Pedaços de nós dois

21 - Festejando

Bright

Win não estava certo de que deveríamos comparecer ao almoço na casa de Jimmy e Nancy por causa do meu pequeno episódio com a dor de cabeça no dia anterior, mas eu me sentia bem.

De alguma forma, me sentia melhor porque conseguia me lembrar.
Foi assustador e a dor que me atingiu junto com o flashback foi nauseante. Mas eu conseguia lembrar. Conseguia me lembrar como e porque toda a minha vida mudou, e isso foi, de alguma maneira fodida, reconfortante.

Mas agora eu podia ver a memória em minha mente e não havia mais dor nela.
Eu acordei pressionado contra Win e seu pau contra a bochecha da minha bunda. Era tão bom, aquele calor familiar na minha barriga, aquela sensação de aperto nas minhas bolas.
Meu corpo estava começando a gostar da ideia de fazer mais com Win, e minha mente também. Eu sabia que isso iria acontecer, era apenas uma questão de tempo. Na noite anterior, quando ele estava entre as minhas pernas e segurando meu pau contra o dele, era como fazer amor, e por um segundo fugaz, eu quis.
Ainda não. Mas logo.

"Bai, você está bem? Você ficou distraído por um minuto."

"Sim, desculpe. Só estava pensando."

"Sobre?"

"Eu não sei, coisas."

"Coisas agradáveis, suponho. Porque você estava sorrindo."

"Sim, eu estava pensando em você."

O rosto de Win se iluminou quando ele sorriu.
"Sério?"

"Claro." Cara, vê-lo sorrir assim... "Eu penso em você o tempo todo."

"Bons pensamentos, espero."

Ele olhou para mim de uma maneira que fez meu coração parecer grande demais para o meu peito.

"Sempre. Há trechos na minha cabeça que não sei se são verdadeiras lembranças ou partes de sonhos. Também não me lembro de nada que sonhei nos últimos cinco anos. Mas vejo trechos que considero reais."

"Quais seriam?"

"Você gritando ao telefone com um fornecedor desonesto por fazer um pedido. Você rindo de algo que Mike disse. Você saindo do banheiro nu. Você me fazendo café de manhã." Dei de ombros. "Mas, na verdade, o que importa não é o que vejo. É o que eu sinto. Quando você coloca os braços em volta de mim, ou se você pegava minha mão enquanto estávamos assistindo TV. Eu me sinto tão feliz aqui." Eu bati no meu esterno. "E não sei se estou me lembrando de algo que aconteceu ou de algo que sonhei, porque tenho certeza de que sentiria o mesmo. Segurar suas mãos de verdade ou segurar suas mãos em sonhos, tudo pareceria o mesmo para mim."

"Você ficaria feliz se sonhasse que eu segurava sua mão?"

"Muito."

"Parece real?"

"Sim. E as roupas que você estava usando parecem reais. Como camisetas que possuímos mesmo, e tenho certeza que se fosse coisa dos meus sonhos, você não usaria nenhuma roupa."

Ele riu disso, mas depois encontrou meus olhos.
"Parece que você está se lembrando muito mais do que imagina."

"Sim, talvez. Nada de concreto. Nada como ontem, quando me lembrei do acidente."

"Você quer falar sobre isso?'

Eu dei de ombros novamente.
"Na verdade não. Não há muito a dizer. Eu estava indo para um trabalho em Glendale, estava chovendo muito, e nossa música tocou no rádio."

"Eu nunca percebi que era nossa música." Win disse.

"É a nossa música, não oficialmente. Eu acho. Lembro de pensar, enquanto cantava, que realmente não tínhamos uma música, mas se tivéssemos, seria essa. Mas não me lembro porque pensei que era a nossa música."