17 - O quê eu faço com isso?

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Win

A doutora Chane deu as boas-vindas à nós em seu escritório.

"Como vocês dois estão?" Ela perguntou. "Bright, você parece ótimo!"

Ele se sentou em um dos dois assentos em frente à mesa dela. Eu peguei o
outro.

"Oh, obrigado."

"Sem scooter hoje?"

"Não, está na moda, mas eu pensei que seria melhor andar. Vou precisar de uma soneca quando chegar em casa, mas é bom não precisar dela o tempo todo."

Ela sorriu.
"E como foi sua semana? Você já teve outras lembranças ou outros avanços?"

"Memórias, sim. Flashes de algumas, lembranças completas de outras coisas."

"Isso é ótimo! Eram lembranças felizes?"

Ele olhou para mim e corou.
"Bem, sim. Íntimas."

"Oh." O sorriso dela se contorceu, divertido. "E como você se sentiu?"

"Hm..." Bright deu uma risada e pegou minha mão. "Amado. Me fez sentir amado. Mais do que isso, lembro como me senti. A lembrança não era... Vazia, como uma foto de coisas que eu não lembrava. Eu estava lá, lembro de estar lá, o que fizemos, como foi." Ele colocou a mão livre no coração. "Eu lembro."

"A correlação entre memória e emoção é muito forte." Disse Chane.
"Experimentar algo em primeira mão e lembrá-lo ajudam a fornecer uma conexão entre a memória e o eu, quem você é."

Bright assentiu.
"Eu tive outras lembranças, mas essa foi... Quero dizer, todas elas significam algo, mas esta significou mais."

"Por causa da conexão emocional." A Dra. Chane sorriu orgulhosa para Bright, depois voltou sua atenção para mim. "E você, Win, como foi sua semana?"

Apertei a mão de Bright.
"Tivemos alguns altos e baixos. Mais altos do que baixos, mas terminamos em alta."

"Quais foram os baixos?"

"Eu fui um idiota." Respondeu Bright.
Eu ri.

"Não, você não foi. Ele não foi." Falei a doutora Chane. "Ele estava cansado e sobrecarregado e um pouco assustado com o que tudo significava. Foi totalmente compreensível, e conversamos sobre isso até que ele se sentisse melhor."

Ela fez uma careta.
"Assustado? Bright, do que você estava com medo?"

Ele me deu outro olhar e seu aperto na minha mão foi de esmagar os ossos.

"Sexo. Eu não tinha pensado em sexo, não de verdade. Nem uma vez, desde o acidente. E quero dizer, como eu poderia não pensar sobre isso?" Ele fez uma careta. "Ser lembrado de que sexo era algo que eu fazia foi como me dizer que eu falava outra língua antes do acidente, só que não conseguia me lembrar. Toda a consciência disso se foi. Quero dizer, sabia que fazia, mas não havia pensado em fazer."

"A perda da libido não é incomum." Disse a médica gentilmente.

"Não é que eu não queira fazer sexo. Agora que me lembrei... Eu quero. Eu acho que quero. Deus, eu não sei." Bright encontrou meus olhos. "E Win foi muito bom nisso. Quero dizer, Win é bom em tudo. Mas ele foi paciente e me disse para não me preocupar com isso até que eu estivesse pronto e não houvesse pressa. Mas então eu me preocupei que houvesse algo errado comigo."

Ele olhou para a médica então. "Existe? Algo de errado comigo?"

"De jeito nenhum, Bright." Ela respondeu. "É muito comum."

"Eu quero tentar." Ele admitiu. "E meu corpo é como uma RC 390, mas meu cérebro é o freio de mão, sabe?" Bright fez uma careta. "Desculpe, uma RC 390 é rápida."

Pedaços de nós dois Where stories live. Discover now