no quarto correndo. — Você viu? — Ela me olha, e eu estou em choque. — Calma, amiga. Já estou ligando para os jornalistas. Fica calma, amiga, eu vou resolver.

Eu me sinto pequena, tremendo dos pés à cabeça. A única coisa que consigo fazer é me encolher e chorar desesperadamente. Minha foto em todos os jornais, como se eu fosse a vendedora, como se eu estivesse fazendo aquilo com Kim. Meu Deus, nunca pensei que passaria por isso.

— Isso é um pesadelo, e logo vou acordar!

— Calma, amiga. Nós sabemos que não era você.

— Como vou ter calma, Taty? Você viu o que escreveram, o ângulo das fotos. Como vou sair na rua? As pessoas vão olhar para mim e pensar que eu sou esse lixo! Deus, maldita hora em que eu vim para este lugar. Eu aceito ser acusada até de ladra, mas preconceituosa eu não vou aguentar. Eu juro que não vou!

— Calma, minha ruiva, eu vou resolver isso, prometo. — Kim fala me abraçando.

— Do que vai adiantar? A merda toda já foi lançada no ventilador. Vocês acham que uma nota sobre o erro do escritor vai resolver? As pessoas estão comentando, compartilhando... Olha este comentário, eles querem me linchar.

— A Kimberley vai te ajudar. A verdade vai vir à tona.

Meu celular estava tocando um milhão de vezes. Quando vejo na tela, é a dona Noemi. Atendo, com medo do que ela possa falar.

— Filha...

— Eu juro, senhora, eu juro que eu não fiz nada. Eu não fiz isso. — Falo, sentindo que meu coração vai saltar do peito a qualquer momento; minhas mãos estavam tremendo, quase não conseguindo segurar o celular.

Kimberley pega o celular da minha mão e coloca no viva-voz.

— Patroa, a Luna é minha amiga; ela não fez nada. Eu moro com ela, senhora Noemi; ela me defendeu.

— Eu sei que não, filha. Eu estou ligando por isso mesmo. Quando vi a notícia, liguei no jornal e fiquei sabendo que alguém pagou para essa nota ser lançada assim. — Ela fala com compreensão.

— Céus, quem tem interesse em me prejudicar?

— Olha, vem trabalhar, que eu vou cuidar disso. — Noemi fala, e eu desligo.

— Pronto, tem mais esta, vou ter que encarar o Lorenzo. Ele já me odeia, imagina agora. — Sussurro.

Chego no escritório com as meninas. Kimberley teve que pegar um voo para a França, porque ia desfilar. Assim que coloco os pés na agência, vejo olhares julgadores em cima de mim.

— Preconceituosa nojenta. — Uma das modelos fala.

Abaixo a cabeça e vou pegar o meu carrinho. Estou com um turbilhão de pensamentos; a única coisa que eu queria era minha cama, meu travesseiro, e ficar lá o resto da minha vida.

Estou distraída, com meus fones de ouvido, a música sempre me acalma, apesar de que hoje o dia está complicado, as pessoas que antes eram tão cuidadosos com o meu trabalho, agora passam jogando lixo no chão, já limpo. Estou me sentindo humilhada por algo que sei, que não fiz.

Quando estou terminando de limar as escadas... olha só, eu e as escadas, por Deus, elas me perseguem, ouço Lorenzo me chamar.

— Senhorita Luna, pode vir na minha sala, por favor?

Oxi, Lorenzo me pedindo por favor, lá vem bomba, eu posso sentir, sua voz esta calma demais, os seus olhos penetrantes me fazem sentir calafrios por todo meu corpo. Eu sei que vou ser demitida, eu posso sentir.

O Equívoco do CEO Where stories live. Discover now